1) Na aula 83 do COF, que é sobre as 12 camadas da personalidade e a vida intelectual, o professor Olavo fala que a felicidade se dá no momento em que o eu ocupo um espaço de modo a ser útil a sociedade, criando pontes ou arranjos que fazem com que outras atividades se desenvolvam paralelamente. É a partir da quinta camada, se não estou enganado, que começa a figura do eu como construtor de pontes (ego pontifex)
2) Eu encontrei esse espaço escrevendo e digitalizando livros.
3.1) A digitalização é um tipo de trabalho que ninguém faz, por ser muito trabalhoso.
3.2) Mas, uma vez digitalizado o livro, além da sensação de ter feito isso com as minhas próprias mãos um tanto quanto ineptas, eu posso compartilhar o fruto do meu trabalho com os meus contatos de modo que tenham o mesmo acesso à bibliografia que utilizei em meus trabalhos (pois muitos deles moram fora do Rio de Janeiro e chamá-los para virem à minha casa para mostrar-lhes a biblioteca, na atual circunstância, é uma questão impraticável). Além de preservar o acervo e fazer circular os livros de modo que livros novos possam entrar, posso levar a biblioteca que estou construindo para onde quer que eu vá, já que não posso levar muitos livros físicos comigo na rua. Isso sem contar que eles me servem de suporte para os meus próprios estudos.
3.3.1) Enfim, é como se tivesse dentro de mim aquele setor de documentação onde trabalhei no tempo em que fui estagiário da Procuradoria-Geral do Estado, há mais de dez anos.
3.3.2) Lá eu me senti realizado - aquilo não saiu de mim, pois me vi estratégico para uma atividade estratégica, que é atividade intelectual, algo tão desprezado no Brasil. Se a PGE fosse uma empresa privada, eu trocaria a função de advogado pela função de analista de jurisprudências do STF e do STJ - passaria o dia inteiro estudando, sem precisar lidar com contenciosos administrativos ou judiciais. Como existe a cultura do diploma, e eu sou formado em Direito e não em Arquivologia, então eu tratei de levar essa experiência para a minha própria vida, onde esta me seria mais útil.
4.1) Quando completei 30 anos, em 2011, eu ganhei minha câmera digital - com a experiência, comecei a fazer digitalizações de boa qualidade. Depois que cumpri minha missão intelectual de combater a Dilma, o PT e o Foro de São Paulo, coisa que se deu entre janeiro de 2014 até novembro de 2016, eu voltei a digitalizar e a estudar. E desde então eu me sinto realizado nesta atividade, pois não só estou ocupando meu tempo, como também ocupando um espaço que ninguém ocupa, pois estou preparando o caminho para os meus outros contatos também, já que gosto muito de servir aos outros.
4.2) Algumas pessoas disseram que os pdf's dos livros digitalizados podiam ser lidos em voz alta, o que era útil para aos cegos, já que o OCR convertia as letras da foto em texto, o qual era lido pelo software em voz alta para o cego. Talvez este tenha sido o maior ato de caridade que eu já tenha praticado para alguém, sem saber.
5.1) Da combinação de digitalização e estudos sinto que já ultrapassei a oitava camada da personalidade, quando passei a ter minha própria voz, a ter autoridade sobre as coisas que falo.
5.2) Afinal, eu só posso ter voz própria no sentido de que devo esvaziar-me de mim mesmo: o pecador que conserva o que é conveniente e dissociado da verdade deve morrer de modo que Cristo viva em mim e possa fazer as n'Ele, por Ele e para Ele, o que faz com que eu conserve a memória da dor de Cristo, cujo sacrifício edificou a verdadeira liberdade em nós, ao vivermos a vida na conformidade com o Todo que vem de Deus.
6) Enfim, estas são algumas coisas que pude meditar por força desta aula que estava ouvindo hoje, no youtube.
José Octavio Dettmann
Rio de Janeiro, 30 de dezembro de 2017.
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