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segunda-feira, 29 de janeiro de 2018

Notas sobre nacionismo, nacionalismo e sobre os messianismos associados a cada um deles

1.1) Para se tomar o país como um lar, é preciso que Deus venha até nós, assuma a forma humana e faça com que a lei mosaica atinja seu pleno cumprimento em Cristo Jesus.

1.2.1) Se o verbo não se fizer carne de modo a fazer santa habitação em nós, então não haverá senso de tomar o país como um lar em Cristo, de modo que todos os povos gentios sejam também tomados como filhos de Deus e façam parte da herança divina.

1.2.2) Dentro desta lógica, por conta do distributivismo, todos os povos tidos por condenados também passaram a eleitos por adoção divina, já que a evangelização semeou a verdade onde antes não havia, fazendo um deserto tonar-se um verdadeiro jardim. Eis aí a razão pela qual a antiga lei deu lugar à nova lei. Não é à toa que judaizar implica retirar a lei nova para dar lugar à antiga, o que implica conservar o coração de pedra e fechado para Deus como uma conveniência, embora isso seja dissociado da verdade.

2.1) O messianismo nacionalista pede que o Estado seja tomado como se fosse religião e que o Deus verdadeiro decorrente do Deus verdadeiro, que criou o universo  por amor, esteja morto, como disse Nietzsche.

2.2) Se Deus está morto, então a antiga lei foi restaurada a ponto de o mundo ser dividido entre eleitos e condenados, o que é essencialmente gnóstico, pois Deus, dentro desta lógica, é essencialmente mau, quando na verdade o mau existe por conta da ausência de bem - e o conservantismo, por natureza, semeia o relativismo moral.

2.3) Se o Brasil renegou Ourique, por força da nefasta secessão ocorrida no dia 7 de setembro de 1822, então todas as desgraças são justificadas pelo fato de que Portugal foi aos mares por si mesmo, fazendo das grandes navegações uma vanglória, uma busca sem sentido, o que é extremamente desonesto. E, nesse sentido, a historiografia fraudulenta criou uma cultura de eleitos e condenados, o que não só destrói o catolicismo como também permite a profusão de toda sorte de heresias políticas e religiosas.

2.4.1) A fé fundada na conformidade com o Todo que vem de Deus, que deu ao povo aqui nascido tomar o país em que mora como se fosse um lar em Cristo por força do que houve em Ourique, é como uma pedra que fala, ainda que haja toda uma falsificação sistemática. E essa pedra que fala, que se tornou  a pedra angular, costuma agir na forma de reações messiânicas, pois é o Cristo Crucificado, o verbo que se fez carne, quem está falando por meio do povo oprimido pelas mentiras sistemáticas da República e de seu predecessor, o Império Maçônico - e nós podemos ver isso em momentos como o da Guerra de Canudos. É como se o povo estivesse vagando no deserto em busca da verdade, da sua conexão de sentido ante a este cenário de total falta de sentido em que os maçons nos colocaram. É como se o dom da profecia estivesse sendo distribuído a toda a população - e certamente um grande profeta surgirá no meio dela.

2.4.2) Como os nossos políticos são espertalhões e se acham descendentes do Faraó do Antigo Egito, então eles querem converter esse messianismo que vai e volta em uma era de nacionalismo, a ponto de renovar a República mais uma vez e assim reescrever a constituição mais uma vez de modo radicalizar ainda mais esse conservantismo odioso. Essa radicalização coincide com a sexta fase da revolução gramsciana.

3.1) O que estamos a ver hoje é uma guerra de um Messias fabricado (Lula) contra seu Antimessias, também fabricado (Jair Messias Bolsonaro). Basta olharmos o Caderno de Teses do PT.

3.2) Se o Lula é a tese e o Bolsonaro é a antítese, então a síntese será o fortalecimento, o recrudescimento da experiência revolucionária brasileira, a ponto de nos afastar ainda mais daquilo que se fundou em Ourique.

3.3) Como o partido único, o Partido Brasileiro, foi fundado na mentira, então a única desobediência possível é fundando um Partido Português, com base na cultura verdadeira, fundada em Ourique e que constitui o mitologema português. E isso não se dá na forma de um partido, no sentido jurídico e formal do termo, mas de uma cultura - e essa contracultura é que gerará o partido português, restaurando aquilo que se perdeu com a secessão de 1822, uma vez que somos portugueses nascidos na América e não brasileiros.

3.4.1) Como a política é uma expressão da cultura, então não é fundando um partido, no sentido jurídico e formal do termo, que se funda o partido português. O partido pede um jeito de ser que renegue o falso, o jeitinho brasileiro clássico - e neste ponto, você precisa se universalizar primeiro de modo a ser um português nascido e criado na América, como diria Kujawski no livro A Pátria Descoberta.

3.4.2) Portugal é parte da Cristandade e da Europa Ocidental. E esta civilização é o que é por defender a fé Cristã, fundada na conformidade com o Todo que vem de Deus. E é isso que precisa ser restaurado.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 29 de janeiro de 2018.

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