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terça-feira, 16 de janeiro de 2018

A cultura tem sua raiz na consciência

1) A maravilhosa aula de hoje do COF versou sobre o problema fundamental da educação e da auto-educação.

2) A cultura tem as suas raízes na consciência, sendo esta o traço fundamental que difere o ser humano dos outros animais.

3) A consciência define-se pela capacidade humana que Ortega y Gasset definiu como "ensimesmento", isto é, o diálogo interior que estabelecemos conosco ao contarmos a nossa própria historia para nós mesmos. A confissão é um exemplo crucial deste aspecto na tradição cristã. Ora, este movimento da consciência depende do uso e do domínio da linguagem e dos registros escritos. Consequentemente, o desenvolvimento da consciência está imediatamente relacionado com a aquisição de cultura.

4) A literatura contribuiu enormemente com esquemas narrativos cada vez mais complexos, sutis e profundos que nos ajudam a abrir cada vez mais janelas e perspectivas na nossa imaginação, através das quais nos podemos observar a nós mesmos e contarmos as nossas próprias histórias, ou seja, a desenvolvermos a nossa autoconsciência de formas mais elevadas.

5) Daí que eu insista particularmente nas obras de Shakespeare porque o grande número de personagens que ele nos oferece, com toda a gama caleidoscópica de dramas de consciência, é um espelho riquíssimo dos nossos próprios dramas. Não há NADA que substitua este bem divino que é o desenvolvimento da nossa autoconsciência. Não há qualquer salvação ou real vida moral sem ela.

6) Também não há VERDADEIRA CULTURA se os produtos da indústria cultural (poemas, peças, romances, filmes, música) não forem fruídos por cada um de nós como dramas da consciência, que pesam e moldam as nossa vidas interiores.

7) Se eu ouço uma obra de Beethoven ou Wagner meramente pela fruição estética, então eu sou um mero consumidor de prazeres e gratificações, sejam elas o aparato de status social, a pertença a um determinado grupo social e/ou profissional. Deste modo, estamos somente a viver no domínio do fisiológico, da sobrevivência e da futilidade, sendo a consciência, neste contexto, um mero ornamento da vida superficial. Isto acontece frequentemente nos meios ditos cultos e educados. Aí a cultura não tem qualquer traço ou relação com o aprimoramento da autoconsciência.

8) Se eu absorvo os dramas de consciência de um Beethoven, de um Wagner, de um Dante ou de um Shakespeare, então eu encontro-me no terreno firme da verdadeira transmissão cultural, com a qual eu viso o desenvolvimento da minha autoconsciência ao mais alto nível. Isto é o que mais importante possamos fazer na vida e é caso mortalmente sério, já que a consciência é o ÚNICO instrumento que temos para vivermos e guiarmos a nossa vida.

9) ISTO era o que Cristo tinha em mente quando disse: "Nem só de pão vive o homem."

Artur Silva (https://www.facebook.com/arturjorg/posts/10205537819821038)

Facebook, 16 de janeiro de 2016.

segunda-feira, 15 de janeiro de 2018

Consideração sobre a comunidade política ser uma continuação da trindade: o caso da sociedade medieval

1.1) As sociedades indo-européias eram compostas de três classes: clero, nobreza e povo.

1.2) A nobreza lidava com os assuntos da espada e o povo lidava com os assuntos do arado (seja cuidando da terra como um camponês, seja morando na cidade como um artesão, convertendo matéria-prima bens de consumo úteis a toda a comuna medieval)

1.3) O clero rezava, interligando a espada e o arado de tal maneira que servissem a Cristo de tal maneira que o país fosse tomado um lar como n'Ele, por Ele e para Ele, de modo que todos fossem para a pátria definitiva, a qual se dá no Céu. Afinal, o Rei era vassalo de Cristo que punha a todos debaixo de sua proteção e autoridade, seja no âmbito do próprio reino, seja em terras distantes, por força da missão que herdamos em Ourique.

2) As três classes trabalhavam uma em função da outra, numa unidade composta de três classes. Assim a comunidade política era uma continuação da trindade, da unidade composta de três pessoas. E neste ponto, a política era organizada de tal maneira que as classes, dentro de seus talentos e atribuições, serviam ao bem comum naquilo que tinham de melhor. E neste ponto, havia aristocracia distribuída, uma verdadeira democracia fundada na conformidade com o Todo que vem de Deus. Por força disso, era possível haver ascensão social se você fosse santo ou se fosse honesto.

3) Para cada pessoa, para cada classe, Deus atuava em tudo e em todos coordenando todas as coisas, de modo que ficasse tudo em conformidade com o Todo que vem de Deus.

4) A Revolução Francesa destruiu essa trindade, ao dizer que o verdadeiro poder está no Terceiro Estado, fazendo com que houvesse a proletarização geral da sociedade. E neste ponto, a trindade foi substituída pelo monarquianismo político. Se a voz do povo é a voz de Deus, então o Estado será tomado como se fosse religião, em que tudo está no Estado e nada pode estar fora dele ou contra ele.

5) Como o monarquianismo é a negação da trindade, o que vemos na religião pode ser visto na política, hoje em dia.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 15 de janeiro de 2018.

domingo, 14 de janeiro de 2018

Deus, Pátria e Família são círculos concêntricos e não secantes

1) Eu concordo com este lema: Deus, pátria e família.

2.1) Você só ama a Deus e toma o país como um lar em Cristo amando a sua família, vendo Cristo nessas pessoas de seu convívio. Afinal, a família é a base da sociedade; ela constitui a igreja doméstica, a pequena comunidade dos que amam e rejeitam as mesmas coisas tendo por Cristo fundamento, na conformidade com o Todo que vem de Deus. Se você ama a sua família, então não demorará a tomar a família dos outros como parte de sua família também, a ponto de ser solidário e hospitaleiro, causas de nacionidade. E, neste ponto, a pátria se torna uma família ampliada, por força da solidariedade e da caridade - de tudo o que há de mais sólido. fundado na conformidade com o todo que vem de Deus.

2.2) Deus, Pátria e Família são círculos concêntricos - jamais círculos secantes, onde não sabemos onde termina um e começa outro. E se você não onde sabe onde começa um círculo e onde termina o outro, então terminará afirmando que tudo estará no Estado e nada pode estar fora dele ou contra ele, por força da confusão. E, neste ponto, a acusação de que os integralistas lembram os fascistas soa verdadeira, dado que estão confundindo nacionismo (o senso de tomar o país como um lar em Cristo, o que nos prepara para a pátria definitiva, a qual se dá no Céu) com nacionalismo (o senso de tomar o país como se fosse religião, em que tudo está no Estado e nada pode estar fora dele ou contra ele)

3.1) A Igreja Católica, com base na Doutrina Social da Igreja, sempre defendeu a subsidiaridade: aquilo que o conjunto das famílias não pode resolver, que o governo local resolva; aquilo que o conjunto dos governos locais não pode resolver, que o governo provincial resolva; aquilo que o conjunto das províncias não puder resolver, que o governo nacional resolva.

3.2) E isso tem mais haver com a teoria dos círculos concêntricos do que com a teoria dos círculos secantes, uma vez que não devemos reduzir a moral à lei positiva, pois isso edifica liberdade com fins vazios. Afinal uma comunidade não pode ser fundada por critérios puramente humanos, fundados no fato de se conservar o que é conveniente e dissociado da verdade; toda imaginação fundada nisso não passa de mentira, invenção, tal como aconteceu com Brasil, cuja secessão se deu na mentira de que o Brasil foi colônia de Portugal. Nosso país nunca será bem-sucedido enquanto a mentira fizer parte das fundações lógicas da pátria, pois ela põe de lado toda a nossa conexão de sentido com Deus, coisa que temos desde Ourique.

3.3) Se devemos trazer o futuro para o presente, então devemos deixar o Espírito Santo ser nosso guia. Afinal, somos herdeiros da missão de servir a cristo em terras distantes, por força daquilo que houve em Ourique - e isso nasceu de um milagre - o que dispensa qualquer imaginação, dado que é realidade extraordinária, um fato concreto que dispensa qualquer prova.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 14 de janeiro de 2017.

Notas sobre uma conversa que tive com o Marcelo Dantas e com o Felipe Marcellino

José Octavio Dettmann:

1) Eu estava assistindo a um vídeo do Rodrigo Jungmann e ele indicou um livro que trata da necessidade da triangulação dos temas políticos em campanhas majoritárias. Eu comprei o livro do Dick Morris no Alibris, por força da indicação.

2) No mesmo dia de ontem em que assisti ao vídeo do Jungmann, Allan, no Boletim da Manhã do Canal Terça Livre, disse que a comunidade política é a continuação da comunidade da trindade. O autor que disse isso é Jorge Martinez Barrera, no livro A Política em Aristóteles e Santo Tomás - este era o livro que ele estava citando no programa.

3) Vou tentar juntar as duas coisas. Digitalizarei os dois livros assim que puder e começarei a eu mesmo estudar o tema.

Marcelo Dantas:

1) Desejo a você um bom estudo, Dettmann, pois é interessante essa visão que você escreveu sobre a triangulação.
(http://blogdejoseoctaviodettmann.blogspot.com/2018/01/notas-sobre-politica-da-triangulacao.html)

2) Quanto aos livros do Professor Rodrigo Jungmann, há um porém, apesar de eu ter um imenso carinho pela pessoa: a formação conservadora é de cerne angloamericano, embora o que ele recomenda seja válido.

José Octavio Dettmann:

1) Sim, Dantas, você tem razão, mas o fato é que o país, por conta da falsa alegação de que foi colônia de Portugal, acabou sendo mergulhando num governo de facção, a ponto de haver uma divisão entre o Partido Brasileiro e o Partido Português - e isso é característica de República Maçônica. Se Bastiat disse que devemos ver o que não se vê, então é isto que não está sendo visto. Cheguei a escrever um artigo sobre isso, inclusive. E claro, fiz à luz daquela realidade que foi jogada no lixo: a de Ourique.

2.1) Se pararmos pra pensar, há uma hegemonia do partido Brasileiro desde 1822 - luzias, saquaremas, partidos esquerdistas, trabalhistas, nacionalistas, fabianos, tudo isso não passa de costelinha do Partido Brasileiro (ou da alegação salvacionista de que "meu partido é o Brasil", que foi a temática das revoltas de 2014).

2.2) Considerando o Brasil uma invenção feita por conta da alegação de que foi colônia de Portugal, todos são apátridas, a tal ponto que o caráter nacional, posto na carta de 1988, é uma falácia. E isso falei em outro artigo, o qual compartilhei recentemente no facebook.
(https://blogdejoseoctaviodettmann.blogspot.com.br/2016/06/notas-sobre-o-verdadeiro-carater.html)

2.3.1) Se pararmos ainda mais para pensar, o que temos é uma hegemonia dentro da hegemonia. O pensamento de Gramsci deu certo porque certas coisas já tinham sido implementadas antes (basta ver o que o Loryel fala da obra de von Martius sobre como se deve escrever História do Brasil). 

2.3.2) Estamos num movimento de tudo ou nada: ou teremos a hegemonia do Partido Brasileiro, em que o Estado será tomado como se fosse religião do ponto de vista verde e amarelo, ou o Estado será tomado como se fosse religião do ponto de vista vermelho, comunista. Trata-se de uma luta entre nacionalistas e internacionalistas. E aqui neste ponto, o malminorismo, como bem apontou a minha Sara Rozante, não é solução, pois não há solução fácil.

2.4) O Olavo disse para estudarmos a realidade. Pelo que estou observando, a realidade não é tão evidente, pois não é possível percebê-la de maneira imediata - é preciso estudar a História do Brasil e reconstituir os fatos até a conseqüente secessão do Brasil do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves, de modo a poder compreender tudo isso. Não se pode ignorar a documentação portuguesa; do contrário, o estudo da História do Brasil se reduz a discurso ideológico.

Felipe Marcellino: Hoje mesmo vi uma publicação do Terça Livre sobre o José Bonifácio e me perguntei porque é que estão a ignorar o que o Loryel Rocha mostra nos seus vídeos. Parece que a realidade está sendo posta de lado, às vezes. Acho que isso não vai acontecer, mas seria bom que houvesse um hangout entre essas partes que vivem no mundo da lua e o Loryel Rocha. Acho que ficariam sem chão.

José Octavio Dettmann: Exatamente, Felipe. O Terça Livre pôs a realidade de lado (ele ficaram, como o Conde, acusando o Loryel de heresia, a ponto de que terminaram bloqueados por ele por força disso).

Felipe Marcellino: Como não querem negar que estão quase a idolatrar o José Bonifácio, então não devem aceitar o diálogo com quem diz o contrário.

José Octavio Dettmann: Como disse, as costelinhas estão caindo e o Partido Brasileiro, como partido único, está se reafirmando. Afinal, já há partido único de fato - só não há uma cara institucional, uma faceta formal ainda.

Felipe Marcellino: Ele está se impondo de forma escancarada. O maior foco de resistência está cedendo.

Felipe Marcellino: É preciso que seja formado um grupo que atue e que forme o partido da realidade, como você disse no artigo. Esse Partido Brasileiro é o partido da ruptura, é maçónico até à alma. O partido português é o partido real por excelência porque foi fundado na Verdade, tal como Cristo quis e mostrou em Ourique. Nem poderia ser viável permitir a existência de um partido que queira impor a mentira por meios formais.

José Octavio Dettmann: Sim. Por isso que esquerda e direita não fazem sentido, pois são termos nominais, já que a política aqui praticada não passa de um simulacro da França Revolucionária. Trata-se de um arremedo de política, pois isso tudo decorre de uma cultura viciada.

Felipe Marcellino: Aqui em Portugal a política está dominada por esse mesmo tipo de gentalha.

José Octavio Dettmann: Tiveram que passar pelo cadáver do rei para fazer isso. E a república lá surgiu por força do que houve no Brasil.

Felipe Marcellino: O partido português tem que renascer num dos dois continentes. Não o vejo em lado nenhum.

José Octavio Dettmann: A hecatombe se deu aqui. Por isso, o Partido Português tem que ser fundado aqui.

Felipe Marcellino: Se Deus quiser, isso vai recomeçar em breve. Você vê algum indício disso na sua rede de contatos?

José Octavio Dettmann: Tirando o que o Loryel e eu falamos, até agora não vejo um movimento nessa direção. Isso pede para estudarmos mais a História de Portugal. Por isso que preciso de você.

Felipe Marcellino: Concretamente, como eu posso te ajudar?

José Octavio Dettmann: Como você sempre me ajudou: me mandando livros.

Felipe Marcellino: Você já tem alguma lista com títulos de que precisa?

José Octavio Dettmann: O Loryel tem indicado uns livros em seus vídeos e posts. Depois, eu faço a lista.

Felipe Marcellino: Certo. Quando tiver essa lista, pode-me enviar pelo Messenger mesmo. Fico feliz de poder ajudar de alguma forma. Mesmo que sejam livros revolucionários, de modo a a estar a par do que os apátridas andam a discutir por aqui, em Portugal.

José Octavio Dettmann: O que você me enviou me ajudou e muito.

Felipe Marcellino: Quais foram os livros que enviei? Só me recordo do livro de Sta. Teresa.

José Octavio Dettmann: Além desse, você me enviou um livro que trata de um padre que foi vítima da república regicida portuguesa, em 1910. E você ficou de ver outros livros, mas depois nos desencontramos.

A realidade é transcendente e eterna ou respondendo a alegação de que estou fora da realidade (ou de que sou um radical anacrônico)

1) Quando alguém responde ao que escrevo dizendo que estou fora da realidade, que misturo valores de Deus com valores humanos, eu vejo que essa pessoa não passa de um idiota, pois não enxerga nada além do materialismo e do imanentismo em que se encontra

2) Isso não anula o que digo, quando falo que um povo excelente se mede pelas obrigações e não pelos direitos. Se o povo se medisse pelos direitos, ele seria hedonista, a tal ponto que ele nada teria além de seus divertimentos, como o futebol, o programa do Ratinho etc. E isso não é realidade, mas fuga da realidade.

3.1) Uma alma inteligente lê até o que não digo, dado que há até um silêncio eloqüente. Um idiota me critica e me manda acordar ou até estudar, pois ele não enxerga nada além dele mesmo, nada além da miséria cultural em que ele se encontra.

3.2) E essa miséria cultural é uma ilusão da realidade, que é sempre elevada e conforme o Todo que vem de Deus. Afinal, os excelentes, quando se preparam para a pátria definitiva que se dá no Céu, tentam fazer da cidade dos homens um espelho da cidade de Deus da melhor maneira possível.

4.1) Enfim, a ignorância é audaciosa, como bem disse o Sen. Mão Santa.

4.2) O sujeito vem aqui no meu mural, vem me criticar e fala um bando de asneira. Não é à toa que bloqueio esses discordantes peremptórios, que exercem essa discordância de maneira irracional e voltada para o nada, a ponto de não terem a prudência de perguntar ou de investigarem o meu blog, cheio de informações relevantes.

José Octavio Dettmann

sábado, 13 de janeiro de 2018

Quando você não tem nobreza nos laços de sangue, a nobreza pelos laços do espírito supre

1.1) Quando não se tem, pela via dos laços de sangue, uma árvore genealógica composta de pessoas importantes, que fizeram o país ser tomado como um lar em Cristo, ao menos a árvore genealógica do espírito - que se dá pelo batismo, crisma e sacramento da ordem - te dá aquilo que você precisa.

1.2) Como o Mons. Jan Kaleta é meu padrinho de crisma, então tomar a Polônia como um lar em Cristo tanto quanto o Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves é questão de honra pra mim. Se eu não falar do Padre Jan tanto quanto falo de D. Afonso Henriques, então as pedras falarão.

2.1) Uma pessoa muito pobre - se tiver vida reta, fé reta e consciência reta - pode adquirir essa nobreza pela via do empréstimo, se a sua linhagem espiritual for composta de pessoas santas ou mesmo de pessoas que fizeram parte da nobreza no passado, como o caso de Adam Sapieha, que ordenou São João Paulo II padre.

2.2) Tendo gente desse quilate para imitar na virtude, essa nobreza espiritual pode ser convertida em nobreza de sangue. Basta se casar com uma mulher que seja tão católica quanto uma polonesa.

2.3) E isso é um tipo de capitalização moral, por força do empréstimo espiritual.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 13 de janeiro de 2018.

D. Pedro e José Bonifácio: fundadores do governo de facção

1.1) A partir do momento em que D. Pedro e José Bonifácio inventaram o argumento de que o Brasil foi colônia de Portugal, eles simplesmente instauraram um governo de facção, próprio das repúblicas maçônicas, a tal ponto que brasileiros e portugueses passaram a ser vistos como imagens distorcidas num mesmo espelho (uma antecipação do que seria o Muro de Berlim, no século XX).

1.2) O Partido Brasileiro foi fundado de modo a se conservar essa farsa conveniente e dissociada da verdade - e toda uma história foi criada de modo a justificar esse ato de apatria que levou à secessão do Brasil do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves, coisa que rompe com aquilo que foi fundado em Ourique, que faz o Brasil ser tomado como um lar em Cristo e que nos prepara para a pátria definitiva, a qual se dá no Céu.

2.1) Desde 1822 tem havido uma hegemonia do Partido Brasileiro. E desde então o que tem havido é política no sentido de governo de facção, nos moldes da República maçônica (quer americana, quer francesa), uma vez que o império não passa de um estágio provisório que durou até a sua queda definitiva, em 1889.

2.2) Várias foram as facções: luzias, saquaremas, liberais, conservadores, trabalhistas, comunistas, fabianos, democratas cristãos e nacionalistas. No entanto, todas crias do partido brasileiro, considerando que o Brasil foi inventado a partir da alegação de que foi colônia de Portugal. Até mesmo manuais de História do Brasil foram escritos com base no texto de von Martius (como se deve escrever História do Brasil, publicado pelo Instituto Histórico-Geográfico Brasileiro), de modo a converter o falso em verdadeiro e assim se consolidar no imaginário do povo.

3.1) O pensamento hegemônico da esquerda é hegemonia dentro da hegemonia - o partido brasileiro, tal como o partido democrata hoje faz, incutiu ódio a tudo aquilo que era português, além de ter criado todo um ambiente que mais parece um simulacro da política que se pratica na França desde 1789 do que aquilo que havia no Brasil de verdade, enquanto província do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves, nas chamadas câmaras republicanas (hoje municípios). Por essa razão, o debate entre esquerda e direita não faz sentido, pois isso é só nominalismo - afinal, o que se pratica é arremedo de política.

3.2) Não é à toa que o pensamento gramsciano deu tão certo aqui. Nada mais apátrida do que exigir um caráter nacional voltado para o nada, em que o Estado é tomado como se fosse religião em que tudo está no Estado e nada pode estar fora dele ou contra ele.

3.3) Enfim, se não houver um partido português refundado, de modo a restaurar culturalmente aquilo que o partido brasileiro destruiu com suas falsificações históricas, não haverá uma saída para se fugir do estatismo centralizante e restaurar o federalismo pleno que havia quando Portugal estava servindo em terras distantes, ao povoar o Brasil de modo a este ser tomado como um lar em Cristo.

3.4) A saída desta crise está no estudo sério das nossas origens desde Portugal e não na imitação do modelo anglo-saxão, que não tem nada a ver com a nossa realidade. Enquanto não se quebrar a hegemonia do Partido Brasileiro, a espiral do silêncio acerca da verdadeira História do Brasil jamais será quebrada.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 13 de janeiro de 2018.