1) Os que faziam da riqueza sinal de salvação praticavam agiotagem, pois eram onzeneiros. Quem se endividava com eles era seqüestrado e posto a servir no Novo Mundo como trabalhadores forçados durante 7 anos. Muitos desses onzeneiros eram cristãos-novos, judeus que se convertiam ao cristianismo de modo a burlar a perseguição, por conta de seus métodos condenáveis de fazer negócios.
2) Os judeus viam os cristãos como uma seita. Os judeus rejeitaram Jesus como Messias. E por não verem os cristãos como irmãos, praticavam usura. Como alguns deles tinham negócios no Novo Mundo, eles forçavam os endividados a trabalhar naquelas novas terras de modo a pagarem a dívida contraída. Como fruto da própria ganância, a dívida era impagável, a tal ponto que a dívida tinha que ser perdoada e o trabalhador forçado acabava voltando para Portugal.
3) A América do Norte, que foi povoada por seitas heréticas e judaizantes, via na riqueza sinal de salvação, uma vez que o mundo foi demiurgicamente dividido entre eleitos e condenados. Muita gente que vivia na Inglaterra foi raptada por conta da usura e mandada para o Novo Mundo para trabalho forçado, por conta da cobrança dessa dívida durante 7 anos. Esse sistema judaizante de servidão por dívida continuou existindo mesmo após a abolição da escravatura negra nos EUA, após a Guerra Civil Americana.
4) Eis aí porque a Igreja tanto condenava a usura. Isso fazia com que a missão de servir a Cristo em terras distantes acabasse se voltando para o nada, uma vez que usura é cobrança de dívida por razões improdutivas.
5) Há que se distinguir entre os que se punham voluntariamente a serviço de uma dívida, por conta de não terem dinheiro para pagar a passagem para o Novo Mundo, e os que eram seqüestrados e capturados por conta de suas dívidas com agiotas (os onzeneiros, descritos nas peças de Gil Vicente).
José Octavio Dettmann
Rio de Janeiro, 13 de novembro de 2018.
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