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quarta-feira, 19 de agosto de 2020

Do aburguesamento paulista e do abrasileiramento do brasileiro

1) Durante os tempos romanos, os latifúndios tinham pequenas vilas associadas de modo a prestar serviços de beneficiamento do que era produzido nessas terras. Era o princípio da agro-indústria, sendo o artesanato a versão mais primitiva dessa atividade economicamente organizada.

2.1) Durante os tempos medievais, esses latifúndios evoluíram na figura do feudo e as vilas passaram a ser fortificadas, a serem chamadas de burgos. 

2.2) Além de terem a proteção do senhor feudal e da Igreja, seus habitantes, os burgueses (anteriormente chamados de vilões ou habitantes das vilas) gozavam de ampla liberdade para poderem se organizar e se associar. Guildas começaram a surgir e atividade econômica ficou mais organizada, a ponto de a vila funcionar como um organismo vivo. 

2.3) Com o desenvolvimento das vilas em cidades, muitas delas ganharam cartas de franquia e passaram a se tornar cidades-Estado independentes, a ponto de terem seu próprio príncipe ou Rei. Eram de fato pequenas repúblicas.

3.1) As pessoas ficaram tão cheias de si, em razão do progresso decorrente de tanta proteção, que começaram a fazer da riqueza sinal de salvação, a cuspir no prato em que começaram. 

3.2) Por incrível que isso possa parecer, as muralhas dos burgos, que antes protegiam a cidade dos inimigos, passou a dar causa para o fechamento da alma dos seus cidadãos para a verdade, a ponto de conservarem o que é conveniente e dissociado da verdade. Eis o espírito burguês, marcado pela autoconfiança arrogante, cuja causa se dá nos constantes tempos de prosperidade e progresso que esta sociedade experimentou

4.1)  ìtalo Lorenzon, do Terça Livre, apontou que os paulistas, em razão do aburguesamento, abriram mão do espírito bandeirante e estão aceitando se submeter à tirania de João Dória, visto que São Paulo se tornou a terra do trabalho, a terra onde a riqueza se tornou sinal de salvação. 

4.2) Em razão disso, muitos estão conservando o que é conveniente e dissociado da verdade, a ponto de serem incapazes de lutar por sua liberdade em tempos difíceis. E neste ponto, ele tem razão.

4.3.1) O aburguesamento do paulista é o abrasileiramento do brasileiro no seu microcosmo, como já apontou Tito Lívio Ferreira. 

4.3.2) O Brasil em 1822 fechou sua alma à verdade, quando abraçou a mentira de Bonifácio de que era colônia de Portugal. E isso gerou o fechamento da alma e do espírito que povoou o país de modo a ser tomado como um lar em Cristo, por conta da missão que recebemos em Ourique de propagar o evangelho a povos que se encontram em terras muito distantes.

4.3.3) Como São Paulo é a capital geográfica do Brasil, segundo Jaime Cortesão, então o ciclo está completo. A civilização nesta terra entrará em processo de homeostase logo, em razão da sua completa falta de sentido.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 19 de agosto de 2020.

Texto Relacionado:

Homeostase civilizacional, de Jorge Boaventura: http://raboninco.com/1orbS

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