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quarta-feira, 20 de dezembro de 2017

Ao contrário do que o mundo pensa, nacionalismo não é o antônimo de globalismo

1.1) Muita gente tende a tomar o nacionalismo como o oposto do globalismo. Fazem isso porque o horizonte de consciência é muito reduzido, a tal ponto que confundem tomar o Brasil como um lar com país tomado como se fosse religião. 

1.2) Isto é explicado não só por conta de o país estar fortemente descristianizado, amputado das suas razões de ser, uma vez que o Brasil é um desdobramento daquilo que houve em Ourique, em terras americanas. Ao matarem esta árvore e colocarem no lugar a árvore envenenada do quinhentismo e da independência, os frutos desta terra ficaram podres, fundados numa liberdade voltada para o nada. Não é à toa que sigo o conselho do professor Olavo: evito o mundo, o diabo e a carne.

2.1) O nacionalismo é na verdade a tirania do Estado tomado como se fosse religião em um só país. E isso prepara o caminho para o comunismo, que é essencialmente internacionalista.

2.2.1) Tal como cupins, eles destroem tudo o que é orgânico e bom, fundado na conformidade que vem de Deus e que faz o país ser tomado como um lar em Cristo - n'Ele, por Ele e para Ele, o que nos leva para a pátria definitiva, a qual se dá no Céu.

2.2.2) Em seu lugar colocam tudo o que é mecânico, com o intuito de tudo ser controlado por meio de máquinas eficientes, criando uma espécie de solidariedade forçada, que é na verdade mais pastosa do que sólida. Digo pastosa porque ela é o estado intermediário entre o sólido e o líqüido - o sólido leva à solidariedade, ao orgânico, fundado na conformidade com o Todo que vem de Deus; o líqüido, leva à liberdade voltada para o nada, uma vez que determinadas formas são assumidas de modo a se servir um conteúdo venenoso e destrutivo, relativizando e pervertendo tudo o que é sagrado e verdadeiro. Talvez o pastoso seja a síntese da tese, o líqüido, e a antítese, o sólido, pois o sólido deve desmanchar-se no ar - e o desmanche passa por meios intermediários, já que a conversão do cru para o cozido não se dá num passe de mágica.

2.3.1) Se a nação é um pequeno sistema, uma pequena máquina que se funda em si mesma de modo a atender aos fins do Estado tomado como se fosse religião, então o globalismo é uma grande máquina decorrente da associação dessas outras máquinas de modo a produzir algo totalitário e nefasto em larga escala.

2.3.2) Como a eficiência se funda numa economia de escala, então decisões totalitárias podem ser tomadas em escala global se os países forem todos reduzidos a uma máquina, sistematicamente falando.

2.3.3) O comunista se assemelha ao liberal, por conta de sua visão mecanicista - e a economia fica subordinada aos fins da política, a tal ponto que a propriedade privada é vista como uma concessão precária do Estado, que vê o trabalho do particular que colabora com os fins do governo como algo útil ao seu plano de dominação mundial. Em termos de Direito Administrativo puro, tomado em si mesmo, a propriedade privada é uma permissão de uso que o governo dá a bens sem destinação específica, os chamados bens públicos dominicais - e esta permissão pode ser encampada se houver conveniência e oportunidade.

3) Enfim, nacionalismo não é o oposto de globalismo; se tomarmos por base a teoria dos círculos concêntricos, é algo menor que prepara o caminho para algo maior. Como bem apontou Bertrand de Jouvenel, se há meios de se concentrar os poderes de usar, gozar e dispor dos bens em poucas mãos, então os abusos se multiplicarão. E todo dia novos mecanismos são criados com essa finalidade.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 20 de dezembro de 2017.

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