É comum e já se tornou banal na internet culpar o Concílio Vaticano II por uma crise inaudita na Igreja e por ser uma árvore de péssimos frutos.
Por isso, elenquei aqui os frutos bons que o Concílio nos legou:
• Apelo à santidade Universal dos fiéis. Todos podem e devem ser santos, não só os religiosos e santos celibatários
• Foi proclamado pela primeira vez que Nossa Senhora é "Mãe da Igreja", e a ela foi dedicado um capítulo todo, que explicita de modo muito bonito o papel dela na Igreja.
• Definição mais clara do papel do leigo na Igreja, com o seu correto enquadramento teológico.
• Restauração do Diaconato Permanente
• Redescoberta da Palavra de Deus na vida da Igreja.
• Restabelecimento dos direitos e Privilégios Patriarcais
• A deslatinização das igrejas católicas orientais em comunhão com Roma e, consequentemente dos ritos orientais, e a recuperação de um maior reconhecimento pelas igrejas particulares
• Reafirmação da igualdade e dignidade entre os Ritos, que já havia sido salientado pelo Papa Leão XIII. Não existe Rito Superior na Igreja
• A volta da conciliaridade e da sinodalidade.
• A patrística como legado dos mestres. Dentre as muitas perspectivas sob as quais podemos colher o " Logos theologicus ou eclesiologicus privilegiado" está sem dúvida no período patrístico. Os Santos Padres não representam toda a Tradição, mas são seus expoentes máximos.
• Introdução explícita e valorização da Epiclese (prece de invocação ao Espírito Santo para que desça sobre os dons eucarísticos) nas orações eucarísticas
• A Cristologia deixou de ser Cristomonista e passou a ser trinitária. A Igreja vem da Trindade, está estruturada à imagem da Trindade e caminha para o cumprimento trinitário da Igreja.
• Da Sociedade ao Mistério: Para o Concílio Vaticano II a Igreja é "mystérion" (mistério). Em que sentido? Não no sentido de desconhecido ou incognoscível, mas no sentido bíblico-paulino, presente também nos Padres pré-nicenos, do desígnio divino de salvação que se vai realizando e revelando na história humana. A idéia já tinha uma incipiente tradição antes do Vaticano II: " a Igreja é primariamente uma realidade invisível. Com isso não se nega absolutamente a visibilidade da Igreja, antes ela é mesmo exigida em virtude do conceito de mistério, que significa uma comunicação da salvação envolta em formas visíveis'."
• Acentuação à dimensão pneumatológica
• Restauração da Ordo Virginum ( mulheres que decidiram se tornar virgens em seu próprio contexto de vida) e que existe desde os primórdios do cristianismo.
• Os meios de comunicação social receberam decreto especial ( Inter Mirifica) por parte do Concílio Vaticano segundo. A Igreja tem o dever e o direito de pregar a mensagem da salvação pelos meios de comunicação social.
• Volta daquilo que no Oriente nunca havia se perdido: como por exemplo a concelebração na missa por vários sacerdotes, as litanias, ou oração dos fiéis com a introdução de intenções apropriadas às necessidades atuais da assembléia.
• Resgatou-se a importância da História e da escatologia na perspectiva eclesiológica, favorecendo ressaltar a condição peregrina da Igreja.
• Permitiu um maior desenvolvimento da Josefologia, segundo Francis Filas.
David Milán
Facebook, 11 de setembro de 2020.