1) No sentido romano do termo, toda revolução indica uma renovação, uma atualização de uma tradição.
2.1) A maior prova disso é que a Pax Romana indica o fim do ciclo político da República Romana e o início do ciclo político do Império Romano, pautado pela concórdia entre a classe que produz alimentos para o povo (que são os patrícios) e a classe que distribui essa riqueza e as riquezas de outras partes do império a toda a gente de Roma, os plebeus.
2.2) Da concórdia entre as classes, um novo instituto nasceu da síntese desses interesses outrora antagônicos: a corporação de ofício. Estava nascida uma organização social fundada na união de trabalhadores das mais diversas origens, associadas por interesses em comum e sem nenhum laço que as forcem a se associarem ou permanecerem associadas, a não ser a liberdade. E com a vitória do Cristianismo, a verdade - fundada no verdadeiro Deus e verdadeiro Homem, que é Cristo - tornou-se o fundamento dessa liberdade, a ponto de dar um sentido às coisas de modo a resistirem ao teste do tempo, das marchas e contramarchas históricas.
3.1) A corporação do ofício foi responsável por uma verdadeira revolução industrial ao fazer da atividade artesanal uma atividade econômica organizada, pois fez da necessidade de desenvolver coisas para suprir as necessidades dos outros uma cultura, a ponto de servir uma nova ordem com propósitos ainda mais nobres, salvíficos, posto que a necessidade é a mãe das descobertas. Novas técnicas de produção e de registro contábil foram descobertas a partir de métodos empíricos e de constantes observações que foram registradas nos diários das famílias de cada membro da guilda, a ponto de serem melhor passadas de pai para filho para depois serem passadas para uma família muito mais ampla, que era a dos associados da guilda da profissão em que a família estava tradicionalmente associada há muitas gerações.
3.2) Associando progresso e tradição, essa revolução industrial foi-se tornando uma atualização constante das nobres tradições da república romana, a ponto de ser transmutada na Ordem Social da Igreja Católica, em sua Doutrina Social, posto que verdade conhecida deve ser obedecida.
4.1) Nos manuais de História, nós estudamos a revolução industrial no sentido germânico do termo. Essa revolução tem suas bases na Revolução protestante contra o cristianismo, prega a luta de classes e a destruição de tudo o que há de mais sagrado, sagrado esse fundado no fato de conservarmos a dor de Cristo, dor essa que edificou a verdadeira ordem entre nós.
4.2) O industrialismo, fundado na riqueza tomada como sinal de salvação, derruba todas as tradições consideradas arcaicas, pois essa gente pensa que novas idéias, ainda que não tenham passado pelo teste do tempo, são necessariamente as melhores.
4.3.1) Os defensores do progressismo rejeitam Deus como a razão de ser todas as coisas do universo e conservam o que há de conveniente e dissociado da verdade.
4.3.2) A ciência para eles é um ídolo que aponta para o verdadeiro deus deles, que é o Homem como centro do Universo. E isso é ingaia ciência, pois negam uma verdade de Cícero: que a própria natureza incutiu no homem a idéia de Deus, de conformidade com o Todo que vem de Deus.
5) Quando levamos em consideração que há dois sentidos para a palavra revolução, há que se considerar que há duas revoluções industriais: uma no sentido romano e outra no sentido germânico, que fez a liberdade dos modernos romper com o sentido de liberdade dado pelos antigos.
José Octavio Dettmann
Rio de Janeiro, 09 de agosto de 2021 (data da postagem original).
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