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quinta-feira, 21 de dezembro de 2017

Olavo de Carvalho - Notas sobre perfeição e o sentido da vida

"A perfeição a que me refiro tem menos a ver com as virtudes morais ou teologais do que com a integração da psique em torno de um núcleo de autoconsciência. Duas noções que absorvi da psicologia clínica ajudam a esclarecer isso. Uma é o ego pontifex tal como descrito por L. Szondi: o ego como “construtor de pontes”, articulador das várias dimensões e tensões da psique. Szondi divide essas dimensões em: (1) hereditariedade e pulsões elementares; (2) ambiente social; (3) ambiente cultural; (4) espírito. As pulsões dividem-se em: (1) sexo; (2) carga e descarga de energia; (3) pulsão do ego; (4) contato social, cada uma subdividida num vetor positivo e num negativo. Ele compara o conjunto a um palco giratório cujo eixo é o ego. Este escolhe, a cada momento, a dimensão em que vai atuar (cognitivamente ou comportamentalmente), bem como as pulsões que vai liberar ou frear. A perfeição de que falo é a força integradora do ego, que tudo absorve e rege na máxima medida possível.

A isso se associava estreitamente a noção do “sentido da vida” tal como exposta por Victor Frankl: o apelo do espírito que unifica a psique através do ego.

A essas duas noções articulei a técnica da confissão permanente tal como aprendi em Sto. Agostinho. A filosofia tornava-se, assim considerada, a luta pela consciência e pela vida consciente, contra as forças anárquicas e obscuras de dentro (pulsões) e de fora (ambiente cultural e social). Uma versão modernizada e mais “técnica” da interminável luta socrática pela ordem da alma, que é a vocação inicial e primordial da filosofia. Remover tudo isso para o campo especializado da psicologia clínica e da "auto-ajuda", limitando a filosofia a "argumentos abstratos" e "estudo de textos", é talvez o maior crime que já se fez contra a filosofia desde o assassinato de Sócrates."

-- Olavo de Carvalho

Fonte: https://www.facebook.com/nicolas.candiotipiocoppi/posts/1507230826011559

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