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sexta-feira, 2 de novembro de 2018

Por que política é arte prudencial arquitetônica?

1) Aristóteles definiu o homem como o animal que erra. O homem que erra contra Deus está pecando. Esse erro pode ser por ignorância invencível por ou por escolha, a ponto de conservar o que é conveniente e dissociado da verdade, com o intuito de estar à esquerda do pai.

2) O erro só pode ser convertido pelo certo, fundado no fato de conservar a dor de Cristo, que é o verbo que se fez carne e passou a santa habitação em nós. Por ser verdadeiro Deus e verdadeiro homem, Cristo é a verdade em pessoa - é através que todos os pecados são perdoados.

3) Jesus é o segundo Adão. Todas as construções que decorrem do segundo Adão tem beleza arquitetônica, pois todas elas apontam para o belo, para a verdade, para tudo aquilo que decorre da conformidade com o Todo que vem de Deus.

4.1) Quem erra por ignorância não sabe que está ofendendo a Deus. Conserva as coisas de maneira conveniente - como não percebe se isso é ou não é dissociado da verdade, então ele acaba conservando as coisas porque elas são boas para ele e lhe são úteis. E isso é um tipo de prudência, pois o mundo é perigoso e tudo que de bom conseguir é ganho sobre a incerteza.

4.2.1) Quando ele aprende a conservar a dor de Cristo, ele percebe o feio de certas coisas que conservou no passado e vai aparando as arestas, cortando as inutilidades.

4.2.2) Afinal, quem age com prudência se baseia num ditado japonês sobre jardinagem: um jardim só poder ser considerado belo se não houver nada de feio que possa ser removido. E é removendo as impurezas, os conservantismos, que ele aprimora a beleza da polis, neste aspecto.

5) Aristóteles falou que o homem é o animal político. E todo animal tem um habitat e uma função no ecosistema em que habita, que é a comunidade. Se a política tende a ter seu fim nela mesma, então as coisas fundadas em Deus tendem a ter seu bom fim último na verdade, pois as razões de Deus estão nelas mesmas ordenadas, já que Deus é bondade. E isso faz o país ser tomado como um lar em Cristo, pois a cidade dos homens, enquanto imitar a cidade de Deus, é a ecologia dos que amam e rejeitam as mesmas coisas tendo por Cristo fundamento, já que ele é a verdade e a justiça em pessoa. Por isso, podemos falar de uma arcologia voltada para a eternidade.

6.1) Agora, quando o verdadeiro Deus e verdadeiro homem deixa de ser a razão de ser das coisas, então o o feio e o disforme dominam o cenário.

6.2) Rico no amor de si até o desprezo de Deus, o homem é o pior dos animais. O Estado, que é a mais elevada das instituições humanas, será tomado como se fosse uma religião, onde tudo está no Estado e nada pode estar fora dele ou contra ele. Se a política tem um fim nela mesma, então a eficiência e a compactação serão buscadas em si mesmas, ainda que essas estruturas sejam hiperdensas - e uma mesma cidade pode abrigar 20 ou 30 arcologias, tornando o ambiente ainda mais impessoal do que já é - e o governo será obrigado a controlar tudo a ponto de identificar quem é quem na multidão. E isso reforça ainda a cultura de eleitos e condenados que há nesse mundo descristianizado.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 2 de novembro de 2018 (data da postagem original).

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