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quarta-feira, 7 de novembro de 2018

Do comércio como perversão da cultura de negociação

1) Uma coisa é ser negociante. Como o homem é animal político, então todos nós podemos negociar de modo que possamos cooperar uns com os outros.

2.1) A perversão da cultura de negociação se dá quando se faz da riqueza sinal de salvação, de modo a estimular a concupiscência dos olhos e o senso de materialismo, fazendo com que as pessoas tenham má consciência e edifiquem liberdade com fins vazios, relativizando a verdade, a qual se dá em Cristo.

2.2) Neste ponto, o comerciante é uma espécie de proletário, pois ele não contribui em nada para a comunidade política, a não ser com o enriquecimento da própria prole, pois eles receberão uma herança sem nunca ter trabalhado com o intuito de merecê-la. Essa riqueza permite concentrar muitos bens em poucas mãos, a ponto de gerar conflito de interesses qualificado por uma pretensão resistida. E nesse ponto, o Estado vai ter de atuar, dizendo o direito.

3.1) A jurisdição não é a melhor solução para o conflito, quando se trata de alguém que é muito rico e materialista.

3.2) Com o dinheiro, ele pode corromper os agentes públicos e fazer lobby de modo que uma lei seja aprovada para conseguir benefícios particulares, como monopólios e privilégios, evitando o surgimento de uma nova ordem pública que conteste o seu poder.

3.3.1) Como a riqueza é fundada no metal, num bem inorgânico e que não se reproduz, então a tendência é confundir a capitalização com a usura, a ponto de gerar graves malefícios sociais.

3.3.2) A mistura de comércio com política leva a privatização da polis (aquela detestável mistura de público com privado que nós conhecemos por patrimonialismo), fazendo com que o poder fique na mão de poucos e não nos melhores. E esses poucos odeiam-se uns aos outros, a ponto de o poder estar na mão de um deles, o pior dentre os piores, a ponto de haver uma tirania.

4.1) É por essa razão que os povos da Antigüidade Clássica viam no comércio uma atividade marginal. 

4.2) As pessoas ficam à margem da lei, agindo no subterrâneo de modo a conseguir benefícios para si mesmas e prejudicar a sociedade como um todo. É a base de toda a conspiração. A maçonaria constrói seu poder assim e age desse modo.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 7 de novembro de 2018.

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