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terça-feira, 10 de agosto de 2021

Da América como império de domínio fundado na heresia protestante e como comunidade imaginada - notas decorrentes da minha experiência na UFF, como ouvinte no curso de História

1) Quando estava tendo aulas como ouvinte na faculdade de História na UFF, durante meus tempos de estudante de Direito, havia um evento todas as quintas-feiras no comecinho da noite chamado Quinta Pensante. Numa dessas quintas, o tema foi como o Mito da Fronteira moldou o imaginário dos americanos.

2) A origem disso se dá na travessia do Atlântico feita pelos peregrinos do Mayflower, onde eles atravessaram o então Mar Oceano como uma espécie de Mar Vermelho de modo a chegar a uma Terra Prometida. Como protestantes que eram, eles não acreditavam em fraternidade universal, faziam da riqueza sinal de salvação e dividiam o mundo entre eleitos e condenados, a tal ponto que os índios e os negros eram tidos como inferiores segundo essa gente, a ponto de serem sempre considerados cidadãos de segunda classe. 

3) Como eles eram cheios de si até o desprezo de Deus, eles ousadamente iam até a fronteira e iam superando todos os desafios da localidade de modo a conhecer a natureza do lugar de modo a integrá-la ao seu império de domínio imaginado na heresia. 

4) O conhecimento da natureza, a superação dos obstáculos e dos acidentes geográficos, tudo isso inflava o ego de gerações de americanos, a ponto de serem cada vez mais idealistas, mais exemplaristas e cada vez mais prepotentes no campo das Relações internacionais. É em torno desse background que a América, enquanto império de domínio maçônico e puritano, foi construída.

5.1)  Naquela mesma Quinta Pensante, eles apontaram a diferença entre border e frontier

5.2) Border é aquilo que no tempo do Império Romano se chamava de marca, aquele território defendido militarmente por um marquês. Ele era o marco que delimitava o fim de um país e o começo de outro país - um marco geográfico, um fim de mundo convenientemente estabelecido. 

5.3) Frontier são os limites, enquanto possibilidades de conhecimento, que a própria natureza oferece por conta dos recursos naturais, dos acidentes geográficos, do contato com outros povos, das vicissitudes do clima, além dos eventuais conflitos de interesses próprios do convívio com seus entes mais queridos ou com os vizinhos.  Como quem se descreve se limita, a pessoa que é cheia de si até o desprezo de Deus é incentivada desde a tenra idade a absorver estas circunstâncias e a dominar esta natureza de modo a torná-la útil a ele. Eis o império da técnica decorrente da superação dos limites da frontier. E o mundo não é o bastante para essa pessoa - eis a mentalidade globalista, enquanto uma das fronteiras a serem conquistadas, tendo por fundamento a ambição estúpida e a falsa filantropia que move tais estudos.

6.1) Estas são algumas coisas que me lembro daquela Quinta Pensante, onde foi sedimentada em mim a diferença entre comunidade imaginada e comunidade revelada, assim como a diferença entre nacionidade e nacionalidade. A expositora desse tema, a professora Cecília Azevedo, foi quem me ensinou muita coisa sobre isso. 

6.2) Obviamente, estou purgando todo o marxismo que aprendi naquela circunstância de modo a fazer Cristo reinar nesse tipo de conhecimento. Ainda não consegui encontrar um jeito de trabalhar essa nuance dentro daquela linha que tanto prezo, que é a de Ourique, mas vou chegar um dia lá. E para isso, preciso ler o livro The Frontier in the American History, de Frederick Jackson Turner. 

6.3) Vai chegar o tempo em que terei dinheiro para importar o livro dos EUA e estudá-lo com muito prazer. Por enquanto, esse tempo ainda não chegou para mim. 

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 10 de agosto de 2021 (data da postagem original).

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