1) Desde o tempo de universitário, eu me tornei uma pessoa não muito indicada para ser companhia em passeio. A razão pela qual digo isso é que a cidade onde moro se tornou uma cidade muito violenta - desde a morte do traficante Uê, em 2001, a cidade se tornou um verdadeiro barril de pólvora e a coisa só tem piorado. E como as pessoas tendem a valorizar a beleza dos lugares que visitam, acabam dando bandeira para os assaltos. Nos tempos atuais, nem mesmo os shoppings são seguros - é possível haver arrastão a qualquer momento.
2) Desde a década passada eu me tornei uma pessoa pragmática - toda vez que vou a um evento, eu faço o que tem de ser feito e vou embora. Não perco nenhum minuto com bobagem.
3) Além da falta de segurança, os lugares praticam preços exorbitantes, fora da realidade - isso sem contar que a comida é cara e com ela não me sinto alimentado. Como isso atrai os emergentes da Barra, só encontro gente vazia com a qual não se dá nem pra conversar.
4) Passear com alguém num shopping é o tipo de programa que não me atrai. Prefiro estar na casa da pessoa ou chamar a pessoa para vir à minha. Aqui ela come do bom e do melhor, podemos conversar sobre coisas importantes, isso pra não falar que podemos estudar juntos sobre coisas importantes, coisa que adoro e muito.
5) Esse é o programa que gosto. Estou construindo uma biblioteca de tal maneira que eu não precise sair de casa e sentir desgosto, já que as bibliotecas da cidade, além de não emprestarem livro algum, só tem porcaria comunista. Essa foi a maneira que encontrei de sobreviver ao vazio espiritual da cidade e à criminalidade sistemática, que se alimenta disso.
José Octavio Dettmann
Rio de Janeiro, 2 de janeiro de 2018.
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