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domingo, 7 de maio de 2017

Notas sobre a relação entre o trabalho do digitalizador e o trabalho do monge copista, quanto à natureza de seus respectivos trabalhos

1) Uma vez, uma bibliotecária me falou que digitalização é uma cópia do livro impresso. Como conhecimento é poder, tratei de aprender essa habilidade da melhor maneira possível.

2.1) Desde que aprendi a digitalizar livros, eu me tornei uma espécie de monge copista.

2.2) Tal como nos tempos antigos, converter um livro de papel para uma versão fotografada e digitalizada do mesmo é um trabalho de paciência. É como subir e descer uma montanha. Dependendo do projeto, eu posso passar anos digitalizando o mesmo projeto.

2.3) Como é um trabalho artesanal - e faço questão que seja assim, dado que este trabalho é nobre e edificante -, ele só pode ser mantido por meio de doações; o próprio fato de ser uma atividade difícil de ser feita, cujo cumprimento dela pede homens vocacionados, faz com que essa atividade não seja mantida de forma comercial, mas por meio de doações, pois eu dedico boa parte do meu tempo livre à digitalização, quando não estou escrevendo.

3.1) Minha família e os que estão interessados em estudar são os que mais ganham com o que faço.

3.2) Meu pai mesmo, quando falta luz aqui em casa, lê os livros que digitalizei - e são esses livros que lhe fazem companhia numa noite escura, enquanto as luzes não voltam.

3.3) Como os PDF que faço são pesquisáveis, isso ajuda muito quem é cego, pois o pdf pode ser lido em voz alta a partir da fotografia que faço, já que minha câmera pode ser usada para fotografar texto, pois tem OCR (Reconhecimento Óptico dos Caracteres).

4.1) Foram esses livros que digitalizei que fizeram com que meus pais se tornassem monarquistas. E tenho certeza de que eles vão continuar ajudando muita gente.

4.2) Acredito que um dia minha atividade de digitalizador será tão bem reconhecida quanto a atividade de escritor.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 7 de maio de 2017.

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