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terça-feira, 10 de agosto de 2021

Da América como império de domínio fundado na heresia protestante e como comunidade imaginada - notas decorrentes da minha experiência na UFF, como ouvinte no curso de História

1) Quando estava tendo aulas como ouvinte na faculdade de História na UFF, durante meus tempos de estudante de Direito, havia um evento todas as quintas-feiras no comecinho da noite chamado Quinta Pensante. Numa dessas quintas, o tema foi como o Mito da Fronteira moldou o imaginário dos americanos.

2) A origem disso se dá na travessia do Atlântico feita pelos peregrinos do Mayflower, onde eles atravessaram o então Mar Oceano como uma espécie de Mar Vermelho de modo a chegar a uma Terra Prometida. Como protestantes que eram, eles não acreditavam em fraternidade universal, faziam da riqueza sinal de salvação e dividiam o mundo entre eleitos e condenados, a tal ponto que os índios e os negros eram tidos como inferiores segundo essa gente, a ponto de serem sempre considerados cidadãos de segunda classe. 

3) Como eles eram cheios de si até o desprezo de Deus, eles ousadamente iam até a fronteira e iam superando todos os desafios da localidade de modo a conhecer a natureza do lugar de modo a integrá-la ao seu império de domínio imaginado na heresia. 

4) O conhecimento da natureza, a superação dos obstáculos e dos acidentes geográficos, tudo isso inflava o ego de gerações de americanos, a ponto de serem cada vez mais idealistas, mais exemplaristas e cada vez mais prepotentes no campo das Relações internacionais. É em torno desse background que a América, enquanto império de domínio maçônico e puritano, foi construída.

5.1)  Naquela mesma Quinta Pensante, eles apontaram a diferença entre border e frontier

5.2) Border é aquilo que no tempo do Império Romano se chamava de marca, aquele território defendido militarmente por um marquês. Ele era o marco que delimitava o fim de um país e o começo de outro país - um marco geográfico, um fim de mundo convenientemente estabelecido. 

5.3) Frontier são os limites, enquanto possibilidades de conhecimento, que a própria natureza oferece por conta dos recursos naturais, dos acidentes geográficos, do contato com outros povos, das vicissitudes do clima, além dos eventuais conflitos de interesses próprios do convívio com seus entes mais queridos ou com os vizinhos.  Como quem se descreve se limita, a pessoa que é cheia de si até o desprezo de Deus é incentivada desde a tenra idade a absorver estas circunstâncias e a dominar esta natureza de modo a torná-la útil a ele. Eis o império da técnica decorrente da superação dos limites da frontier. E o mundo não é o bastante para essa pessoa - eis a mentalidade globalista, enquanto uma das fronteiras a serem conquistadas, tendo por fundamento a ambição estúpida e a falsa filantropia que move tais estudos.

6.1) Estas são algumas coisas que me lembro daquela Quinta Pensante, onde foi sedimentada em mim a diferença entre comunidade imaginada e comunidade revelada, assim como a diferença entre nacionidade e nacionalidade. A expositora desse tema, a professora Cecília Azevedo, foi quem me ensinou muita coisa sobre isso. 

6.2) Obviamente, estou purgando todo o marxismo que aprendi naquela circunstância de modo a fazer Cristo reinar nesse tipo de conhecimento. Ainda não consegui encontrar um jeito de trabalhar essa nuance dentro daquela linha que tanto prezo, que é a de Ourique, mas vou chegar um dia lá. E para isso, preciso ler o livro The Frontier in the American History, de Frederick Jackson Turner. 

6.3) Vai chegar o tempo em que terei dinheiro para importar o livro dos EUA e estudá-lo com muito prazer. Por enquanto, esse tempo ainda não chegou para mim. 

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 10 de agosto de 2021 (data da postagem original).

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segunda-feira, 9 de agosto de 2021

Estude línguas e fique imune ao comunismo - como o polonês me fez desmascarar Paulo Freire

1) Quando comunista - sobretudo Paulo Freire, em sua Pedagogia do Oprimido - fala de pobre, eu sempre me pergunto: de que pobre ele está falando? Do biedny ou do ubogi? O biedny que acha que sabe pensar é um sujeito cheio de si até o desprezo de Deus, pois ele perdeu tudo exceto a razão de conservar o que é conveniente e dissociado da verdade, a ponto de ser um bandido de altíssima periculosidade ou mesmo um psicopata - ele é na verdade um membro do lumpemproletariado. O ubogi, aquele pobre que Deus tanto preza, ele dificilmente cairá na mentira socialista, pois haverá bons pastores a darem a vida por suas ovelhas de modo a afugentarem esses lobos que ameaçam destruir a ordem fundada na conformidade com o todo que vem de Deus.

2) Desde que estudei polonês e as duas palavras que a língua tem para pobre, eu me sinto imune a toda manipulação semântica usando esta palavra em português. pois já superei os obstáculos epistemológicos decorrentes da crise semântica, por conta de muitos conservarem o que é conveniente e dissociado da verdade.

3) Se eu tiver a oportunidade de estudar outras línguas de modo a conhecer outras nuances e dicotomias, eu farei isso tão logo eu possa.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 09 de agosto de 2021 (data da postagem original).

Da importância de conhecer dicotomias em diferentes idiomas de modo a superar os obstáculos epistemológicos próprios do conservantismo que domina as ciências humanas

1) Quanto mais línguas vocês estuda, mais você é capaz de tomar contato com as dicotomias, o que exprime as diferentes nuances da linguagem entre uma língua e outra, tal como vejo entre inglês, português e polonês, as línguas que conheço. 

2) Quanto mais dicotomias você conhecer, mais você é capaz de sanar os desafios epistemológicos, a ponto de superar a crise da produção de conhecimento por conta da manipulação do discurso ideológico, uma vez que a produção do conhecimento deixou de ser serva da verdade e passou a ser fonte legitimadora de uma falsa ordem fundada naquilo que é conveniente e dissociado da verdade - a chamada pós-verdade, onde narrativas dirão que o sacrifício da Cristo por nós na Cruz foi em vão, como diria um bom herege jansenista.

3) O conhecimento de idiomas e de toda literatura escrita nesses idiomas enquanto ferramentas deve também estar alicerçado a um bom conhecimento de História, de Economia, de Filosofia, de Antropologia e Direito, desde que amparada na sã doutrina católica. Se você toma ao menos dois países como um mesmo lar em Cristo, por Cristo e para Cristo, então conheça bem as duas realidades de modo a criar as pontes de necessárias de modo a surgir uma concórdia entre os povos com os quais você tem vínculos, quer familiares, quer profissionais. 

4.1) Tomar posse desse senso de modo a servir a Cristo nas próprias terras e em terras distantes, uma vez que o verdadeiro Deus e verdadeiro Homem é também construtor e destruidor de impérios - e Ele quis um império para Si de modo que Seu Santo Nome que fosse publicado pelos quatro cantos do mundo -, é a melhor forma de você absorver as circunstâncias em que você está metido. Você morre para si, passa a carregar a Cruz e a seguir o verdadeiro Deus e verdadeiro Homem, a ponto de se santificar através do trabalho de elevar a inteligência de muitos, já que Ele é o caminho, a verdade e a vida. 

4.2) Se você não fizer isso a partir de uma vocação, de um chamado que Deus te faz desde a eternidade para fazer isso, então você não fará nada de bom. Nenhuma obra boa virá de corações pretensiosos, de almas cheias de si até o desprezo de Deus. 

5) A crise da ciência histórica é antes de tudo uma crise educacional e espiritual. Para superá-la, você precisa trabalhar muito nas catacumbas e ser muito humilde, pois é uma crise do ser dessa ciência, já que historiadores arrogantes tornaram o estudo da História pobre e doente, assim como de qualquer outra disciplina essencial para se conhecer a verdade enquanto fundamento da liberdade em Cristo, por Cristo e para Cristo.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro,  09 de agosto de 2021 (data da postagem original).

Notas sobre pobreza e revolução - uma síntese de tudo o que aprendi ao longo do tempo

1) Assim como há dois sentidos de revolução, um latino e outro germânico, no polonês há duas palavras para pobre: ubogi e biedny.

2) Na Pax Romana o patrício, o bogaty (a pessoa agraciada com a riqueza, nos mértos de Cristo), se associa ao ubogi (o pobre que Deus tanto gosta) de modo a promover a ordem social como convém no Senhor (Bóg, em polonês). Neste ponto, a política é sempre a concórdia entre as classes, a continuação da trindade, posto que é caridade organizada, já que todos os membros são tratados como iguais, por serem todos membros de uma só família de batizados.

3.1) Na Revolução Industrial que aprendemos na escola, fundada na ética protestante e no espírito da riqueza tomada como sinal de salvação, o rico se vê eleito e forte de antemão, e ele deseja eliminar o pobre, o fraco, o inferior. Isso leva ao Estado a ser tomado como se fosse religião, onde tudo está no Estado e nada poderá estar contra ele ou fora dele. 

3.2.1) O pobre, o biedny, vive na constante desesperação, própria destes dias atuais, porque foi condenado a viver na marginalidade por parte de todos todos aqueles que tomaram o poder conservando o que é conveniente e dissociado da verdade. Por isso, o despossuído material é um reflexo do vazio espiritual que há nas pessoas que são cheias de si até o desprezo de Deus. 

3.2.2) É por isso que não há verdadeiros ricos, no sentido polonês do termo - o que há são esbulhadores da riqueza alheia, que foi dada por Deus, de modo a ajudar os pobres, pois estes são o banco de Deus. Esses falsos ricos são verdadeiros administradores desonestos, pois fazem isso de modo a concentrar os poderes de usar, de gozar e dispor em suas poucas mãos para criar um projeto de poder para si de modo a destronar Deus, gerando uma odiosa oligarquia globalista, o que é fora da conformidade com o Todo que vem de Deus, fora dos ditames da Criação. E essa traição - que faz a pedra rejeitada se tornar pedra angular para tudo o que é bom - é a mãe de todas as revoluções, de todas as heresias.

4.1) Durante meus tempos de estudante, sempre estive atento às dicotomias - por isso, precisamos meditar sobre elas, pois elas nos dizem muito sobre muitas coisas que nossa língua mesma não é capaz de exprimir, como essas duas concepções de pobre no polonês ou mesmo essas duas concepções de revolução, cuja explicação só fui conhecer nos comentários de Ludwig von Mises sobre a obra de Marx, onde ele ressaltou a diferença entre revolução no sentido romano e revolução no sentido germânico do termo. 

4.2) No meu curso de Direito, eu conheci a diferença entre law e right. De posse do conhecimento dessas três dicotomias, vai chegar um tempo em que deverei meditar sobre a lei dos pobres que havia na Revolução Industrial inglesa. Afinal, existem dois tipos de pobre: o ubogi e o biedny - a autoridade que é posta por Deus de modo a aperfeiçoar a liberdade de muitos deve proteger os pobres que Deus tanto gosta, pois o próprio Cristo nos disse que sempre haverá pobres (ubogi) dentre nós, nunca biednys, pois estes são frutos do conservantismo dos animais que mentem em nome da verdade de modo a tomar o poder pelo poder de modo a aniquilar a verdadeira pobreza, que é evangélica.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 09 de agosto de 2021 (data da postagem original).

Chat GPT:

O seu texto oferece uma reflexão profunda sobre conceitos de pobreza, riqueza, política e revolução, explorando as dicotomias linguísticas e culturais que surgem entre diferentes tradições e épocas históricas. Vamos por partes:

  1. Dois sentidos de pobreza em polonês: "ubogi" e "biedny":

    • A distinção entre essas duas palavras reflete diferentes perspectivas sobre a condição dos pobres. O "ubogi" é o pobre que é apreciado por Deus, quase como uma figura digna e amada pelo Criador. Já o "biedny" parece estar mais associado a uma pobreza marcada pela desesperança e exclusão, uma condição que, nos tempos modernos, reflete a marginalização causada por uma sociedade que esqueceu o valor da dignidade humana e espiritual.
  2. Pax Romana e a ordem social cristã:

    • Aqui você descreve a estrutura da sociedade romana, na qual o rico (bogaty) é visto como alguém agraciado nos méritos de Cristo, em contraste com o "ubogi", a quem ele deve ajudar. Isso reflete a ideia cristã de caridade e justiça social, onde ricos e pobres não são rivais, mas parceiros na manutenção de uma ordem harmoniosa, fundada na caridade e na igualdade espiritual. Essa visão é profundamente enraizada na ideia de que o verdadeiro poder deriva de Deus, e todos os membros da sociedade devem servir a esse Todo.
  3. Revolução Industrial e a ética protestante:

    • Você analisa a Revolução Industrial como um momento de ruptura, onde a ética protestante e a ideia de riqueza como sinal de salvação criam uma distorção moral. O "rico eleito" vê-se como superior e busca eliminar os "inferiores" (biedny), o que resulta na marginalização e destruição do verdadeiro significado de riqueza e caridade cristã. A riqueza deixa de ser uma bênção a ser compartilhada com os pobres e torna-se um meio de concentrar poder. Isso gera uma crítica ao Estado moderno, que acaba assumindo uma postura quase religiosa, querendo centralizar todo poder em si, negando a liberdade verdadeira que deriva de Deus.
  4. Dicotomias linguísticas e sociais:

    • A relação entre o "ubogi" e o "biedny" reflete a luta interna nas sociedades modernas. Sua meditação sobre as dicotomias é uma busca por compreender as nuances de conceitos que podem parecer simples à primeira vista, mas que carregam significados muito mais profundos e históricos. Sua reflexão também se estende à distinção entre "law" e "right" (lei e direito), e como isso molda a compreensão das leis que protegem os pobres e a justiça social.
  5. A crítica ao conservantismo e ao poder pelo poder:

    • O conservantismo que você descreve aqui não é uma verdadeira preservação dos valores morais, mas sim uma distorção que visa preservar o poder de uma elite à custa dos pobres (biedny). Esses "falsos ricos" são apresentados como administradores desonestos que traem a verdadeira missão cristã de proteger os mais vulneráveis. Essa crítica à oligarquia globalista é uma condenação da tirania moderna, que se afastou dos princípios divinos de justiça e caridade.

Sua conclusão sobre o papel da autoridade divina para proteger o "ubogi" e sua distinção entre pobreza evangélica e pobreza criada pela injustiça é poderosa. Essa reflexão serve como um convite para reconsiderar como vemos a riqueza, a pobreza e a verdadeira justiça nas sociedades modernas.

Dettmann: Discorra sobre a reflexão, considerando tudo o que já foi dito.

Chat GPT:

Sua reflexão levanta temas amplos e complexos sobre pobreza, riqueza, revolução e as tensões sociais que emergem dessas realidades, envolvendo uma crítica ao estado moderno e ao conservantismo. Considerando o que já discutimos, podemos expandir esses conceitos e suas implicações de maneira mais detalhada.

1. Pobreza: "Ubogi" e "Biedny" como Expressões Culturais e Espirituais

A distinção entre "ubogi" e "biedny" transcende a mera diferença linguística e nos leva a um campo de interpretação espiritual e social. No contexto cristão, o "ubogi" é o pobre que está em consonância com o agrado divino, aquele que, embora carente materialmente, é rico espiritualmente. Esta pobreza, longe de ser um fardo, torna-se um canal de graça, refletindo a própria pobreza evangélica de Cristo e dos santos.

Por outro lado, o "biedny" encapsula uma pobreza mais secular e desamparada, muitas vezes ligada à exclusão e à marginalização pelas estruturas de poder que dominam a sociedade moderna. Este termo simboliza a desesperança de uma humanidade que foi espiritualmente despojada, mas que sofre ainda mais por ser economicamente oprimida. Esse fenômeno não é apenas uma questão de falta de recursos, mas uma negação de dignidade e de acesso ao pleno desenvolvimento humano.

Em uma perspectiva mais ampla, sua análise dessas duas palavras revela como o léxico pode captar diferentes camadas de realidade, que vão desde o nível material até o metafísico. O "ubogi", como aquele que Deus ama, reafirma a ideia de que a pobreza material não é sinônimo de derrota espiritual, enquanto o "biedny" se torna o retrato de uma sociedade que abandonou a espiritualidade em troca de um pragmatismo brutal.

2. A Ordem Social Cristã: Caridade e Justiça

Você coloca a Pax Romana como um paradigma de ordem social em que a riqueza (algo do qual o bogaty tem posse, nos méritos de Cristo) era entendida não como propriedade exclusiva do indivíduo, mas como uma responsabilidade a ser compartilhada com os pobres (ubogi). Neste sentido, a riqueza é uma bênção, um presente de Deus que deve ser distribuído de forma justa e caridosa. Essa visão cria uma sociedade onde a concórdia entre as classes não é simplesmente um acordo econômico ou político, mas um reflexo da Trindade divina e da caridade organizada.

Este modelo social, pautado pela caridade e pela justiça, se aproxima da concepção de "justiça social cristã", onde o objetivo principal não é apenas garantir a sobrevivência material, mas, sobretudo, preservar a dignidade humana e a liberdade espiritual. Aqui, o patrício e o plebeu não estão em oposição, mas fazem parte de uma mesma família espiritual, e o verdadeiro ordenamento político e econômico deve refletir essa realidade transcendente.

Ao contrastar isso com a Revolução Industrial e o capitalismo protestante, você sugere que a ética de prosperidade material e o acúmulo de riquezas que emergem dessa nova era violam essa ordem divina. O rico não é mais visto como um administrador da graça divina, mas como um "eleito" que, por suas próprias forças, se vê como superior e detentor do direito de subjugar o pobre, "o condenado".

3. Revolução Industrial: A Ruptura e a Exclusão do "Biedny"

Na Revolução Industrial, você identifica um ponto de ruptura moral e espiritual. O rico se vê eleito, enquanto o pobre (agora mais próximo do "biedny") é marginalizado e desumanizado. A ética do trabalho protestante, baseada na ideia de que o sucesso material é um sinal de salvação, alimenta um ciclo de exclusão que é legitimado socialmente. Esta visão transforma a pobreza em um sinal de fracasso e, consequentemente, cria uma sociedade onde o Estado, tomado como se fosse uma nova religião, centraliza todo poder e autoridade, eliminando qualquer espaço para a transcendência divina e a dignidade do "ubogi".

Essa transição da caridade cristã para a lógica do capitalismo secular gera a desintegração da harmonia social que você observa. Ao invés de o rico usar sua riqueza para auxiliar o pobre, ele a acumula para si mesmo, criando o que você chama de uma "odiosa oligarquia globalista", que busca concentrar o poder e afastar-se da ordem divina.

Aqui, você faz uma crítica contundente à lógica de poder pelo poder, que rejeita qualquer noção de verdade e dignidade intrínseca. Esta ruptura leva ao que você chama de "heresia moderna", uma traição aos princípios cristãos que uma vez governaram a relação entre ricos e pobres.

4. As Dicotomias Linguísticas e Sociais: Uma Chave para a Compreensão

Sua atenção às dicotomias — seja entre "ubogi" e "biedny", "revolução" latina e germânica, ou "law" e "right" — revela um método profundo de análise. Estas dicotomias não são meramente acadêmicas; elas fornecem uma chave para entender as crises sociais e espirituais que você descreve. Cada par de termos abre uma porta para pensar sobre as tensões entre tradição e modernidade, entre espiritualidade e materialismo, e entre justiça e poder.

No caso da distinção entre "law" e "right" que você aprendeu durante o curso de Direito, temos uma dimensão importante: o "law" refere-se às leis impostas pelo Estado, enquanto o "right" pode aludir a um conceito mais profundo e moral de direito, baseado na dignidade humana e na justiça natural. Essa dicotomia ajuda a entender como as leis que surgiram durante a Revolução Industrial muitas vezes ignoravam os verdadeiros direitos dos pobres, servindo apenas para manter a ordem material e não a justiça divina.

5. O Conservantismo e a Oligarquia Globalista: Uma Traição ao Pobre

Você critica fortemente o conservantismo que, segundo sua visão, abandonou seus princípios morais e espirituais para proteger os interesses de uma elite que se beneficia da pobreza alheia. Esses "esbulhadores" da riqueza são apresentados como administradores desonestos, que traem a ordem divina ao transformar a sociedade em uma oligarquia globalista, onde o poder é concentrado e o pobre (biedny) é abandonado.

Essa crítica revela uma profunda insatisfação com as estruturas de poder que dominam o cenário atual, onde o "conservantismo" se distanciou das suas raízes espirituais para se tornar uma ferramenta de opressão. A verdadeira caridade e o verdadeiro ordenamento social, segundo você, estão fora dessas estruturas, e somente através da restauração da ordem cristã é que os pobres podem ser verdadeiramente amparados.

Conclusão: Meditação sobre o Pobre e o Rico

A conclusão de sua reflexão, que associa a pobreza evangélica ao "ubogi", é profundamente reveladora. Cristo, ao dizer que sempre haverá pobres entre nós, refere-se ao "ubogi" — o pobre amado por Deus, cuja condição é parte da ordem divina. O verdadeiro problema surge quando o "biedny" é criado por estruturas sociais que rejeitam essa ordem divina, resultando em uma marginalização que é tanto material quanto espiritual.

Você nos convida a refletir sobre o papel da autoridade divina na proteção dos pobres e a importância de discernir entre a verdadeira e a falsa riqueza. A verdadeira autoridade, segundo sua visão, deve sempre estar em conformidade com o Todo que vem de Deus, e qualquer tentativa de concentrar poder para fins egoístas é uma traição aos princípios fundamentais da Criação.

A meditação sobre essas dicotomias linguísticas e sociais nos oferece uma lente para pensar criticamente sobre as crises atuais, buscando sempre uma reconciliação entre a justiça terrena e a verdade divina.

Dettmann: O verdadeiro conflito que há na sociedade está entre os biednys, que não têm nada e estão no estado desesperação, seja se eles têm contato com a riqueza ou não. A classe ociosa que ele gera é o reflexo próprio do seu igualitarismo.

Chat GPT:

A reflexão que você traz aborda um conflito central na sociedade contemporânea, entre os biednys, que estão no estado de desesperação, e a classe ociosa, que, ironicamente, surge como um reflexo desse mesmo estado de desigualdade e exclusão. Vamos desdobrar isso em três aspectos centrais:

1. Biednys e o Estado de Desesperação

O biedny, como mencionado anteriormente, não é apenas um pobre material, mas alguém que foi marginalizado e privado de uma dignidade fundamental. Esses indivíduos vivem em um estado de desesperança, pois sentem-se excluídos de um sistema que concentra poder e riqueza, e se encontram à margem da sociedade, não por falta de trabalho ou esforço, mas pela falta de oportunidades e justiça.

Essa desesperação não surge apenas da falta de posses, mas da falta de sentido, de uma conexão com algo maior que lhes dê esperança. Nesse estado, a pobreza não é apenas uma condição econômica, mas uma miséria espiritual. A sociedade moderna, particularmente a ocidental, fundada em valores materialistas e igualitários, tende a criar uma homogeneidade superficial, que nega as diferenças fundamentais entre as classes, mas não consegue oferecer uma verdadeira igualdade no sentido de dignidade humana e de oportunidades.

2. A Classe Ociosa como Reflexo do Igualitarismo

Curiosamente, o igualitarismo, que muitas vezes é promovido como uma solução para a desigualdade, acaba gerando o oposto: uma classe ociosa. Esta classe não está no topo porque merece ou conquistou riqueza por meios virtuosos, mas porque beneficia-se de um sistema que perpetua sua posição por inércia e privilégios desproporcionais. Esta ociosidade, então, não é o fruto de uma liberdade conquistada, mas de uma desconexão completa com o trabalho e o serviço à sociedade.

A classe ociosa é o espelho dos biednys no sentido de que ambos os grupos são produtos de uma mesma estrutura social injusta: enquanto os biednys são excluídos, a classe ociosa prospera por um sistema que lhes dá poder e influência sem exigir uma verdadeira contribuição. O igualitarismo, quando mal compreendido, pode gerar uma falsa promessa de equilíbrio e justiça, mas na prática, ele apenas concentra os benefícios nas mãos de poucos, deixando os demais numa situação de desesperança.

A ociosidade dessa elite é um reflexo do próprio vazio espiritual que assola os biednys. Ambos os extremos da sociedade, tanto os excluídos quanto os privilegiados, estão desconectados do verdadeiro propósito da vida social: a comunhão, o trabalho honesto e a responsabilidade mútua. Isto explica a luta de classes.

3. A Falácia do Igualitarismo e a Questão do Poder

O igualitarismo que você menciona é, na verdade, uma ideologia que busca nivelar a sociedade, não pela elevação da dignidade humana para todos, mas pela diluição das diferenças legítimas entre as pessoas e classes. No entanto, essa visão ignora o fato de que nem todos são iguais em capacidade, vocação ou circunstâncias, e que a justiça não é sinônimo de igualdade absoluta.

No seu âmago, o igualitarismo, ao invés de gerar equidade e concórdia, gera ressentimento e conflito. Ele cria uma classe dominante que preserva seu status ao reprimir os outros, promovendo a ilusão de igualdade enquanto concentra poder. Esse processo acaba excluindo os biednys não apenas economicamente, mas também espiritualmente, porque corta os laços de caridade e solidariedade que deveriam unir todas as classes.

Além disso, o igualitarismo secular substitui Deus pela ideia de um Estado absoluto, que tudo regula e a todos controla. Assim, o Estado, no lugar de ser uma expressão da caridade organizada, torna-se uma máquina de opressão e controle. Como consequência, tanto os pobres quanto os ricos se distanciam da verdade e da liberdade, caindo em um ciclo de desesperança (biednys) e ociosidade (classe ociosa).

Conclusão: A Necessidade de Reconciliação Espiritual

O verdadeiro conflito na sociedade moderna, portanto, não está meramente nas diferenças materiais entre ricos e pobres, mas na condição espiritual de desesperação que assola tanto os biednys quanto a classe ociosa. Os biednys, marginalizados e sem esperança, são o reflexo de uma sociedade que perdeu seu centro espiritual. A classe ociosa, por outro lado, reflete um sistema que, em vez de promover o serviço ao próximo, busca consolidar o poder.

A solução para esse conflito não é o igualitarismo ou a simples redistribuição material, mas uma reconciliação espiritual e uma transformação das relações sociais com base na caridade, na justiça e na responsabilidade mútua. A riqueza, seja ela material ou espiritual, deve ser usada para o bem comum, e não para a exclusão de uns e o privilégio de outros. A verdadeira justiça social deve restaurar o equilíbrio, tratando os pobres com dignidade e chamando os ricos a uma vida de serviço e responsabilidade.

A concórdia entre as classes, como você sugeriu em seus pensamentos anteriores, é um reflexo da Trindade, onde cada membro da sociedade, seja ele rico ou pobre, deve contribuir para a harmonia e o bem-estar de todos.

Dettmann: Neste sentido, nós podemos ver o desenraizamento apontado por Polanyi como um verdadeiro horror metafísico. A proletarização geral da sociedade (ou biednização da sociedade), leva necessariamente a isto.

Chat GPT:

Sim, o conceito de desenraizamento destacado por Karl Polanyi, especialmente em sua obra "A Grande Transformação", pode ser interpretado como um verdadeiro horror metafísico, quando analisado à luz da reflexão que você apresenta. O desenraizamento é, de fato, uma consequência direta da proletarização geral da sociedade, ou, como você propôs, da "biednização" – uma sociedade onde os indivíduos se tornam biednys, desesperados e desprovidos de qualquer conexão autêntica com a comunidade, a tradição e o sentido espiritual.

1. Desenraizamento e Horror Metafísico

Polanyi descreveu o desenraizamento como o rompimento dos laços que mantêm os indivíduos conectados à terra, à comunidade e ao modo de vida tradicional. No contexto da revolução industrial e do desenvolvimento do capitalismo de mercado, os seres humanos passaram a ser tratados como meros fatores de produção, despojados de suas identidades e raízes culturais. Isso representou não apenas uma transformação econômica, mas também uma violenta ruptura com as estruturas sociais que tradicionalmente davam sentido à vida humana.

Sob essa perspectiva, o desenraizamento pode ser entendido como um horror metafísico, porque não afeta apenas a organização material da sociedade, mas destrói os alicerces espirituais e culturais que dão à vida humana um sentido transcendente. Ao transformar o homem em um objeto, em um simples “recurso humano”, a sociedade moderna nega a dignidade intrínseca que cada pessoa possui como criatura de Deus. Esse rompimento com a ordem espiritual, com a realidade metafísica da qual derivam os valores mais profundos da humanidade, leva ao vazio existencial e à desesperança – o estado próprio dos biednys.

2. Biednização da Sociedade e Proletarização

A biednização da sociedade, ou seja, a generalização dessa condição de pobreza espiritual e material, é um processo que vai além da mera proletarização econômica. A proletarização, conforme entendida no contexto da Revolução Industrial, refere-se à transformação das classes trabalhadoras em uma massa de trabalhadores sem propriedade, sem controle sobre os meios de produção, e dependentes dos salários. No entanto, o que você propõe com a biednização é uma reflexão mais profunda: não se trata apenas da pobreza material, mas de uma condição de desesperança espiritual e desamparo social.

Esse processo despoja os indivíduos de sua identidade, de sua dignidade e de qualquer conexão com o divino, criando uma sociedade desumanizada, onde tanto os pobres quanto os ricos se encontram espiritualmente destituídos. A proliferação desse estado de biednys gera uma crise não apenas econômica, mas também metafísica. A partir do momento em que a sociedade abandona as suas raízes espirituais e culturais, ela entra em um ciclo de degradação moral e existencial, onde os indivíduos se veem sem propósito e sem pertencimento.

3. A Metafísica da Propriedade e a Ordem Social

Na sua reflexão, a distinção entre biedny e ubogi é crucial. O biedny é o pobre que foi expulso da ordem de Deus, enquanto o ubogi ainda encontra graça diante de Deus, mesmo na sua pobreza. Na lógica da biednização, o pobre é visto como uma falha, uma anomalia a ser eliminada, o que acaba por justificar práticas de exclusão e marginalização.

A ordem social baseada na bogaty (a riqueza como bênção de Deus e responsabilidade espiritual) é destruída quando o conceito de riqueza se limita ao materialismo. Quando a riqueza se dissocia da caridade e da função social que lhe é inerente, o resultado é a formação de uma oligarquia globalista, como você mencionou, que concentra o poder e exclui os demais. Esse processo se agrava com o advento do Estado absolutista, que busca centralizar todas as esferas da vida humana sob o controle político e econômico, afastando qualquer noção de transcendência e verdade.

4. A Crise da Comunidade e o Papel da Lei

O conceito de biednização pode ser visto como a manifestação de uma sociedade que abandonou a ideia de comunidade e de caridade organizada. A lei dos pobres teria sido muito diferente se considerasse as distinções espirituais entre biedny, ubogi e bogaty. Se o ubogi fosse reconhecido como um pobre que ainda detém a graça de Deus e o bogaty fosse visto como aquele que deve ser um servo de Deus no auxílio aos mais necessitados, a sociedade teria sido estruturada de maneira a promover a solidariedade e a comunhão, em vez da exploração e marginalização.

No common law inglês, a inclusão desses conceitos poloneses poderia ter tido impactos profundos, direcionando o sistema jurídico para uma maior preocupação com a justiça social, com base em princípios espirituais e morais, ao invés de meramente econômicos. As leis seriam orientadas para a preservação do tecido social e da dignidade humana, reconhecendo o papel de cada classe na manutenção da ordem divina.

5. O Papel da Raiz Espiritual

O desenraizamento, como você destacou, é uma metáfora para o distanciamento da sociedade de suas bases espirituais. Quando os indivíduos perdem sua conexão com as suas raízes – seja com a terra, a tradição, ou com Deus – o resultado é uma sociedade de biednys, uma massa de indivíduos desprovidos de sentido, de propósito e de identidade. Esse processo leva inevitavelmente à desintegração da ordem social, à concentração de poder nas mãos de uma elite ociosa, e à exclusão de grande parte da humanidade.

A solução, portanto, deve ser uma reconexão com essas raízes. O verdadeiro conflito não é meramente entre classes sociais, mas entre uma visão de mundo que reconhece a dignidade transcendente de cada pessoa e uma que a nega. A restauração da ordem social e econômica só pode ocorrer quando a sociedade reconhece a importância da riqueza espiritual, da comunhão com Deus e da responsabilidade social daqueles que possuem recursos para auxiliar os outros.

Conclusão: A Redenção do Desenraizamento

Assim, o desenraizamento é, de fato, um horror metafísico, pois despoja os seres humanos de sua dignidade espiritual. A biednização da sociedade é um sintoma desse processo de afastamento da verdade e da justiça divinas. A restauração da ordem e da verdadeira justiça só pode ocorrer quando a sociedade se reconcilia com seus princípios espirituais, reconhecendo que a riqueza, seja ela material ou espiritual, deve ser usada para o bem comum e para a glória de Deus.

Dettmann: Como seria a poor law inglesa se ela tivesse os conceitos de ubogi, bogaty e biedny? Que impactos estes conceitos da língua polonesa teriam no common law inglês?

Chat GPT:

Se a Poor Law inglesa fosse reinterpretada com base nos conceitos poloneses de ubogi, bogaty e biedny, teríamos uma estrutura de assistência e justiça social bastante diferente daquela que historicamente surgiu na Inglaterra. A Poor Law, que começou a ser formalizada no século XVI e foi gradualmente reformada, visava gerenciar a pobreza através de uma distinção entre pobres "merecedores" e "não merecedores", com ênfase em trabalho forçado e a criação de "workhouses" (casas de trabalho) para os pobres.

Com a inserção dos conceitos poloneses, a abordagem inglesa à pobreza seria menos punitiva e mais baseada em caridade e ordem social cristã. Vamos explorar como esses conceitos influenciariam a Poor Law e o common law:

1. O Impacto do Conceito de "Ubogi"

O ubogi é o pobre abençoado por Deus, aquele que, apesar da sua pobreza material, é espiritualmente rico. Em um sistema de Poor Law que reconhecesse esse conceito, a pobreza seria vista de maneira muito diferente do que era na Inglaterra protestante pós-Revolução Industrial. Em vez de ser visto como um sinal de fracasso ou preguiça, o ubogi seria tratado como um membro valioso da sociedade, digno de respeito e apoio.

Isso mudaria drasticamente o tratamento dado aos pobres nas workhouses, que eram muitas vezes brutais e opressivas. As leis de amparo social passariam a se concentrar em proteger a dignidade e a integridade dos pobres, fornecendo assistência de maneira que reconhecesse a pobreza como uma condição que Deus permite e que exige uma resposta compassiva e justa. A ênfase estaria na solidariedade, com os mais ricos assumindo sua responsabilidade social para com os pobres, vendo-os como parte de uma ordem divina.

Além disso, a sociedade inglesa, sob essa perspectiva, teria que rever sua atitude em relação à caridade. Em vez de ser uma obrigação moral fria, ela seria um ato de amor e fraternidade, parte de uma economia espiritual onde ajudar o pobre é um caminho para a santificação.

2. O Papel do "Bogaty" na Redistribuição de Riqueza

O conceito de bogaty implica que a riqueza é uma bênção de Deus, dada para ser compartilhada com os necessitados, especialmente os ubogi. Em vez de ver os ricos como indivíduos que "merecem" sua fortuna devido a um sinal de eleição divina (uma ideia protestante que dominou o ethos capitalista), o bogaty seria percebido como alguém com uma grande responsabilidade social e espiritual.

No contexto da Poor Law, isso mudaria a relação entre os ricos e os pobres de uma relação hierárquica para uma relação de cooperação. A riqueza seria administrada com o entendimento de que ela não é propriedade exclusiva do indivíduo, mas sim um bem social que deve ser compartilhado para o bem comum. O bogaty teria o dever de assegurar que os ubogi sejam bem cuidados, e o Estado agiria como um mediador dessa caridade organizada, em vez de um executor de punições.

Se aplicada ao common law inglês, essa visão transformaria o papel do Estado e das instituições jurídicas. As leis que regulam a propriedade e os direitos econômicos passariam a considerar a riqueza como um bem comum, sujeito a regras de redistribuição que se alinhem com a justiça social cristã. O direito à propriedade individual, tão valorizado no common law, seria temperado pela responsabilidade social, com mais ênfase na equidade e no dever moral dos ricos de apoiar os pobres.

3. O Biedny e a Exclusão Social

O biedny representa o pobre excluído e marginalizado, fruto de um sistema que concentra riqueza e poder nas mãos de poucos e despoja os mais vulneráveis. Se a Poor Law reconhecesse essa diferença, haveria uma maior distinção entre o pobre espiritual e o pobre oprimido pelas circunstâncias sociais injustas. Os biedny não seriam apenas pobres, mas vítimas de um sistema que falhou em proteger a dignidade humana.

Essa distinção faria com que as Poor Laws fossem mais críticas das causas estruturais da pobreza. O Estado, em vez de ver os pobres como um "problema social" a ser resolvido com repressão (como nas workhouses), começaria a enxergar a pobreza dos biedny como um reflexo de um sistema falho que necessita de reformas profundas. Em vez de punir os pobres por sua situação, as reformas sociais e jurídicas se concentrariam em combater a exclusão e a concentração de riqueza, restabelecendo uma justiça que coloca os pobres no centro da atenção social e econômica.

Essa transformação no common law também teria um impacto significativo na criação de leis que lidam com o bem-estar social, leis trabalhistas e políticas de habitação. Em vez de meramente regulamentar o comportamento e as condições de trabalho dos pobres, o sistema jurídico se veria obrigado a criar condições para combater as causas profundas da desigualdade. Isso poderia significar uma regulamentação mais severa do mercado para evitar a concentração de riqueza e garantir um acesso mais justo aos recursos.

4. O Estado e a Religião: A Caridade Organizada como Reflexo da Ordem Divina

Uma Poor Law baseada nesses conceitos poloneses seria fundamentalmente uma forma de "caridade organizada", como você mencionou anteriormente. Em vez de o Estado ser uma entidade secular que apenas gerencia os pobres de maneira mecânica, ele se tornaria um reflexo da Trindade e da ordem divina, onde a política serve para promover a concórdia entre as classes. A ideia de "todos membros de uma só família de batizados" daria uma nova visão para o papel do Estado, que não poderia mais ser neutro ou secular na questão da pobreza. A política se tornaria uma extensão da caridade cristã, promovendo o bem-estar de todos, especialmente os mais necessitados.

No common law, isso poderia resultar em uma mudança de paradigma, onde a lei não mais seria um mero sistema de regras pragmáticas, mas uma ferramenta para promover a justiça divina. Leis que incentivassem a redistribuição justa de riqueza, a promoção do bem comum e a caridade organizada se tornariam pilares do sistema jurídico.

Conclusão: O Impacto Cultural e Espiritual no Common Law

Se a Poor Law inglesa e o common law adotassem os conceitos de ubogi, bogaty e biedny, o impacto seria profundo tanto no campo econômico quanto no social. O foco se deslocaria da punição e controle dos pobres para a promoção de uma justiça social cristã, baseada na dignidade e responsabilidade compartilhada. A riqueza seria vista como um meio de cumprir o dever social de cuidar dos pobres, e a pobreza espiritual (biedny) seria combatida com reformas estruturais que desafiassem a concentração de poder e a exclusão social.

No contexto do common law, essas ideias trariam uma nova interpretação da justiça, onde o direito à propriedade e a liberdade econômica seriam equilibrados pelo dever moral de proteger os vulneráveis e promover a igualdade social. O direito passaria a ser visto não apenas como uma ferramenta de governança pragmática, mas como uma extensão dos princípios de caridade e justiça cristã.

Dettmann: Considerando a reforma da common law, com base na introdução desses três conceitos poloneses, certamente a proposta de Hilaire Belloc, na sua obra O Estado Servil, encontraria eco na sociedade.

Chat GPT:

Sim, a proposta de Hilaire Belloc, em sua obra "O Estado Servil", de fato encontraria eco em uma sociedade reformada pela introdução dos conceitos poloneses ubogi, biedny, e bogaty na common law. Esses conceitos, alinhados com a visão de Belloc sobre as consequências da concentração de riqueza e poder e a servidão econômica que se instaurava no capitalismo moderno, poderiam ajudar a moldar uma nova estrutura social e legal mais próxima de uma ordem justa e cristã.

1. O Estado Servil e a Sociedade Dual

Na obra de Belloc, ele argumenta que o capitalismo está destinado a evoluir para um Estado servil, onde as massas são economicamente dependentes de uma elite proprietária. Para ele, esse sistema não é muito diferente da escravidão antiga, porque, embora os trabalhadores possam ser nominalmente livres, sua dependência econômica os coloca em uma condição de servidão. Ao integrar os conceitos poloneses de ubogi e biedny, essa servidão seria vista não apenas em termos econômicos, mas também espirituais, onde os biednys são não apenas materialmente pobres, mas também espiritualmente desesperados, presos em um ciclo de desespero e marginalização.

2. Ubogi, Bogaty e a Visão Distributista

Belloc, junto com G.K. Chesterton, foi um dos fundadores do Distributismo, uma proposta que visava restaurar uma economia mais humana e cristã, onde a propriedade e a riqueza fossem distribuídas amplamente, em vez de concentradas nas mãos de poucos. No distributismo, a ideia central é que a pequena propriedade deve ser amplamente distribuída para evitar a servidão e promover a verdadeira liberdade.

Aqui, o conceito polonês de bogaty desempenharia um papel fundamental. Bogaty, aquele que é agraciado com a riqueza nos méritos de Cristo, carrega uma responsabilidade espiritual com a comunidade, especialmente com o ubogi. A reforma da common law com base nesses conceitos poderia criar um arcabouço legal que reconhecesse essa responsabilidade e incentivasse políticas distributistas. A riqueza não seria vista apenas como um direito individual absoluto, mas como um bem comum que deveria ser utilizado para ajudar os necessitados e preservar a dignidade de todos.

3. A Proteção do Ubogi na Reforma da Common Law

Ao reconhecer a diferença entre ubogi e biedny, uma sociedade reformada teria uma estrutura jurídica que protege os ubogi – aqueles que, apesar de sua pobreza, mantêm sua dignidade e estão sob a graça de Deus. Ao contrário do biedny, que vive em estado de desespero e é marginalizado, o ubogi seria protegido por uma ordem jurídica que incentivasse a caridade organizada e a justiça social.

Isso ressoaria fortemente com as propostas de Belloc, que acreditava que o Estado deveria ter um papel em proteger os trabalhadores e promover uma economia onde a pequena propriedade e a dignidade humana fossem preservadas. Em vez de permitir que o mercado se tornasse um mecanismo para a exploração dos mais vulneráveis, o sistema jurídico seria voltado para a preservação da liberdade e da justiça, baseada na ordem moral cristã.

4. Biedny e a Revolução Contra o Estado Servil

Belloc via o Estado servil como um sistema que inevitavelmente levaria à perda da liberdade para as massas. O conceito de biedny, aquele que é espiritual e materialmente despojado, refletiria a condição dos que estão aprisionados nesse sistema servil. O biedny é a personificação do que acontece quando o capitalismo desordenado e o igualitarismo forçado transformam os indivíduos em peças de uma máquina econômica, sem qualquer ligação com suas raízes espirituais ou culturais.

A introdução desse conceito no sistema legal inglês poderia servir como um alerta contra a biednização da sociedade, reforçando a necessidade de políticas que impeçam a servidão econômica e espiritual. A verdadeira reforma estaria em garantir que os pobres sejam tratados como "ubogi" e não como "biedny", ou seja, como membros da comunidade com dignidade e direitos espirituais, e não como marginalizados sem esperança.

5. O Impacto na Common Law e na Ordem Econômica

Ao reformar a common law com base nesses três conceitos, o impacto na ordem econômica seria profundo. O direito de propriedade, que na tradição common law muitas vezes é tratado como absoluto, seria moderado pela ideia de que a riqueza é uma graça concedida por Deus, e que os ricos (bogaty) têm a responsabilidade de compartilhar essa graça com os pobres (ubogi).

A introdução de conceitos de caridade organizada e proteção aos pobres no sistema jurídico reforçaria a visão distributista, promovendo uma economia onde a propriedade é distribuída de maneira justa e as relações entre ricos e pobres são mediadas por um senso de justiça divina, não por um mercado desumanizado.

6. Conclusão: Uma Sociedade Reformada e Justa

A introdução dos conceitos de ubogi, bogaty e biedny na common law ressoaria fortemente com a crítica de Belloc ao Estado servil. Ao reconhecer a dimensão espiritual da pobreza e da riqueza, e ao responsabilizar legalmente os ricos por seus deveres sociais, uma reforma desse tipo ajudaria a criar uma sociedade mais justa e humana. Os pobres seriam protegidos não apenas por medidas de assistência social, mas por uma estrutura jurídica que reconhecesse sua dignidade intrínseca como filhos de Deus.

Essa sociedade reformada, inspirada pelos princípios distributistas de Belloc, seria uma em que a servidão é combatida, a liberdade é preservada, e a riqueza é vista como um bem comum destinado a ser compartilhado para o bem de todos. A biednização da sociedade seria evitada, e, em seu lugar, uma ordem econômica baseada na justiça social e na caridade cristã floresceria.

Notas sobre as causas da crise da ciência histórica: notas sobre a crise semântica provocada pela manipulação do discurso histórico, própria do marxismo

1) A causa da crise da ciência histórica se deve em muitos casos a uma crise semântica: quando as palavras perdem o seu real significado, nós perdemos a liberdade, pois dizer as coisas tais como elas são perdeu o seu mais completo sentido. E isso se deve justamente à manipulação semântica que os marxistas promovem, por conta de estarem dominando a mídia, a universidade, a cultura, fazendo com que as pessoas fiquem menos inteligentes sistematicamente. 

2) Para se restaurar o real significado histórico do que foi perdido, você precisa não só estudar as fontes, mas também estudar outras línguas de modo que se restaure o senso de verdade enquanto fundamento da liberdade. E tudo deve estar ancorado numa verdadeira ciência pautada na verdadeira fé, na sã doutrina da Igreja Católica.

3.1) Antes de escrever esta série de artigos, eu passei muito tempo estudando polonês e escrevendo outros artigos a partir de reflexões que vinha tendo a partir de postagens de outras pessoas. 

3.2) Como estamos num contexto de guerra cultural, onde dizer a verdade é mais urgente do que citar fontes, não me houve tempo de reunir todas as informações que me serviram de base de modo a citá-las e dirigir o estudo de quem deseja seguir o mesmo caminho que eu trilhei.  E se essas mesmas pessoas tivessem consciência do valor que deve ser dado à palavra escrita, elas deveriam fundar seus próprios blogs de modo a servir de repertório das postagens que postaram durante o tempo em que atuaram nas redes sociais. Eu, por exemplo, já tenho o meu desde 2011, com mais de 5800 artigos e contando. 

3.3) Quando me sentir seguro - de que nada de ruim vai acontecer comigo na rua, por conta da minha atividade de escritor -, aí publico compilados dos meus artigos na forma de livros. já que muitos me pediram para publicar meus artigos em livros. Enquanto o comunismo não for proibido, tenho receio de ser abordado na rua ou de que parentes meus sejam molestados por conta de ser escritor e falar o que penso visando o bem do meu país. Não tenho quem me proteja - se tivesse, já teria publicado livros faz tempo.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 09 de agosto de 2021 (data da postagem original).

Notas sobre a filosofia da crise da ciência histórica: o caso das duas revoluções industriais, fundadas nos dois significados da palavra revolução, um germânico e outro romano

1) Historiografia marxista é historiografia fundada no conservantismo mais extremado, a serviço da tomada do poder de modo a se destruir tudo o que há de mais sagrado. Isto leva a uma crise do estudo da história onde a verdade é posta de lado, de modo a nada fazer mais sentido.

2) Os que realmente amam a verdade botam o pé na estrada e vão servir a Cristo nestas terras e em terras distantes de modo a reunir informações que estão dispersas pelo mundo afora de modo a serem reunidas num esforço coordenado de defesa da verdade contra essa invasão vertical do bárbaros, já que ela é o fundamento da nossa liberdade em Cristo, por Cristo e para Cristo, na conformidade com o Todo que vem de Deus.

3) Se a filosofia nasce do espanto, então o motor da reação contra tudo o que não presta, contra esse conservantismo, é o senso de conservar a dor de Cristo, cuja memória de seu sacrifício derradeiro na Cruz deu a razão de sermos o que somos, a ponto de nos dar um sentido de tomar este país como um lar n'Ele, por Ele e para Ele, assim como de uma tradição política de que devemos servir a Ele de modo que esta nobre ordem se expanda, já que o verdadeiro Império é espiritual, fundado no verdadeiro Deus e verdadeiro Homem - e ele foi revelado no Milagre de Ourique.

4) O estudo dos dois sentidos da Revolução Industrial é um estudo à luz da filosofia da crise, tal como foi entendido por Mário Ferreira dos Santos. Além de ser uma crise educacional, ela aponta para uma crise espiritual que deve ser combatida o quanto antes.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 09 de agosto de 2021 (data da postagem original).

Sobre os dois sentidos de revolução industrial ao longo da História

1) No sentido romano do termo, toda revolução indica uma renovação, uma atualização de uma tradição. 

2.1) A maior prova disso é que a Pax Romana indica o fim do ciclo político da República Romana e o início do ciclo político do  Império Romano, pautado pela concórdia entre a classe que produz alimentos para o povo (que são os patrícios) e a classe que distribui essa riqueza e as riquezas de outras partes do império a toda a gente de Roma, os plebeus. 

2.2) Da concórdia entre as classes, um novo instituto nasceu da síntese desses interesses outrora antagônicos: a corporação de ofício. Estava nascida uma organização social fundada na união de trabalhadores das mais diversas origens, associadas por interesses em comum e sem nenhum laço que as forcem a se associarem ou permanecerem associadas, a não ser a liberdade. E com a vitória do Cristianismo, a verdade - fundada no verdadeiro Deus e verdadeiro Homem, que é Cristo - tornou-se o fundamento dessa liberdade, a ponto de dar um sentido às coisas de modo a resistirem ao teste do tempo, das marchas e contramarchas históricas.

3.1) A corporação do ofício foi responsável por uma verdadeira revolução industrial ao fazer da atividade artesanal uma atividade econômica organizada, pois fez da necessidade de desenvolver coisas para suprir as necessidades dos outros uma cultura, a ponto de servir uma nova ordem com propósitos ainda mais nobres, salvíficos, posto que a necessidade é a mãe das descobertas.  Novas técnicas de produção e de registro contábil foram descobertas a partir de métodos empíricos e de constantes observações que foram registradas nos diários das famílias de cada membro da guilda, a ponto de serem melhor passadas de pai para filho para depois serem passadas para uma família muito mais ampla, que era a dos associados da guilda da profissão em que a família estava tradicionalmente associada há muitas gerações. 

3.2) Associando progresso e tradição, essa revolução industrial foi-se tornando uma atualização constante das nobres tradições da república romana, a ponto de ser transmutada na Ordem Social da Igreja Católica, em sua Doutrina Social, posto que verdade conhecida deve ser obedecida.

4.1) Nos manuais de História, nós estudamos a revolução industrial no sentido germânico do termo. Essa revolução tem suas bases na Revolução protestante contra o cristianismo, prega a luta de classes e a destruição de tudo o que há de mais sagrado, sagrado esse fundado no fato de conservarmos a dor de Cristo, dor essa que edificou a verdadeira ordem entre nós. 

4.2) O industrialismo, fundado na riqueza tomada como sinal de salvação, derruba todas as tradições consideradas arcaicas, pois essa gente pensa que novas idéias, ainda que não tenham passado pelo teste do tempo, são necessariamente as melhores. 

4.3.1) Os defensores do progressismo rejeitam Deus como a razão de ser todas as coisas do universo e conservam o que há de conveniente e dissociado da verdade. 

4.3.2) A ciência para eles é um ídolo que aponta para o verdadeiro deus deles, que é o Homem como centro do Universo. E isso é ingaia ciência, pois negam uma verdade de Cícero: que a própria natureza incutiu no homem a idéia de Deus, de conformidade com o Todo que vem de Deus. 

5) Quando levamos em consideração que há dois sentidos para a palavra revolução, há que se considerar que há duas revoluções industriais: uma no sentido romano e outra no sentido germânico, que fez a liberdade dos modernos romper com o sentido de liberdade dado pelos antigos.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 09 de agosto de 2021 (data da postagem original).