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quarta-feira, 14 de novembro de 2018

Da escrita como pesca na terceira margem do rio

1) Escrever é como pescar na terceira margem do rio, descrita num conto de Guimarães Rosa com esse nome. Essa margem só pode ser vista por quem vê aquilo que não se vê, tal como foi dito por Bastiat. As águas da margem desse rio são sempre profundas, pois são as profundezas da consciência, que precisam ser constantemente sondadas por meio do exame de consciência.

2.1) Para se ver a terceira margem do rio, é preciso que se pratique constantemente a aletéia (o não esquecimento).

2.2) Quem recebeu as graças do batismo, a ponto de viver a vida em conformidade com o Todo que vem de Deus, será guiado pelo Santo Espírito de Deus de modo a pescar homens nessa terceira margem. E a isca são as idéias e reflexões fundadas no fato de se amar e rejeitar as mesmas coisas tendo por Cristo fundamento.

3.1) Antes de Jesus, o filósofo não bebia das águas do esquecimento, que levavam à concupiscência e à má consciência. Essas águas estavam poluídas. Com o batismo, as águas desse rio foram purificadas e até mesmo os peixes colaboram com o processo de pesca.

3.2) Não se trata de uma troca autística, como diz Mises, esse charlatão que equiparou Jesus a um bolchevique. A troca é sempre heterônoma, uma vez que você necessita do verdadeiro Deus e verdadeiro Homem para que você possa realmente pescar homens para a vida fundada na conformidade com o Todo que vem de Deus. E pescar, nesse sentido, é sempre descobrir os outros.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 14 de novembro de 2018.

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