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sábado, 20 de janeiro de 2018

Notas sobre distributivismo e robótica

1) Em determinadas tarefas, o homem é o melhor operário. Ele é muito bom em tarefas complexas (como análise e raciocínio, bem como criação, tal como design, arquitetura, pintura, escrita etc)

2.1) Em outras tarefas, o robô é o melhor operário, dado que ele é capaz de fazer tarefas simples e repetitivas.

2.2) Em determinas cirurgias, o robô é necessário, pois o ser humano pode ficar cansado e precisa ser substituído, após muito tempo fazendo o mesmo trabalho - e nem sempre o substituto humano é capaz de fazer o mesmo tipo de trabalho, no mesmo gênero, quantidade e qualidade. Como isso pede repetição, um robô pode fazer, tornando um trabalho humano, antes infungível, fungível. Basta que ele esteja programado a fazer o que operário humano é capaz de fazer tecnicamente, na sua melhor condição física e mental. Assim ele se torna vigário daquele operário humano, enquanto ele recupera suas forças, tecnicamente falando.

3.1) Para que uma família faça da sua casa uma pequena indústria, é crucial que haja alguém na família que seja capaz de criar robôs.

3.2) Se houver na família um artesão, basta que este crie uma peça original, um conceito - e o robô só faz o trabalho de reproduzir a peça em larga escala. Para garantir a autenticidade da peça, o artista assina a peça com uma caneta cuja tinta tem o seu DNA - e a tinta da caneta vem de um fio de cabelo desse artista.

4.1) O maior problema hoje em dia é a possibilidade de as famílias criarem seus próprios robôs e poderem fabricar coisas de modo a atender às necessidades das pessoas sistematicamente, favorecendo assim uma maior integração dessas pessoas. E por força dessa integração, as pessoas se tornam mais responsáveis umas com as outras.

4.2) Fabricar robôs que façam o trabalho de repetir o que já foi feito ainda é caro e pede conhecimento especializado. E esse conhecimento ainda está protegido por sigilo industrial - e é esse sigilo que faz com que as indústrias tenham um grande poder de usar, gozar e dispor, criando um verdadeiro monopólio, criando toda uma manipulação social, através dos sucessivos lobbys no governo de modo a tornar a população refém do amor próprio dos capitães da indústria, pois estes vêem a riqueza como um sinal de salvação, o que é fora da conformidade com o Todo que vem de Deus.

4.3.1) Se o monopólio gera abuso, então seria sensato que o governo aliado à Santa Religião quebrasse o monopólio de tal maneira que qualquer um do povo fosse capaz de fabricar seus próprios robôs, uma vez que é função do governo proteger a sociedade dos abusos, principalmente daquela decorrente do poder econômico (um exemplo disso podemos ver no caso da quebra de patentes de modo a produzir remédios genéricos - é desumano ver pessoas morrerem, uma vez que as empresas amam mais o dinheiro do que a Deus, dado que a riqueza é vista como um sinal de salvação).

4.3.2) Uma medida administrativa poderia ser feita no tocante a remover o privilégio temporário das empresas, se elas começarem a promover produtos que atentem contra os valores da pátria e que fazem o país ser tomado como se fosse um lar em Cristo.

4.3.3) Se essa quebra de patentes acontecer, de modo a impedir que o poderio econômico de uma grande empresa domine uma sociedade inteira, então ocorrerá uma desconcentração da indústria a ponto de fazer a mais humilde casa do país uma pequena fábrica. E neste ponto, a revolução industrial acaba sendo afetada pelo distributivismo, dado que qualquer um pode ter sua própria fábrica, ao fabricar seu próprio robô. O que ocorrerá será uma grande restauração da propriedade, sistematicamente falando - uma contra-revolução industrial, dado que transformar matéria-prima em produto acabado sistematicamente estará ao alcance de todos.

4.3.4) Neste sentido, o distributivismo é a aplicação da virtude republicana dos romanos no campo econômico. A concentração de usar, gozar e dispor em poucas mãos faz um homem dominar outro homem, a ponto de reduzi-lo à escravidão - e foi contra essa tirania que os romanos buscaram a república.
José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 20 de janeiro de 2018.

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