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sábado, 20 de janeiro de 2018

Da riqueza como ponte e como muralha

1) A riqueza deve ser usada de modo a criar pontes, favorecendo assim a integração entre as pessoas. Além disso, ela deve ser usada como instrumento para incutir nelas um senso de responsabilidade, pois é preciso servir aos nossos semelhantes de modo que a ordem que ajudamos a construir também nos sirva, quando mais precisarmos.

2.1) A riqueza não pode ser usada como um muro. É dos inimigos, e não dos amigos, que aprendemos a construir muros, já que as causas de uma guerra de agressão se devem à inveja e à ganância sem limites, o que é fora da conformidade com o Todo que vem de Deus.

2.2) Num mundo dividido entre eleitos e condenados, a riqueza é vista como um sinal de salvação, um tipo de muro - e toda filantropia que fazemos é por força de ajudarmos os eleitos, uma vez que não estamos olhando a quem estamos ajudando, uma vez que o bem, fundado na liberdade, está voltado para o nada, por conta da relativização da verdade.

2.3) Na filantropia, nós fazemos uma verdadeira publicidade, criando uma falsa aparência de bondade - e não é à toa que Cristo disse que a mão esquerda (a mão que recebe) não deve saber o que a mão direita (a mão que doa) faz, dado que é por força desse mistério que vemos a presença de Deus naquela pessoa pessoa que doa.

3.1) Quando a riqueza é usada como ponte, nós reconhecemos que somos competentes e incompetentes ao mesmo tempo.

3.2) Se ajudamos a alguém que ama e rejeita as mesmas coisas tendo por Cristo fundamento, então nós estamos dando liberdade para essa pessoa fazer o que precisa ser bem feito dentro dos limites da doação que fazemos; se dou a ela R$ 100,00, então estou permitindo que essa pessoa se aprimore intelectualmente e escreva artigos melhores, com base nos livros que comprou, dentro do limite de R$ 100,00.

3.3) Se o trabalho dessa pessoa rende muito fruto com pouca leitura, então ela merece muito mais do que R$ 100,00 - ela precisará de mais dinheiro de modo que possa contratar tradutores e transcritores de modo que faça um melhor trabalho possível - e neste ponto, eu preciso ajudá-la a ganhar ainda mais dinheiro, pois esse trabalho intelectual organizado é nobre e santificador por si mesmo. Aqui no Brasil não temos essa consciência, mas nos EUA esse tipo de coiss existe - o professor Olavo falou muito sobre isso em uma de suas aulas.

4.1) Quando a riqueza é vista como um salvação, ela denuncia a salvação do homem de si mesmo por seus próprios méritos, uma fuga da responsabilidade. A famosa cultura do jeitinho brasileiro aponta que as pessoas vêem a riqueza como uma salvação.

4.2.1) O professor Olavo aponta que um povo é dinheirista demais quando tende a investir seu dinheiro em luxos, a ponto de se tornar uma classe ociosa.

4.2.2) Muitas pessoas aqui no Rio estão imitando o exemplo dos emergentes da Barra da Tijuca, gastando o dinheiro como futilidades e não incentivando os verdadeiros trabalhadores a servirem melhor aos seus semelhantes.

4.2.3) Isso é um indicio de que o Brasil imitou os EUA no que há de pior: na ética protestante. Se o Brasil tivesse olhado para sua rica herança portuguesa, poderia ser mais rico ainda, não só materialmente como também espiritualmente - e essas duas riquezas, quando casadas, fazem o país ser tomado como se fosse um lar em Cristo, o que nos prepara para a pátria definitiva, a qual se dá no Céu.

4.2.4) Esta é uma das razões pelas quais eu odeio esses que querem seguir o modelo anglo-saxão, conservando de maneira conveniente e dissociada da verdade essa secessão que o país fez contra Portugal e contra aquilo que foi fundado em Ourique.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 20 de janeiro de 2018.

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