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domingo, 3 de maio de 2020

Notas sobre a Bélgica, enquanto berço do renascimento comercial e urbano da Idade Média, o despertar da Europa

1) Sabem por que motivo a capital da União Européia é em Bruxelas? Porque foi nessa região que começou a haver o renascimento urbano e o renascimento comercial, ao longo da Idade Média.

2) O ducado de Brabante e o reino de Flandres foram pioneiros nesse processo. Sua pujança econômica se deveu ao esforço de guerra organizado nas Cruzadas. Por isso, tiveram um amplo patrocínio da Igreja Católica.

3) Em razão do Renascimento urbano e comercial, houve o renascimento da indústria artesanal, a ponto de surgirem as primeiras guildas. E à medida em que a sociedade foi se organizado econômica e politicamente, muitas cidades passaram a ganhar suas cartas de franquia. Alguns reis começaram a expandir seu império comprando cartas de franquia para as as cidades mais próximas de modo a ganhar a sua lealdade. E a idéia foi se espalhando por toda a Europa.

4.1) Como o comércio tende a unir o mundo, em razão de seu cosmopolitismo, então a capital da Bélgica simbolicamente é a capital da Europa, da civilização européia. 

4.2.1) Obviamente, essa é uma história distorcida, pois a base da Europa é o cristianismo, a conformidade com o Todo que vem de Deus - e a função do comércio é promover o bem comum, uma vez que a verdade é o fundamento da liberdade. 

4.2.2) Os globalistas são uma versão cada vez mais radical daquilo que decorreu da ética protestante e do espírito do capitalismo, no sentido revolucionário do termo - e eles devem ser combatidos a ferro e a fogo, uma vez que só sabem conservar o que é conveniente e dissociado da verdade.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 3 de maio de 2020 (data da postagem original).

Sobre o conceito de facção no Estado liberal e no Estado socialista

1) No Estado liberal, pautado no igualitarismo, cada facção tinha o direito de expressar a verdade que quisesse, a ponto de a política se tornar uma luta de idéias, onde a idéia mais persuasiva ganharia e acabaria se tornando a mais dominante por um determinado período de tempo. Como esse domínio era um privilégio temporário, naturalmente ocorria a alternância de governo. Eis o governo de facção das repúblicas - isso tendia para a instabilidade política e para o autoritarismo.

2) No Estado socialista, pautado na hegemonia cultural, facção é todo grupo de contestação que quer derrubar as idéias políticas dominantes - no caso as idéias socialistas, pautadas naquilo que é conveniente e dissociado da verdade. Quem recebe o estigma de facção deve ser calado, eliminado ou destruído. Não há paridade de armas - e a guerra pelo poder tende a ser assimétrica. Não se trata de uma guerra civil de irmão contra irmão, mas de patriotas contra apátridas, contra gente que não toma o país como um lar em Cristo, uma vez que essa gente não crê no verdadeiro Deus e verdadeiro Homem, a ponto de serem seus verdadeiros inimigos. E eliminar os apátridas é a maior guerra justa que pode se fazer para libertar o país da dominação socialista.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 3 de maio de 2020.

sábado, 2 de maio de 2020

Da Igreja Católica como mestra do processo civilizatório - notas sobre o poder das chaves ao longo da história

1.1) Nunca dispare uma flecha que um dia possa se voltar contra você. 1.2) Quando você reconhece os sinais dos tempos, você acaba percebendo muito bem que verdade conhecida é verdade obedecida - e essa obediência se funda no verdadeiro Deus e verdadeiro Homem, a ponto de sua palavra não ser servida com fins vazios, assim como a ordem decorrente dessa palavra semeada. 2.1) A ordem servida com fins vazios fornece os meios necessários para sua própria destruição. 2.2) No caso do Império Romano, isso se deu através das estradas - como elas eram feitas para durar, elas foram usadas por séculos após a queda de Roma e ajudaram na formação dos reinos cristãos, a partir dos bárbaros que queriam imitar os romanos na grandeza. Nisso, a Igreja viu a oportunidade de estabelecer uma nova ordem, se pudesse dividir o poder com esses novos conquistadores, a ponto de o trono estar a serviço do altar de modo propagar a fé cristã. 3.1) A ordem feudal é exatamente isto: a antigüidade temperada com cristianismo. Os bárbaros imitariam Roma em sua grandeza, mas seriam tutelados pela Igreja. E durante a tutela, eles foram se tornando nações civilizadas. 3.2.1) Afinal, não dá pra se falar em nacionidade sem antes falar em civilização, sobre o processo de educação de um povo inteiro de modo a ficar sujeito à autoridade e proteção do verdadeiro Deus e verdadeiro Homem, a ponto de se eliminar da face da Terra os que atentam deliberadamente contra a Santa Cruz, porque são demônios, e de se morrer por Ele por meio do martírio, já que Cristo é construtor e destruidor de Impérios fundados na verdade, que é o fundamento da liberdade. E esses impérios fundados na verdade são impérios de cultura. 3.2.2) Por isso, a Igreja é tanto mestra da verdade quanto mestra do processo civilizatório Ela é a mestra na verdade, na arte de se viver em conformidade com o Todo que vem de Deus. E essa arte leva a um jeito excelente de se viver a vida, cujo estudo pode ser tomado como uma verdadeira ciência: a ciência da cruz, a ciência de se morrer para si de modo que Deus viva em nós, através da Santa Eucaristia. José Octavio Dettmann Rio de Janeiro, 2 de maio de 2020.

Da Roma dos Césares à cristandade - do papel das estradas na passagem dos impérios de domínio para os impérios de cultura em Cristo

1) Quando o Império dos Césares foi forjado, estradas foram criadas de modo a integrar as diferentes regiões do Império. 2) O Império dos Césares era uma comunidade imaginada de modo a promover a grandeza do povo de Roma - e a síntese dessa grandeza é César ser tomado como um Deus vivo. Por isso, toda essa ambição por conquistar e integrar as diferentes regiões num único império. 3) Como essas coisas nasceram de uma transa adúltera de César com a Rainha do Egito Cleópatra, era natural que Roma terminasse sendo sucessora espiritual dessa antiga ordem imaginada pelo faraó de tal modo a negar aquilo que foi estabelecido pelo verdadeiro Deus e verdadeiro homem. Como este império era organizado e havia aprendido muito com os erros de seus antecessores, era preciso que o peso desse império fosse usado contra ele mesmo. E isso exigiria um homem que fosse o rosto humano de Deus: eis o milagre que foi o nascimento de Cristo. 4.1) Depois que Cristo morreu e deixou sua doutrina, os cristãos - os herdeiros verdadeiros da tradição judaica e livres do conservantismo hipócrita dos fariseus que mataram Jesus - puderam usar as estradas do Império contra ele mesmo. Pregaram a boa nova a toda criatura, a ponto de diferentes povos e diferentes culturas serem tomadas como um mesmo lar em Cristo, por Cristo e para Cristo. 4.2) Da unidade forçada do império de domínio dos Césares surgiram diferentes reinos vassalos de Cristo, cada uma com sua própria tradição e com sua própria razão de ser para servir a Cristo em terras distantes, através desse bem comum que é a Cristandade - a verdadeira ordem internacional, uma vez que o Todo que é maior que a soma da partes. 4.3.1) A conformidade com o Todo que vem de Deus decorre justamente dessa ordem internacional fundada no verdadeiro Deus e verdadeiro Homem, que civiliza povos inteiros, a ponto de converter impérios de domínio fundados em animais que mentem em impérios de cultura fundados no verdadeiro Deus e verdadeiro Homem. 4.3.2) Eis a razão para se definir se um povo é ou não civilizado - quanto mais amigo de Cristo ele for, mais ele é capaz de colaborar com Cristo nesse projeto salvífico é que é salvar toda criatura do pecado e da morte. E um país pode ser tomado como um lar justamente por causa disso, pois serviu com honras ao justo juiz com verdadeira honra e distinção, a ponto de ser um verdadeiro exemplo.

4.3.3) Eis a razão pela qual falo tanto em nacionidade e em comunidades que se revelam em razão dessa missão, dessa razão de ser. José Octavio Dettmann Rio de Janeiro, 2 de maio de 2020 (data da postagem original).

Da importância das estradas para o renascimento comercial na Europa

1.1) Ao longo da história, postos comerciais eram organizados em cruzamentos de estradas por onde passavam as caravanas de comércio. Como diferentes caravanas acabavam se cruzando, muitos comerciantes que faziam parte dessas caravanas acabavam trocando mercadorias entre si.

1.2) As feiras de Champagne na Europa nasceram devido a esta circunstância: para facilitar a troca de produtos entre os bens de regiões produtoras próximas. Como cada região tinha sua própria moeda, nas feiras ocorria a uniformização das coisas, dos pesos e das medidas, fazendo com que um determinado produto atendesse a outras regiões também. E junto com a uniformização dos pesos e das medidas, havia ainda a circulação do crédito através dos títulos de crédito, fazendo com que as diferentes moedas fossem substituídas por uma moeda única, nacionalmente unificada, uma vez que a nação é a síntese de todo esse consórcio cooperativo de bens e regiões de modo a se produzir um bem comum de modo que este seja tomado como um lar em Cristo, por Cristo e para Cristo.

2.1) À medida que essas trocas se intensificavam, esses postos eram organizados para estocar as mercadorias e dar descanso às caravanas, de modo a prosseguirem viagem. Durante o descanso, os viajantes tomavam conhecimento das notícias locais e passavam adiante para outras regiões mais próximas. 

2.2) A mesma coisa era feita com relação a idéias. Manuscritos de comerciantes eram trocados de modo a se obter um novo modo de produção a ser experimentado. Se esse modo de produção desse certo, a região adquiria uma certa vantagem comparativa em relação às demais e passava a ganhar ainda mais riqueza e a produzir uma maior variedade de recursos de modo a suprir a demanda de uma região ou de um certo grupo de regiões próximas. Por essa razão, o renascimento comercial levou ao renascimento da produção artesanal, o que levou ao desenvolvimento das cidades.

3) Conforme o tempo ia passando, essa complexidade econômica ia aumentando, a ponto de um governo organizado começar a recolher tributos a partir das alfândegas, enquanto desdobramento direto desses postos comerciais. Lá as mercadorias eram estocadas, havia o desembaraço aduaneiro, as caravanas recolhiam os produtos e seguiam viagem de modo a entregá-las a seu destino, uma vez que receberam uma missão comercial para isso. Se cumprissem a missão comercial, eles passariam a ter lucro e ainda construiriam a ponte que pavimentaria a aliança entre uma nação e outra (ou entre uma nação e uma cidade-Estado).

4) Esta é, portanto, a relação entre comércio, cultura e governo, enquanto trindade.

José Octavio Dettmann

terça-feira, 28 de abril de 2020

Quando um ícone vira ídolo - notas sobre a perversão dos símbolos

1) Por que a Igreja declara santa uma pessoa cuja existência na Terra esteja findada? A resposta é que a biografia dessa pessoa adquiriu uma forma definitiva, um caminho canônico - se você quiser entendê-la, você deve estudar essa forma, pois estas foram as circunstâncias de sua vida. E as circunstâncias foram as vicissitudes do seu tempo e o amor que tinha por Deus sem medida.
2.1) Se alguém adquire fama de santo ou de herói ainda em vida, então essa pessoa precisa urgentemente esvaziar-se de si mesma para poder carregar esta cruz melhor. 2.2) O homem é um animal que erra - se a vaidade o induz pecar contra Deus e a errar para com o próximo sistematicamente, ele se torna um animal que mente. E dessa forma a fama de santidade, ou mesmo de herói, será servida com fins vazios, a ponto de o ícone se converter num ídolo que deve ser destruído. 3) Nunca transformem uma pessoa ainda viva num herói ou num santo, ainda mais quando esta cumpriu apenas a sua obrigação - trata-se de uma cruz muito pesada para se carregar. Poucos sobrevivem a esse martírio. José Octavio Dettmann Rio de Janeiro, 28 de abril de 2020.

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Notas sobre a ordem servida com fins vazios - o caso da luta contra o crime em abstrato

1) Lutar contra a corrupção ou contra a pirataria em abstrato é servir ordem com fins vazios. No final, qualquer coisa pode ser feita, a ponto de se ofender o verdadeiro Deus e verdadeiro Homem. 2) Num país como o Brasil, que foi fundado para servir a Cristo em terras distantes, para propagar a fé cristã, a corrupção das autoridades é algo inaceitável, uma vez que é próprio da conformidade com o Todo que vem de Deus crermos que a autoridade constituída aperfeiçoa a liberdade, uma que ela serve ao bem comum. É dessa forma que o Império de Cristo, fundado em Ourique, se torna um Império de cultura, um caso único na História. 3) Num país como a China, um império de domínio criado para refletir a glória do Partido Comunista, a corrupção é uma coisa aceitável. Se você corromper os agentes de modo que trabalhem pra você, você derruba esse império do mal. Do mesmo modo, se você piratear a tecnologia chinesa, você acaba com o império chinês. 4.1) Afinal, guerra é continuação da política por meios violentos. E corrupção e pirataria terão fins justos se forem usadas contra o partido comunista, pois é violência econômica. 4.1) Quando lido com um inimigo, eu faço exatamente isto: tento copiar seus produtos e tento vender mais barato e de melhor qualidade de modo que ele seja eliminado do mercado. 4.2) O verdadeiro inimigo a ser eliminado é justamente o inimigo de Cristo - o inimigo pessoal, o que fere aquilo que conservo de conveniente e dissociado da verdade, eu devo amá-lo, pois ele é meu amigo, na verdade - ele só deseja a minha sincera conversão. José Octavio Dettmann Rio de Janeiro, 28 de abril de 2020.