1) A maravilhosa aula de hoje do COF versou sobre o problema fundamental da educação e da auto-educação.
2) A cultura tem as suas raízes na consciência, sendo esta o traço fundamental que difere o ser humano dos outros animais.
3) A consciência define-se pela capacidade humana que Ortega y Gasset definiu como "ensimesmento", isto é, o diálogo interior que estabelecemos conosco ao contarmos a nossa própria historia para nós mesmos. A confissão é um exemplo crucial deste aspecto na tradição cristã. Ora, este movimento da consciência depende do uso e do domínio da linguagem e dos registros escritos. Consequentemente, o desenvolvimento da consciência está imediatamente relacionado com a aquisição de cultura.
4) A literatura contribuiu enormemente com esquemas narrativos cada vez mais complexos, sutis e profundos que nos ajudam a abrir cada vez mais janelas e perspectivas na nossa imaginação, através das quais nos podemos observar a nós mesmos e contarmos as nossas próprias histórias, ou seja, a desenvolvermos a nossa autoconsciência de formas mais elevadas.
5) Daí que eu insista particularmente nas obras de Shakespeare porque o grande número de personagens que ele nos oferece, com toda a gama caleidoscópica de dramas de consciência, é um espelho riquíssimo dos nossos próprios dramas. Não há NADA que substitua este bem divino que é o desenvolvimento da nossa autoconsciência. Não há qualquer salvação ou real vida moral sem ela.
6) Também não há VERDADEIRA CULTURA se os produtos da indústria cultural (poemas, peças, romances, filmes, música) não forem fruídos por cada um de nós como dramas da consciência, que pesam e moldam as nossa vidas interiores.
7) Se eu ouço uma obra de Beethoven ou Wagner meramente pela fruição estética, então eu sou um mero consumidor de prazeres e gratificações, sejam elas o aparato de status social, a pertença a um determinado grupo social e/ou profissional. Deste modo, estamos somente a viver no domínio do fisiológico, da sobrevivência e da futilidade, sendo a consciência, neste contexto, um mero ornamento da vida superficial. Isto acontece frequentemente nos meios ditos cultos e educados. Aí a cultura não tem qualquer traço ou relação com o aprimoramento da autoconsciência.
8) Se eu absorvo os dramas de consciência de um Beethoven, de um Wagner, de um Dante ou de um Shakespeare, então eu encontro-me no terreno firme da verdadeira transmissão cultural, com a qual eu viso o desenvolvimento da minha autoconsciência ao mais alto nível. Isto é o que mais importante possamos fazer na vida e é caso mortalmente sério, já que a consciência é o ÚNICO instrumento que temos para vivermos e guiarmos a nossa vida.
9) ISTO era o que Cristo tinha em mente quando disse: "Nem só de pão vive o homem."
Artur Silva (https://www.facebook.com/arturjorg/posts/10205537819821038)
Facebook, 16 de janeiro de 2016.
2) A cultura tem as suas raízes na consciência, sendo esta o traço fundamental que difere o ser humano dos outros animais.
3) A consciência define-se pela capacidade humana que Ortega y Gasset definiu como "ensimesmento", isto é, o diálogo interior que estabelecemos conosco ao contarmos a nossa própria historia para nós mesmos. A confissão é um exemplo crucial deste aspecto na tradição cristã. Ora, este movimento da consciência depende do uso e do domínio da linguagem e dos registros escritos. Consequentemente, o desenvolvimento da consciência está imediatamente relacionado com a aquisição de cultura.
4) A literatura contribuiu enormemente com esquemas narrativos cada vez mais complexos, sutis e profundos que nos ajudam a abrir cada vez mais janelas e perspectivas na nossa imaginação, através das quais nos podemos observar a nós mesmos e contarmos as nossas próprias histórias, ou seja, a desenvolvermos a nossa autoconsciência de formas mais elevadas.
5) Daí que eu insista particularmente nas obras de Shakespeare porque o grande número de personagens que ele nos oferece, com toda a gama caleidoscópica de dramas de consciência, é um espelho riquíssimo dos nossos próprios dramas. Não há NADA que substitua este bem divino que é o desenvolvimento da nossa autoconsciência. Não há qualquer salvação ou real vida moral sem ela.
6) Também não há VERDADEIRA CULTURA se os produtos da indústria cultural (poemas, peças, romances, filmes, música) não forem fruídos por cada um de nós como dramas da consciência, que pesam e moldam as nossa vidas interiores.
7) Se eu ouço uma obra de Beethoven ou Wagner meramente pela fruição estética, então eu sou um mero consumidor de prazeres e gratificações, sejam elas o aparato de status social, a pertença a um determinado grupo social e/ou profissional. Deste modo, estamos somente a viver no domínio do fisiológico, da sobrevivência e da futilidade, sendo a consciência, neste contexto, um mero ornamento da vida superficial. Isto acontece frequentemente nos meios ditos cultos e educados. Aí a cultura não tem qualquer traço ou relação com o aprimoramento da autoconsciência.
8) Se eu absorvo os dramas de consciência de um Beethoven, de um Wagner, de um Dante ou de um Shakespeare, então eu encontro-me no terreno firme da verdadeira transmissão cultural, com a qual eu viso o desenvolvimento da minha autoconsciência ao mais alto nível. Isto é o que mais importante possamos fazer na vida e é caso mortalmente sério, já que a consciência é o ÚNICO instrumento que temos para vivermos e guiarmos a nossa vida.
9) ISTO era o que Cristo tinha em mente quando disse: "Nem só de pão vive o homem."
Artur Silva (https://www.facebook.com/arturjorg/posts/10205537819821038)
Facebook, 16 de janeiro de 2016.