1) Muitos que acusam, e com razão, o "liberalismo" do Imperador D. Pedro I esquecem-se (propositadamente ou por ignorância?), que, quando da independência do Brasil, Portugal era, de facto, governado pelos ultra-liberais, representados nas famosas "cortes de Lisboa". Eles haviam cassado a cidadania da Rainha D. Carlota Joaquina, que se encontrava praticamente em prisão domiciliar em sua Quinta do Ramalhão, e o Rei D. João VI estava em uma posição muito próxima à de Luís XVI, quando este ainda vivia no Palácio das Tulherias, meses antes de ser guilhotinado.
2) Os liberais, na verdade, nunca foram realmente liberais, mas inimigos da Santa Igreja e das verdadeiras tradições da Europa. Eles procuraram retirar ao Brasil sua condição de reino unido ao de Portugal, reduzindo-o a uma condição de subserviência que jamais havia possuído. O Municipalismo que vigorava no território luso-americano é o grande exemplo do quanto aqueles povos detinham as verdadeiras rédeas do governo e a história está farta de exemplos que o comprovam (vide o conflito entre os descendentes dos desbravadores da Paraíba do Sul- Campos dos Goytacazes- e os Assecas).
3) Portanto o Brasil, com uma elite muito rica, não aceitaria tais desacatos. Os liberais, quando falam de independência, eles acusam uma verdade - a que sintetizei acima e a famosa carta de José Bonifácio é um outro exemplo. A maior prova disso é que os homens-bons das câmaras das principais Vilas do Rio e de São Paulo dão o seu apoio ao grito do Ipiranga, em muitas das atas constava a frase : "Fidelidade ao nosso rei D. João VI e abaixo às Cortes de Lisboa".
Heitor Buchaul
Facebook, 07 de setembro de 2020.
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