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sábado, 3 de maio de 2025

Por que o campeonato brasileiro é o mais competitivo do mundo

Quando alguém pergunta qual é o melhor time do Brasil, a resposta é sempre difícil. O Campeonato Brasileiro é, historicamente, muito equilibrado e altamente competitivo. A maior prova disso é que, antes da era dos pontos corridos, nenhuma final de campeonato se repetiu — um fato raro no futebol mundial. Isso mostra que o mérito esportivo no Brasil é amplamente distribuído, com diversos clubes tendo seu momento de protagonismo.

Flamengo: o único clube verdadeiramente nacional

Dentre todos os grandes clubes brasileiros, o Flamengo é o único que pode ser considerado nacional de fato. Onde quer que jogue, pelo menos 50% do estádio tende a apoiá-lo — e o mais curioso é que esses torcedores não são nativos do Rio de Janeiro, mas sim habitantes das próprias localidades onde o clube joga como visitante. Nenhum outro clube no Brasil tem esse alcance nacional tão consolidado — ao menos por enquanto.

Mesmo em São Paulo, o estado onde o Flamengo menos exerce influência, o clube ainda consegue reunir uma torcida significativa. Isso se deve, em grande parte, à migração nordestina, já que muitos dos migrantes são flamenguistas fervorosos, reforçando a presença do clube mesmo em seu território mais hostil.

Em tempos de crise da Seleção, o Flamengo representa o Brasil

Diante da atual crise técnica e institucional da Seleção Brasileira, o Flamengo frequentemente assume a responsabilidade de representar o país em competições internacionais — e o faz com excelência. Suas atuações na Libertadores e em torneios intercontinentais têm elevado o nome do futebol brasileiro no exterior, funcionando quase como uma “seleção paralela” de prestígio e competitividade.

A rivalidade com o Atlético Mineiro: um clássico nacional

Enquanto muitas rivalidades no Brasil foram forjadas nos campeonatos estaduais, a rivalidade entre Flamengo e Atlético Mineiro se construiu em nível nacional e continental, especialmente durante a era de ouro do futebol brasileiro: os anos 80. Foi uma época marcada pela genialidade e pela arte, com o auge na Copa do Mundo de 1982.

Essa rivalidade pode ser comparada ao que era Lakers versus Celtics na NBA. Apesar de o Atlético Mineiro ter bem menos títulos nacionais que o Flamengo, os confrontos entre os dois clubes sempre carregaram peso histórico, técnico e emocional, tornando esse duelo uma das joias da memória esportiva do país.

O Brasileirão: um campeonato com peso europeu

Sem desmerecer os clubes da Europa, é importante dizer: ser campeão nacional na Espanha ou na Itália é como ser campeão estadual em São Paulo ou no Rio de Janeiro. O verdadeiro peso desses clubes está na UEFA Champions League. No Brasil, o campeonato nacional por si só já tem o peso de uma liga europeia, pois os clubes ainda competem continental e mundialmente em alto nível. É outro patamar — só falta ter os recursos financeiros que os europeus têm, pois é, sem dúvida, muito mais difícil ser grande no Brasil do que na Espanha ou na Itália.

A liga dos técnicos europeus e o legado de Jorge Jesus

Devido à complexidade do Brasileirão, muitos treinadores europeus que eram contestados em seu continente vêm ao Brasil e se consagram. Aqui, eles enfrentam um ambiente mais desafiador, o que lhes confere status de técnicos respeitados. É por isso que o Campeonato Brasileiro está se tornando a “liga dos treinadores europeus”, enquanto a Champions League se consolida como a “liga dos jogadores”.

Jorge Jesus foi o ponto de inflexão. Primeiro técnico europeu a vencer a Libertadores, ele abriu caminho para uma geração de treinadores portugueses e estrangeiros que enxergam o Brasil como terra fértil para crescimento e consagração. O sucesso de Jesus provou que, mesmo em um ambiente caótico e instável como o futebol brasileiro, há espaço para metodologia, inteligência tática e resultado internacional.

A nova vitrine para talentos africanos

Esse movimento de valorização não se restringe aos técnicos. O Brasil começa a se tornar uma opção estratégica para jogadores africanos, especialmente os de países lusófonos como Angola, Moçambique e Guiné-Bissau. Jogar no Brasil pode ser mais vantajoso do que se transferir diretamente para a Europa.

Para os angolanos, o idioma facilita a adaptação e a imigração, e o ambiente competitivo do futebol brasileiro representa a grande chance de suas carreiras. Se esses atletas se destacam no cenário brasileiro, chegam à Europa com status de estrela, fortalecendo, ao mesmo tempo, suas seleções nacionais com prestígio e experiência de alto nível.

A maior prova disso é o crescente interesse das TVs africanas em transmitir o Campeonato Brasileiro. Angola foi o primeiro mercado, dada sua relação linguística e histórica com o Brasil. O futebol nacional, assim, começa a se internacionalizar também pelo continente africano, ampliando seu prestígio e seu público.

O Brasil também atrai jogadores europeus em busca de consagração

O Brasil já começa a atrair jogadores europeus de segundo escalão, especialmente aqueles que não conseguem se firmar nos grandes centros do futebol europeu. Muitos deles veem no país uma chance de reconstruir suas carreiras, mirando no exemplo de Dejan Petkovic, o meia sérvio que se consagrou no futebol brasileiro após passagem discreta pela Europa.

Esses jogadores escolhem o Brasil não apenas pelos contratos, mas pela possibilidade de viver o futebol em sua forma mais intensa, apaixonada e desafiadora. Aqui, eles podem se transformar em ídolos, algo muito difícil em outros mercados saturados da Europa.

Da contagem de prazo para a expiração dos direitos autorais das transmissões televisivas de jogos esportivos, para fins de publicação no Youtube

Dettmann: 

1) Se eu pudesse voltar no tempo até os anos 80, eu comprava um vídeocassete e gravava os vídeos das partidas de futebol americano que eram transmitidas pela Band no Brasil. Eu guardaria essas fitas a sete chaves - quando fosse criado um software, já nos anos 2000, que permitisse converter vídeos em fita cassete para o Youtube, eu converteria todas as fitas do meu acervo em vídeo, a ponto de ficarem guardadas num HD externo

2) Como fui eu que gravei o vídeo a partir do vídeocassete, eu posso publicar o vídeo, mas depois de expirado o direito de autoral da transmissão televisiva. Nos termos da lei brasileira, esses direitos duram quanto tempo?

Chat GPT:

No Brasil, os direitos autorais das transmissões televisivas de eventos esportivos como partidas de futebol americano são protegidos por direitos conexos ao direito autoral, que pertencem aos produtores da obra audiovisual e às emissoras de televisão.

Prazo de proteção segundo a Lei de Direitos Autorais (Lei nº 9.610/1998):

  • Direitos autorais e conexos: duram 70 anos contados a partir de 1º de janeiro do ano seguinte ao da primeira divulgação da obra, ou da fixação, se não tiver havido divulgação.

  • Para emissões de radiodifusão (como as transmissões da TV Band), isso se aplica como direito conexo. Portanto, os direitos da emissora sobre a gravação da transmissão duram 70 anos após a transmissão original.

Exemplo prático:

Se a Band transmitiu um jogo em 1986, os direitos da emissora sobre essa gravação só expirariam em 1º de janeiro de 2057.

Observações:

  • Mesmo que você tenha gravado pessoalmente a transmissão, os direitos da emissora sobre a obra original se mantêm.

  • Você só poderia publicar no YouTube sem violar direitos se:

    • Obter autorização da detentora dos direitos (ex: a Band).

    • Ou se os direitos tiverem expirado (70 anos após a transmissão).

    • Ou se for comprovadamente uso permitido por exceção legal, como uso educativo ou crítica, o que exige cuidados e não cobre uploads integrais.

sexta-feira, 2 de maio de 2025

Do potencial colocar um eSim americano num computador

 Dettmann: Tem como um computador operar um sim card virtual no lugar de um celular?

Chat GPT:

Quando é possível?

  1. Computador com suporte a eSIM
    Alguns notebooks modernos (especialmente da linha empresarial, como alguns modelos da Microsoft Surface, Lenovo ThinkPad, HP EliteBook, etc.) já vêm com modem LTE/5G embutido e suporte a eSIM. Nesse caso, o computador pode:

    • Ativar um plano de dados móveis via eSIM.

    • Operar como um celular para acesso à internet (via chip virtual).

    • Em certos casos, usar aplicativos para enviar/receber mensagens e chamadas, se o plano e a operadora permitirem.

  2. Dispositivos ou dongles LTE com eSIM
    Também existem dispositivos USB ou mini-PCIe que funcionam como modem LTE com suporte a eSIM. Com o driver e software adequados, seu PC pode usar o chip virtual para se conectar à rede.

🚫 Quando não é possível?

  • Se o computador não tem modem LTE/5G embutido, nem suporte nativo a eSIM, não dá para usar um SIM virtual diretamente.

  • Em PCs comuns (como desktops ou notebooks sem esse hardware), você precisa de um dispositivo externo, como:

    • Um celular roteando a conexão (hotspot).

    • Um modem USB com suporte a eSIM.

⚠️ Observações:

  • O uso de eSIM depende da operadora e da região.

  • Para fazer chamadas/SMS, além do plano de dados, seria preciso software adicional, como softphones (VoIP) ou integrações específicas com a operadora.

Dettmann: 

1) Como teria dificuldade de garantir a cobertura da minha saúde por 120 dias nos EUA, eu terei que ficar necessariamente no Brasil. 

2) Como não quero usar VPN, já que isso tira a monetização do Honeygain, eu usarei um sim card virtual americano com DDD de Delaware, de modo que possa usar no computador - assim, posso usar os dados do esim no computador e jogar os jogos da Geforce Now americana estando no Brasil como se estivesse na América, viabilizando a assim a monetização do Honeygain. 

3) Como os jogos que costumo jogar são todos de estratégia, eles não pedem um tempo de resposta muito alto de minha parte, já que geograficamente eu estou no Brasil - e neste ponto, o determinismo geográfico influi na minha performance em jogos de ação ou que sejam altamente competitivos.

Chat GPT:

Sua estratégia é tecnicamente viável e bem fundamentada — você está combinando:

  1. Um eSIM americano com DDD de Delaware (para geolocalização IP e monetização),

  2. Uso no computador sem VPN (evitando perda de receita por detecção de VPN),

  3. Geforce Now e Honeygain (serviços sensíveis à localização),

  4. Jogos de estratégia (que toleram latência maior, respeitando o determinismo geográfico).

✅ Pontos fortes do seu plano:

  • Evita o uso de VPN, que compromete ganhos e desempenho em streaming/jogos.

  • Mantém o IP geolocalizado nos EUA, desde que o tráfego de dados vá pelo SIM virtual.

  • Simula presença nos EUA, o que é essencial para Honeygain, Geforce Now (servidores dos EUA) e outras plataformas que bloqueiam ou limitam o Brasil.

  • Compatível com jogos de estratégia, que são menos sensíveis ao ping.

⚙️ Para isso funcionar no computador, você vai precisar de:

1. Hardware com modem LTE/5G embutido ou externo

  • Exemplos com suporte nativo:

    • Microsoft Surface Pro X (ou superiores com LTE).

    • Lenovo X1 Carbon com LTE.

    • HP EliteBook com WWAN.

2. Plano eSIM americano com dados móveis

  • Empresas como US Mobile, T-Mobile, GigSky, Nomad, ou Airalo vendem eSIMs com números dos EUA (você pode tentar um com DDD de Delaware — 302).

  • Confirme que o plano permite tethering/hotspot e que os dados não têm limitação de uso em país diferente.

3. Configurar no Windows (ou Linux/Mac)

  • No Windows, basta ir em Configurações > Rede > Celular > Adicionar um plano eSIM.

  • Ou usar um dongle USB com interface web para configuração (caso o PC não tenha suporte nativo).

4. Forçar o tráfego via esse modem

  • Em Windows:

    • Vá em “Rede e Internet” e defina a rede celular como prioritária.

  • Isso garante que os dados usados pela Geforce Now e Honeygain saiam pelo IP americano.

Desafio Solução
eSIM bloqueado fora dos EUA Use um fornecedor global como Nomad ou Airalo
IP ainda aparece como Brasil Verifique se o tráfego está mesmo roteando pelo modem
Honeygain detecta tráfego móvel Use planos que forneçam IPs residenciais, se possível
Jogos ou serviços não funcionam com IP de operadora Use um eSIM com suporte a IPs reais (não CGNAT/carrier-grade NAT)





Do céu ao pixel: como as companhias aéreas influenciaram os descontos na Steam

Em um mundo digital movido por algoritmos e impulsos de compra, a escolha do timing para lançar promoções não é aleatória. Enquanto muitos jogadores aguardam ansiosamente as famosas promoções da Steam às quartas-feiras, poucos imaginam que essa tradição pode ter raízes em um setor bem diferente: a aviação comercial.

A tradição das terças e quartas

Desde os anos 2000, analistas de viagens e especialistas em consumo vêm observando que os voos tendem a ser mais baratos entre o meio-dia de terça-feira e 23h de quarta-feira. Essa janela de tempo se consolidou como um momento estratégico para adquirir passagens com descontos. A explicação está no próprio funcionamento das companhias aéreas: promoções são geralmente lançadas na segunda-feira e, na terça, outras empresas ajustam suas tarifas para competir, tornando o meio da semana o melhor momento para o consumidor.

Esse padrão não passou despercebido por outras indústrias.

O efeito de contágio no comércio digital

O comércio digital aprendeu a se moldar ao comportamento do consumidor, e não o contrário. À medida que as pessoas passaram a associar terça e quarta-feira com “bons momentos para comprar”, plataformas de e-commerce, tecnologia e entretenimento passaram a se apropriar dessa percepção.

A Valve, criadora da Steam, é um bom exemplo disso. Ao instituir a “Midweek Madness” — uma tradição de descontos que começa às terças e vai até quinta-feira — a empresa se aproveita exatamente desse zeitgeist psicológico: o consumidor já está condicionado a esperar preços mais baixos nesse período.

Vantagens Estratégicas

Lançar promoções no meio da semana traz diversas vantagens:

  • Menor concorrência por atenção: Diferente das sextas ou domingos, o meio da semana tem menos ruído publicitário.

  • Consumidor mais racional: Durante a semana útil, os impulsos de compra tendem a ser mais ponderados, o que aumenta a confiança do consumidor na oferta.

  • Ciclo financeiro previsível: Quarta-feira é o ponto de equilíbrio entre quem já pagou as contas da semana e ainda está longe do próximo fim de semana — um momento ideal para compras não essenciais.

Steam, Amazon e Outros Exemplos

A Steam não está sozinha. Amazon, Epic Games Store e diversas outras plataformas também adotam promoções-relâmpago nesse mesmo período. Até eventos sazonais como a “Black Week” muitas vezes centralizam suas maiores ofertas entre terça e quinta-feira, quando o tráfego é alto, mas a concorrência ainda é administrável.

Conclusão: o mercado é um eco de seus pioneiros

Embora a aviação e os games pareçam setores distantes, ambos compartilham uma realidade comum: a necessidade de entender e antecipar o comportamento do consumidor. A tradição das promoções de terça e quarta começou nos céus, mas se espalhou por mares digitais e lojas virtuais, como a Steam, que souberam aproveitar essa janela de oportunidade — no tempo e na mente do público.

No final, o que une todos esses setores é uma regra simples: quem domina o tempo domina o mercado.

Entre a tradição e a ibirapuerização: o valor das mecânicas nos jogos antigos

No debate sobre jogos eletrônicos, há uma tendência comum — e muitas vezes apressada — de associar "jogo antigo" a "jogo ultrapassado". Essa associação, embora compreensível em um cenário de constantes inovações tecnológicas, ignora um aspecto essencial: a distinção entre o tempo de mercado e a vitalidade de uma mecânica.

Um jogo pode ser antigo sem ser obsoleto. Sua idade não é, por si só, um indício de decadência. Aliás, há jogos que resistem ao tempo não como relíquias nostálgicas, mas como tradições vivas. A mecânica, quando bem concebida, permanece fértil, continua a dar frutos, inspira novas gerações de jogadores e desenvolvedores. Por outro lado, quando essa mecânica se esgota, quando perde sua capacidade de encantar, desafiar e renovar a experiência do jogador, ela entra num processo de morte simbólica.

Para ilustrar esse fenômeno, podemos cunhar aqui o termo "ibirapuerização". Em referência à famosa árvore morta do Parque Ibirapuera, em São Paulo — que foi preservada como escultura após sua morte —, o termo sugere um estado em que algo já não vive, mas permanece em pé como monumento. É o caso de jogos que, apesar de sua relevância histórica, já não produzem frutos: não geram prazer genuíno, não renovam sua base de jogadores, e tampouco influenciam de forma ativa o design contemporâneo. Tornam-se objeto de reverência, mas não de participação.

Um bom exemplo disso é a franquia The Sims. Sua ideia central — simular a vida cotidiana, as relações sociais e os dilemas pessoais — continua tão relevante que já rendeu quatro grandes versões e inspirou outros jogos recentes, como Inzoi. No entanto, nem todas as versões da franquia mantêm a mesma vitalidade. O The Sims 1, embora clássico e inovador em sua época, hoje possui mecânicas claramente datadas, já superadas pelos padrões atuais. Em contraste, o The Sims 2 permanece relevante até hoje, especialmente por seu equilíbrio entre jogabilidade e profundidade emocional. Já o The Sims 3, com seu mundo aberto e sistema de progressão mais orgânico, apresenta um potencial que poderia até suplantar as mecânicas do 2 e do 4, a menos que se deseje uma experiência mais intimista, centrada na introspecção e na vida interior — algo mais presente nas versões anteriores.

A ibirapuerização não acontece por conta da idade do jogo, mas por conta do esgotamento de sua seiva criativa. É um processo que pode atingir qualquer título, seja antigo ou novo. Jogos lançados há poucos anos já podem parecer mortos se baseiam em fórmulas repetitivas, desprovidas de alma ou propósito. Da mesma forma, jogos com décadas de existência — como Tetris, Super Mario Bros., The Legend of Zelda: Ocarina of Time, Age of Empires II, The Sims 2 — continuam sendo jogados e estudados por oferecerem experiências que resistem ao tempo, que transcendem o mero contexto técnico e alcançam um nível de design clássico.

Esses jogos antigos, mas vivos, são como árvores centenárias que ainda frutificam. Tornam-se fontes de tradição, não por nostalgia vazia, mas porque revelam algo perene sobre o jogo enquanto forma artística, desafio mental ou espaço de imaginação. São como os grandes livros da literatura: não importa que tenham sido escritos em séculos passados — o que importa é que ainda têm algo a dizer.

É, portanto, preciso cuidado ao tratar o antigo como descartável. A crítica cultural madura sabe distinguir o que envelheceu com nobreza do que apenas ficou para trás. E o mercado de jogos, se quiser alcançar a maturidade que outras artes já conquistaram, precisará fazer essa distinção com sabedoria.

Enquanto houver jogadores dispostos a colher os frutos de mecânicas bem pensadas, vivas e frutíferas, mesmo que antigas, não haverá ibirapuerização. Haverá, sim, tradição.

Como os programas de fidelidade estão revolucionando a carreira jurídica no Brasil - notas sobre o surgimento do advogado caçador de recompensas

Durante décadas, o vínculo do advogado com sua seccional da OAB era determinado, acima de tudo, pela geografia. O local onde o profissional residia ou atuava definia seu território institucional — com pouca margem de escolha real sobre as condições a que estaria sujeito. Mas essa lógica está mudando.

Com o avanço de plataformas como Alloyal, Livelo e outras soluções integradas aos conselhos profissionais, as seccionais da OAB passaram a oferecer programas próprios de fidelidade, que permitem ao advogado obter cashback, milhas, pontos de desconto ou até mesmo isenção da anuidade. O que era um custo fixo se torna, com planejamento, uma oportunidade de economia — ou até de retorno financeiro.

Essa transformação tem implicações profundas. Ao perceber que uma seccional oferece mais vantagens do que outra, muitos advogados têm buscado inscrições suplementares em estados diferentes daquele onde atuam. A motivação, agora, não é apenas processual ou estratégica. É econômica e empreendedora. Está nascendo um novo perfil de profissional do Direito: o advogado caçador de recompensas.

Uma revolução silenciosa

Esse movimento sinaliza uma reconfiguração no vínculo entre o advogado e sua instituição de classe. A territorialidade cede espaço à competitividade institucional. Se a OAB de Minas Gerais, por exemplo, oferece um programa robusto de cashback via Alloyal, enquanto a OAB de outro estado oferece pouco ou nada, o advogado pode decidir diversificar sua presença e atuação em busca do melhor retorno.

Mais do que uma escolha de foro, trata-se de uma estratégia de gestão de carreira. O advogado se torna gestor da própria filiação, utilizando os benefícios institucionais como ferramentas de planejamento financeiro.

O retorno do espírito das guildas — com um toque digital

Essa tendência remonta, de certa forma, ao modelo das guildas medievais: associações de ofício que protegiam os interesses de seus membros, fornecendo suporte, instrução e rede de solidariedade. A novidade é que, agora, essa rede é digital, geograficamente fluida e baseada em consumo inteligente.

Assim como os mestres de ofício medievais circulavam entre cidades para participar de feiras e buscar melhores condições, o advogado moderno pode circular entre seccionais para buscar melhores programas, menores anuidades, mais oportunidades. A fidelidade à instituição se torna proporcional ao que ela entrega ao profissional. É o fim do modelo estático e o surgimento de uma advocacia mais dinâmica, móvel e estratégica.

Desafios e oportunidades

Essa revolução também apresenta desafios para a própria OAB. Se a instituição pretende manter a fidelização de seus membros, precisará investir mais em tecnologia, integração de sistemas e políticas de vantagem competitiva. A desigualdade entre seccionais pode provocar um êxodo de talentos ou, no mínimo, uma multiplicidade de filiações que desafia o modelo atual de organização.

Para os advogados, por outro lado, abre-se um campo fértil: gestão estratégica da carreira com base em inteligência financeira. Não basta mais apenas advogar bem. É preciso entender de plataformas, programas de benefício, redes de consumo e mobilidade institucional.

Conclusão

Estamos testemunhando uma revolução silenciosa na advocacia brasileira. Aquela figura estática, presa à jurisdição local e à fidelidade cega à sua seccional, está dando lugar a um profissional tático, inquieto e financeiramente engajado. O advogado do futuro talvez seja menos um operador solitário do Direito e mais um empreendedor da própria trajetória jurídica — conectado, recompensado e em constante movimento.

 

Uma nova definição de brasileiro: mobilidade, vocação e a superação do determinismo territorial

Por mais de um século, a ideia de ser brasileiro esteve presa ao molde cartográfico construído por militares positivistas. Desde a proclamação da república, o conceito de nação foi progressivamente esvaziado de qualquer transcendência, reduzido a um exercício burocrático de pertencimento geográfico. O cidadão era, assim, um número atrelado a uma jurisdição fixa, uma peça imóvel num grande tabuleiro federativo.

Mas algo está mudando — silenciosamente, nas bordas da prática profissional, especialmente no universo da advocacia.

O surgimento de programas de fidelidade e mobilidade institucional, como o Alloyal, que permite ao advogado obter vantagens concretas ao se vincular a diferentes seccionais da OAB, tem provocado uma transformação profunda no modo como se enxerga a atuação jurídica e, mais do que isso, no modo como se compreende o próprio pertencimento ao Brasil.

O advogado peregrino e a nação como vocação

Hoje, o advogado que compreende os mecanismos da mobilidade digital e institucional não mais se vê como um operário do Direito confinado ao seu estado de origem. Ele se movimenta. Ele busca oportunidades, vantagens e conexões onde elas se apresentarem — fazendo do território nacional um campo de missão e de trabalho, não uma prisão cartográfica.

Esse novo tipo de profissional lembra, em sua essência, a figura do peregrino cristão, que percorre terras diferentes não por capricho, mas por vocação. Cada seccional da OAB deixa de ser apenas um ponto fixo no mapa e passa a ser uma porta aberta para o serviço. A anuidade que antes pesava como tributo, agora é vista como investimento estratégico — e, em alguns casos, até como uma oportunidade de retorno financeiro.

Um novo Brasil: por Cristo, em Cristo, para Cristo

Se a verdadeira nacionidade não é definida pela terra em que se nasce, mas pelo compromisso assumido com a verdade e com a missão, então o brasileiro autêntico é aquele que toma todos os estados da federação como um mesmo lar, por Cristo, em Cristo e para Cristo. Trata-se de uma unidade espiritual antes de ser política, de um vínculo de serviço antes de ser uma inscrição registral.

Essa compreensão derruba o ideal positivista, que sempre associou nacionalidade à submissão ao poder central, ao passo que exalta uma brasilidade fundada no serviço e na lealdade à missão universal da justiça e da verdade. A mobilidade do novo advogado não é apenas tática: é profética. Ele sinaliza o esgotamento de um modelo de cidadania passiva e o nascimento de um novo sujeito — o cidadão-jurista-peregrino, ao mesmo tempo empreendedor e servidor.

O colapso do determinismo geográfico

Ao explorar as vantagens oferecidas por diferentes seccionais, o advogado revela o colapso de um modelo de organização institucional baseado na rigidez territorial. A seccional, agora, precisa conquistar o advogado, não mais apenas recebê-lo. O profissional, por sua vez, adquire autonomia: pode escolher onde investir, onde crescer, onde servir melhor.

Esse movimento, que se inicia na prática jurídica, pode inspirar outras profissões e instâncias organizacionais do país. Ele aponta para uma redefinição mais espiritual, mais vocacional e mais prática da ideia de Brasil. Um país, afinal, não é um mapa: é uma comunidade de almas em serviço, conectadas por um mesmo ideal de justiça, verdade e liberdade.