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quarta-feira, 2 de setembro de 2020

Considerações sobre as vilas, os burgos e o problema do espírito burguês

1) Entre o vicus e o pagus, há um estado intermediário de desenvolvimento civilizatório, o status villae

2) A vila tende a ser uma cidadela que depende de uma grande propriedade rural,o latifúndio romano, mais tarde chamado de feudo. Estas cidadelas, quando são fortificadas, são conhecidas como burgos.Daí chamamos de burgueses os que habitam essas cidades fortificadas.

3) Nessas cidades ocorre o beneficiamento da economia agrícola, a ponto de virar artesanato, a forma mais rudimentar de indústria que tem. Além da economia de transformação de matérias-primas em produtos de luxo, há toda uma economia de serviços que era desenvolvida nas guildas, nas corporações de ofício. Quem quisesse, podia aprender um ofício ou uma profissão - e se não tivesse dinheiro para a matrícula, pagava a formação com trabalho, a ponto de se tornar companheiro de uma das corporações da cidade, sempre guiado pelas ordens de um mestre ou grão-mestre.

4.1) Nessas vilas não havia escravidão - ninguém tinha direito de vida e de morte sobre um ser humano, uma vez que todos eram cristãos. O pagamento por meio de trabalho era usado como dação em pagamento no lugar do dinheiro - por isso, a servidão era freqüente. 

4.2) Os que eram solteiros e não tinham laços de servidão podiam casar. E conforme fossem progredindo através do trabalho, podiam legar seus bens às futuras gerações, que aprendiam o ofício de seus pais e continuavam do ponto onde a vida anterior parou. 

5) Esse ambiente protegido e livre fez com que os burgos crescessem e prosperassem. Muitos deles compraram cartas de franquia de seus feudos, tornando-se cidades-Estado independentes. O Florescimento Urbano e Comercial estava estabelecido, assim como se deu na Idade Média, a ponto de ser chamado de Renascimento Urbano e Comercial. Províncias podiam ser estabelecidas a partir dessas cidades prósperas, que se tornavam pequenas capitais, cidades-modelo para as demais.

6) Mas o progresso trouxe um problema: a perda do senso de aventura, do senso de nobreza, de lutar por aquilo que vale a pena, o senso de guerra justa. Por essa razão, o espírito burguês abomina a guerra, a aventura, o senso de servir a Cristo em terras distantes. O fechamento da alma burguesa leva ao paganismo e ao provincianismo - e isso leva certamente ao Renascimento do paganismo na Europa.

José Octavio Dettmann



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