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terça-feira, 9 de janeiro de 2018

Notas sobre as relações bancárias

1.1) Quando você está numa economia subordinada, a sua relação bancária é de correntista.

1.2) O seu salário tem caráter alimentar. Como os patrões costumam ter conta nesse banco, então sua conta é acessório que segue a sorte do principal, a conta da empresa. 

1.3) Se o banco administra as contas, então ele cobra do correntista pelos serviços da gestão dessa conta. Como essa cobrança se dá sobre algo improdutivo, posto que o dinheiro pago tem caráter alimentar então ela se torna um tipo de usura, pois o banqueiro se torna um tipo de feitor de escravos. 

1.4) Num país onde a maioria da população trabalha em economia subordinada, a tendência é que todos sejam correntistas, a ponto de fazer da usura uma prática "comercial" - "legítima", por força da permissão que a lei positiva, divorciada de Deus, concede aos banqueiros.

2.1) Quando você não está na economia subordinada, a sua relação bancária é a de poupador. Torna-se uma relação de confiança.

2.2) No Brasil, o dinheiro da poupança é usado para a construção de moradias populares. Se a atividade bancária não fosse pautada pela ética protestante e pelo espírito do capitalismo, onde a riqueza é vista como um sinal de salvação e essa salvação pode se dar nesta vida por meio da filantropia, então a atividade bancária seria mais livre, a tal ponto que o banqueiro, ao coordenar o trabalho de todos os gerentes e bancários, criaria pontes de intermediação entre os que poupam e os que tomam o dinheiro emprestado de modo fazer algo bom, de tal modo que o país seja tomado como se fosse um lar em Cristo, criando uma relação de distributivismo sistemático, uma espécie de sociedade de confiança.

2.3) Nesta sociedade de confiança, a taxa de juros não seria de 5 reais por mil reais emprestados, arbitrada pelo Bacen. Como a relação entre o banqueiro e eu é uma relação de confiança, societária, então eu tenho direito a 50% do dinheiro que foi emprestado pelo banco, se esse empréstimo se deu por força do meu dinheiro que está depositado no banco, por força do princípio da causalidade.

3) Se eu tiver uma relação bancária de longo prazo, então o meu dinheiro pode ser emprestado para os melhores pagadores cadastrados no banco. Eu ganharia um pouco mais, pois meu dinheiro está nas mãos de um tomador excelente. Se sou poupador novo, o meu dinheiro vai para tomadores novos - a taxa de juros é um pouco mais alta, dado que o banco está protegendo meu dinheiro de um eventual calote - e para isso, vai precisar de todo um corpo jurídico que proteja meu dinheiro dos maus pagadores. E isso é uma forma que o banco tem de servir confiança a mim - é um incentivo a mais.

4) Como a relação bancária se dá de forma quase que eletrônica, impessoal, então tanto faz ser correntista ou ser poupador. Banco que não trabalha para os seus clientes de modo a servir confiança, isso para eles não passa de agiotagem - e a base de operações da agiotagem se dá por meio do estelionato, quase sempre movida à propaganda, que a alma desse negócio do diabo.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 9 de janeiro de 2018 (data da postagem original).

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