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domingo, 31 de dezembro de 2017

Notas sobre a agricultura da alma - o caso da digitalização de livros

1) No The Sims 3, havia uma planta que se alimentava de qualquer coisa que você desse pra ela. Tratava-se da planta onívora. Eu costumava dar a ela um exemplar do livro mais caro que tinha e em troca ela me dava ou 3 ou 4 livros do mesmo gênero, quantidade e qualidade. Era bem melhor do que xérox.

2.1) Por conta disso, eu passei a ver o livro como uma semente e a biblioteca como um celeiro.

2.2) Quando digitalizo um livro, eu acabo plantando no meio digital uma cópia desse livro impresso, que será usado não só nos meus estudos como também para estimular os que me são mais próximos a acompanharem todo o trabalho intelectual que faço, mais ou menos nos mesmos moldes da pesquisa medieval, a qual se dava nas universidades.

3.1) É claro que o compartilhamento não deve ser feito a toda e qualquer pessoa, a ponto de o autor do trabalho não perceber seus royalties (direitos autorais) por conta do esforço feito. Não é à toa que pirataria é insensatez, além de ser muito contraproducente.

3.2) Mas quando você presta esse serviço a quem ama e rejeita as mesmas coisas que você, esta pessoa se sente obrigada a remunerar o autor do livro que você comprou (no caso, a semente que você comprou de modo a plantar e fomentar boa consciência nos pares que se encontram em terras distantes - e é neste ponto que faz muito sentido dizer a uma oliveira sair do seu lugar e ir se plantar no mar).

4) Esta é uma das razões pelas quais a digitalização pode ser vista como uma agricultura, pois o que deseja aprender, ainda que em terras distantes, é terra fértil que merece ser cultivada. E para se ter uma boa safra de pensadores, você precisa cultivá-la com sementes de boa qualidade.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 31 de dezembro de 2017.

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