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terça-feira, 2 de janeiro de 2018

O Rio de Janeiro se tornou um deserto, árido por conta do vazio espiritual que há nas almas que moram na cidade

1) Desde o tempo de universitário, eu me tornei uma pessoa não muito indicada para ser companhia em passeio. A razão pela qual digo isso é que a cidade onde moro se tornou uma cidade muito violenta - desde a morte do traficante Uê, em 2001, a cidade se tornou um verdadeiro barril de pólvora e a coisa só tem piorado. E como as pessoas tendem a valorizar a beleza dos lugares que visitam, acabam dando bandeira para os assaltos. Nos tempos atuais, nem mesmo os shoppings são seguros - é possível haver arrastão a qualquer momento.

2) Desde a década passada eu me tornei uma pessoa pragmática - toda vez que vou a um evento, eu faço o que tem de ser feito e vou embora. Não perco nenhum minuto com bobagem.

3) Além da falta de segurança, os lugares praticam preços exorbitantes, fora da realidade - isso sem contar que a comida é cara e com ela não me sinto alimentado. Como isso atrai os emergentes da Barra, só encontro gente vazia com a qual não se dá nem pra conversar.

4) Passear com alguém num shopping é o tipo de programa que não me atrai. Prefiro estar na casa da pessoa ou chamar a pessoa para vir à minha. Aqui ela come do bom e do melhor, podemos conversar sobre coisas importantes, isso pra não falar que podemos estudar juntos sobre coisas importantes, coisa que adoro e muito.

5) Esse é o programa que gosto. Estou construindo uma biblioteca de tal maneira que eu não precise sair de casa e sentir desgosto, já que as bibliotecas da cidade, além de não emprestarem livro algum, só tem porcaria comunista. Essa foi a maneira que encontrei de sobreviver ao vazio espiritual da cidade e à criminalidade sistemática, que se alimenta disso.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 2 de janeiro de 2018.

Notas sobre a sociedade do espetáculo ou sobre a ordem social voltada para o nada, por conta do sensacionalismo

1) Em inglês, spectacle é o nome que se costuma dar aos óculos. O termo costuma ser simplificado para specs.

2) Espetáculo é o nome dos binóculos usados no teatro de modo a se ver de longe todos os detalhes do teatro, como se estivesse de perto.

3.1) O espetáculo começa no jornalismo de modo a jogar luz sobre os fatos, o que faz com que vejamos de perto aquilo que está distante, em Brasília.

3.2) Quando bem usado, costuma ser uma excelente arma na defesa da liberdade, uma vez que a verdade, fundada na conformidade com o Todo que vem de Deus, não pode ser traída. Até porque o senso de tomar o país como se fosse um lar em Cristo não pode ser pervertido de modo que o país seja tomado como se fosse religião, em que tudo está no Estado e nada pode estar fora dele ou contra ele - o que faz com que a conexão de sentido com as coisas fundadas na conformidade com o Todo que vem de Deus se perca.

3.3.1) Agora, quando essa luz sobre os fatos é jogada para o nada, isso não só cria alienação como também costuma ser usada como uma manobra de diversão, feita de tal modo que os inimigos do povo de Deus consigam conservar o que é conveniente e dissociado da verdade nas sombras.

3.3.2) Quando a imprensa é corrompida, o teatro da sombras começa: alega-se normalidade institucional, quando na verdade tudo está em frangalhos. O amor ao dinheiro faz com que se instale um mercado negro neste endereço: rua do muro das lamentações (Wall Street), esquina com a rua da fascinação (Fascination Street). E quando este mercado se instala, tudo é permitido, pois não há autoridade augusta, nem consolação fundada na conformidade com o Todo que vem de Deus. É o fim da História, pois as pessoas experimentarão de tudo e ficarão com aquilo que mais agrada ao amor de si até o desprezo de Deus, o que é a marca da insensatez sistemática.

3.4.1) Nessa mercado reina a mais pura especulação; tudo se torna pop até uma bolha estourar. 

3.4.2) Platão tem toda a razão ao dizer que os mercadores são corruptores - o sensacionalismo promove a concupiscência. E onde a riqueza é vista como uma espécie de salvação pública, um salvacionismo, a concupiscência reina. E isso acaba edificando liberdade com fins vazios, a tal ponto que as pessoas se esquecem de Deus, ao conservarem o que é conveniente e dissociado da verdade. 

3.4.3) Eis o pecado sistemático do conservantismo entre nós.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 2 de janeiro de 2018.

Notas sobre ética católica e o espírito do distributivismo

1) Todo ser humano é criatura feita à imagem e semelhança de Deus - por essa razão esta criatura está sujeita à lei eterna de seu Criador - e se ela torna santa se viver a vida em conformidade com o Todo que vem de Deus, que criou as coisas por amor de modo que tenham uma nobre finalidade.

2) Como o ser humano foi feito à imagem e semelhança de Deus, toda atividade organizada por ele está sujeita à lei eterna, já que as coisas criadas pelos seres humanos são acessórios que seguem seu principal - a criatura, que por sua vez segue ao seu Criador, que é Deus, uma vez que o derivado decorre de seu primitivo. Por isso toda atividade econômica organizada está sujeita à lei eterna de modo que essas coisas façam o país ser tomado como um lar em Cristo, de modo que isso nos prepare para a pátria definitiva, a qual se dá no céu.

3.1) Para se ter o pão de cada e conseguir riqueza por meio de seu trabalho, o homem precisa fazer as coisas se autopagarem diretamente, quando atendem às necessidades de outros semelhantes a ele. Exemplo disso é o computador onde o escritor escreve seus livros ou mesmo o carro para todo aquele que oferece serviço de transporte público para seus semelhantes. À medida em que o serviço é remunerado sistematicamente, ele pode comprar um equipamento de melhor qualidade, ao financiar um semelhante que fabrica computadores, uma vez que as relações entre as pessoas que estão sujeitas à lei eterna é uma relação de interdependência, a ponto de uns ofertarem bens a outras pessoas que estejam precisando, uma vez que cada ser humano tem um dom - e esse dom deve posto a serviço de todos aqueles que amam e rejeitam as mesmas coisas tendo por Cristo fundamento. Não só isso tem um caráter evangelizador como também faz o país ser tomado como um lar em Cristo, de tal maneira que isso nos prepare para a pátria definitiva, qual se dá no Céu, como disse anteriormente.

4.1) Além do pão de cada dia, o ser humano necessita de vestuário, abrigo, proteção, cultura, conforto.

4.2) Essas coisas que são relativas ao bem-estar são coisas que se autopagam indiretamente, pois preparam o indivíduo de tal maneira que ele sinta bem. E pessoas contentes tendem a produzir mais - e tendem a ser pessoas melhores, mais úteis à sociedade de tal maneira que Deus esteja cada vez mais presente naquelas pessoas e em outras que estejam ao seu redor.

4.3) Essas pessoas que produzem bens que se autopagam indiretamente produzem bens complementares à atividade principal, uma vez que o ser humano não é só uma máquina de trabalhar - a vida tem que ter um sentido, pois ele precisa servir a Deus se quiser ter vida longa nesta terra e a vida neste vale de lágrimas precisa ser um pouco mais confortável, de tal maneira que ele consiga se sentir bem e seguir a sua vocação. E a vocação se funda no diálogo permanente que ele tem com Deus de modo a responder às circunstâncias de vida em que se encontra.

5.1) A riqueza deve ser dada sistematicamente a todo aquele que faz jus a ela de tal maneira a servir a outros semelhantes.

5.2.1) E dar sistematicamente a todo aquele que serve aos irmãos de tal maneira que Cristo esteja mais presente na sociedade se chama distributivismo.

5.2.2) A riqueza deve ser buscada e distribuída de modo que as coisas apontem para o criador: Deus, que operas todas as coisas em todos, de modo que apontem para Ele.

5.2.3) Se não for assim, a riqueza será vista como um sinal de salvação, e só um Deus mau, um demiurgo, é quem divide a sociedade em eleitos e condenados de tal maneira a gerar uma injustiça. E se Deus está contra mim, por estar me condenando de antemão, então minha visão de mundo é de gnose - de revolta contra Deus, pois não vejo amor nas coisas que Ele criou. E não é à toa que a ética protestante leva a um sistema herético de organização da sociedade em que a riqueza tem um fim em si mesmo: o capitalismo.

5.2.4) Como isso decorre de uma cultura herética, então essa cultura só pode ser destruída substituindo-a por aquilo que é conforme o Todo que vem de Deus. E isso pede o cultivo sistemático das almas na verdade e nos fundamentos da santa religião que liga aquilo que se perdeu à conformidade com o Todo que vem de Deus: o catolicismo.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 2 de janeiro de 2018 (data da postagem original).

domingo, 31 de dezembro de 2017

Advertência aos leitores

1) Não esperem de mim uma explicação da História do Brasil neutra - até porque creio na aliança do altar com o trono edificada em Ourique e a ela sou fiel. Sou pró-Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves e tentarei explicar a história com o objetivo de formar uma classe intelectual e política que busque reverter o ato de apatria praticado por D. Pedro I, chamado erroneamente de "independência do Brasil"

2) Não tomo o Brasil como se fosse religião, em que tudo está no Estado e nada pode estar fora dele ou contra ele. Como o Brasil "independente" depende desse culto para existir, então o que vocês verão em mim será uma explicação sobre a gênese dessa anticivilização surgida da traição que D. Pedro I fez a seu pai, D. João VI, e a tudo o que foi fundado em Ourique.

3.1) Eu sou católico e escrevo de católico para católico. Por isso escreverei a história do Brasil olhando para os problemas que decorreram do povoamento desta terra distante, tão distante a tal ponto que dizer o direito de fazer o bem através da justiça era algo bem complicado, pois as demandas judiciais eram grandes e o banditismo era enorme.

3.2) Como a ocasião faz o ladrão, então isso acabou moldando o imaginário nacional, a tal ponto que a literatura nacional registra isso muito bem.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 31 de dezembro de 2017 (data da postagem original).

Se não houve feudalismo em Portugal, então toda explicação marxista, que necessita do feudalismo para existir, é falsa

1) O Brasil foi povoado por Portugal de modo a ser tomado como um lar em Cristo, por força do que houve em Ourique. Foi uma província, um Estado, um vice-reinado até tornar-se Reino Unido a Portugal e Algarves.

2) Em Portugal não houve feudalismo. Por força disso, toda e qualquer tentativa marxista, que usa o feudalismo como matéria-prima para explicar a existência do capitalismo de modo a este ser suplantado pelo comunismo, ruirá por terra. Se Portugal não teve feudalismo, então o Brasil nunca teve feudalismo.

3.1) O país tomado como um lar em Cristo precisa de uma nobreza que sirva a Cristo em terras distantes.

3.2) Como a nobreza exerceu também funções administrativas e mercantis, então ela serviu a Cristo em terras distantes distribuindo bens e serviços nos territórios onde Portugal esteve para propagar a fé cristã. E a maneira de proteger esses território da cobiça dos que iam aos mares em busca de si mesmos era por meio do sigilo.

3.3) Era por meio do sigilo, próprio da política do mare clausum, que uma verdadeira economia de mercado começou a ser construída, fundada no fato de que os produtos e a gente do Brasil encontraram produtos e gente da África, da Ásia e de Portugal de modo que todos se reunissem debaixo da autoridade e proteção do mesmo vassalo de Cristo e servissem uns aos outros como se fossem uma grande família. Assim, os descobrimentos portugueses criaram um verdadeiro Estado-mercado - não aquele mencionado por Bobbitt -, onde as diferentes culturas se integravam e eram assimiladas de modo a serem tomadas como parte da mesma cristandade. E nesse Estado-mercado o Brasil estava prosperando, por ser uma terra muito rica.

3.4.1) Este Estado-mercado não era um paraíso terrestre e nele havia problemas. A própria riqueza atraiu a cobiça de diversos tipos de Judas e dos que iam aos mares em busca do amor de si até o desprezo de Deus (no caso as potências estrangeiras, sobretudo a Holanda, que professava uma fé herética em que a riqueza é vista como se fosse uma espécie de salvação predestinada, coisa que cria muito apátrida por aqui até hoje).

3.4.2) O Brasil ficava longe de Portugal e os que tinham o amor de si exacerbado até o desprezo de Deus começaram a burlar as leis portuguesas, a tomar a terra dos índios e a se sentirem donos de algo que não era seu. Foi por força desse estado de banditismo sistemático, surgido por força das circunstâncias da época, que o Brasil, essa ordem de coisas que decorreu da traição de D. Pedro I a seu pai D. João VI, foi construído e justificado por meio da falsificação histórica sistemática, feita à revelia da documentação portuguesa. 

3.4.3) É por força disso que o Brasil de hoje é uma anticivilização, por ser essencialmente anticristã, pois a ruptura - impropriamente chamada de "independência" - é obra da maçonaria.  

3.4.4) A culpa das nossas desgraças não é de Portugal - foi um capricho do demônio, uma vez que não havia naquela época uma tecnologia como temos hoje em que podemos nos comunicar com alguém em terras remotas e em tempo real, como temos na internet, por exemplo. Se isto existisse naquela época, certamente a cultura de banditismo que há por aqui sequer teria existido e o Brasil ainda seria parte do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves.

4.1) Continuando o que falei, o Rei não administrava esse Estado-mercado - esse encargo coube à alta nobreza civil, militar e religiosa, já que a iniciativa da missão coube à Ordem de Cristo, uma ordem iniciática feita de modo a suscitar uma ordem onde o poder do Espírito Santo guiava Portugal de modo que este fizesse as coisas para a grande glória de Cristo.

4.2) Nessa ordem, haveria a conquista definitiva de Jerusalém por meio do caminho marítimo encontrado, que ia até a Índia, e vencer a cruzada de maneira definitiva contra toda essa gente maometana, os descendentes de Ismael. Esta ordem edificaria uma nova Era na História da Republica Christiana, pois o reinado de Cristo em Jerusalém começaria na figura do vassalo, o rei português, e esse vassalo entregaria o trono a Cristo, quando viesse pela segunda vez.

5) Enfim, toda tentativa para se tentar compreender o Brasil sem entender Portugal será inútil. Não passará de uma falsa história, de um conto de carochinha em que só apátridas e bárbaros acreditarão nessa história.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro,31 de dezembro de 2017.

Da passagem do feudalismo para o capitalismo e comunismo, tudo começou pela nobreza - e não pela burguesia, pelos que moravam nas cidades fortificadas protegidas pelos senhores feudais

1) Como já foi dito, as sociedades indo-européias são estruturadas em três classes: clero, nobreza, e povo (dedicada ao campesinato e ao artesanato).

2) A nobreza basicamente se dedica à guerra - e é no campo de batalha que surge a nobreza. Afinal, é na guerra que surge toda uma tradição que faz o país ser tomado como um lar em Cristo (se as guerras forem pautadas na fé cristã, de modo a expandir o Império de Cristo sobre a Terra contra as invasões dos islâmicos - e para isso é preciso haver uma relação de cumplicidade entre a nobreza e o povo, tal como se deu em Ourique).

3.1) Em Portugal, não houve feudalismo (Portugal esteve sob domínio dos árabes por muito tempo - é por essa razão que a natureza da nobreza de Portugal é toda pautada no serviço à fé cristã contra os infiéis e a servir a Cristo em terras distantes, numa cruzada permanente. E não é à toa que os almirantes portugueses, como Pedro Álvares Cabral, vinham todos da nobreza).

3.2) É no feudalismo que a guerra perde a natureza de guerra justa (de defesa da fé cristã) para ser guerra de agressão, fundada no amor de si até o desprezo de Deus, coisa que se dá por meio da expansão do território do feudo ou do reino.

3.3.1) A Itália da época de Maquiavel conheceu o feudalismo e esteve toda fragmentada em várias cidades-Estado ou ducados que brigavam entre si, agindo por direito próprio ou sob a influência de uma potência estrangeira, como a Espanha ou a França, que já haviam ido ao mar em busca de si mesmas.

3.3.2) Se a Itália unida é hoje uma comunidade imaginada feita de tal modo que o país seja tomado como se fosse uma segunda religião, em que tudo está no Estado e nada pode estar fora dele ou contra ele, então certamente houve um intelectual orgânico, ligado à nobreza, que bolou toda uma doutrina política de tal modo que a Itália ressurgisse e voltasse à antiga glória dos romanos, ao tempos do paganismo. E esse alguém foi Maquiavel.

4.1) A doutrina de Mancini sobre nacionalidade é toda pautada em Maquiavel, assim como a doutrina de Gramsci é pautada em Maquiavel.

4.2) Se o país é tomado como se fosse religião, a ponto de a coroa ter os dois corpos - o corpo espiritual e temporal - , então a nação terá um caráter totalitário, já que o poder está acima da sociedade, a ponto de negar a verdade em pessoa, Cristo Jesus, quando disse que devemos dar a César o que é de César e Deus o que é de Deus. A mesma coisa podemos perceber na Revolução Francesa ou mesmo na Revolução Russa, onde a nobreza foi a grande responsável pela revolução.

4.3.1) Como foi bem dito por Marcelo Dantas, a degeneração da nobreza começa pela opulência - e isso podemos perceber na nobreza francesa e na nobreza russa, que passaram a se dedicar ao serviço público, pois viviam quase todos como nababos.

4.3.2) Como mente vazia é oficina do diabo, a mentalidade revolucionária tomou conta dessas pessoas - da classe inteira, que se tornou ociosa, já que as guerras em que se metiam se dava por força de que esses países iam em busca de si mesmos, de modo que a realeza de cada nação fosse uma mais rica do que a outra, a ponto de causar admiração ou inveja - e essa constante competição pela vanglória levou a um pecado sistemático, até desaguar numa grande marcha a ré pública, edificando liberdade com fins vazios.

4.3.3) Assim, seja por conquistas militares descristianizadas ou por aventuras no ultramar fundadas na vã cobiça, se deu a passagem da Idade Média para a Idade Moderna e Idade Contemporânea, que nada mais é do que uma continuação dos problemas da Idade Moderna acrescida do problema da mentalidade revolucionária (comunismo, fascismo, liberalismo e nazismo).

5.1) O professor Olavo de Carvalho comentou que a nobreza, por conta da experiência em guerra e em assuntos de Estado, começou a atuar também na atividade mercantil. E o surgimento da atividade bancária se deve justamente a isso.

5.2) Afinal, a logística feita para se atender a demanda que havia nas cidades, que estavam renascendo, necessitava de toda uma atividade mais ou menos organizada, que nem aquela que havia nos exércitos - e isso exigia muito dinheiro. E isso às vezes implicava atuar na política, seja ocupando cargos públicos ou agindo por outros meios violentos, como em guerra ou crimes, já que esses dois meios são também continuação da política enquanto conquista do poder fundada no amor de si até o desprezo de Deus.

6.1) O renascimento marcou o ressurgimento da antiga cultura clássica e pagã de que o fim da polis é ir em busca se si mesma, tal como podemos ver nas outras potências marítimas, exceto Portugal - a tal ponto que as nações, que são entidades maiores do que a polis, passaram a ser tomadas como se fossem religião. 

6.2) Neste ponto, podemos ver que a Europa - toda a civilização construída nisso - sucumbirá, exceto Portugal, que guardará a fé, se livre dessa influência nefasta plantada pelos maçons.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 31 de dezembro de 2017.

Notas sobre a agricultura da alma - o caso da digitalização de livros

1) No The Sims 3, havia uma planta que se alimentava de qualquer coisa que você desse pra ela. Tratava-se da planta onívora. Eu costumava dar a ela um exemplar do livro mais caro que tinha e em troca ela me dava ou 3 ou 4 livros do mesmo gênero, quantidade e qualidade. Era bem melhor do que xérox.

2.1) Por conta disso, eu passei a ver o livro como uma semente e a biblioteca como um celeiro.

2.2) Quando digitalizo um livro, eu acabo plantando no meio digital uma cópia desse livro impresso, que será usado não só nos meus estudos como também para estimular os que me são mais próximos a acompanharem todo o trabalho intelectual que faço, mais ou menos nos mesmos moldes da pesquisa medieval, a qual se dava nas universidades.

3.1) É claro que o compartilhamento não deve ser feito a toda e qualquer pessoa, a ponto de o autor do trabalho não perceber seus royalties (direitos autorais) por conta do esforço feito. Não é à toa que pirataria é insensatez, além de ser muito contraproducente.

3.2) Mas quando você presta esse serviço a quem ama e rejeita as mesmas coisas que você, esta pessoa se sente obrigada a remunerar o autor do livro que você comprou (no caso, a semente que você comprou de modo a plantar e fomentar boa consciência nos pares que se encontram em terras distantes - e é neste ponto que faz muito sentido dizer a uma oliveira sair do seu lugar e ir se plantar no mar).

4) Esta é uma das razões pelas quais a digitalização pode ser vista como uma agricultura, pois o que deseja aprender, ainda que em terras distantes, é terra fértil que merece ser cultivada. E para se ter uma boa safra de pensadores, você precisa cultivá-la com sementes de boa qualidade.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 31 de dezembro de 2017.