Pesquisar este blog

terça-feira, 18 de agosto de 2020

Da importância da guilda numa economia de cunho protecionista

1) Sempre que há falta de matéria-prima ou quando um determinado produto está proibido de ser comerciado numa determinada cidade, região ou país - em razão de algum interesse político fundado naquilo que se conserva de conveniente e dissociado da verdade -, a melhor solução é visitar a guilda da sua profissão. Eles sempre oferecem produtos interessantes a um preço justo - e por meio desses produtos que eu poderei fazer os meus produtos.

2.1) Como a guilda é uma associação de famílias que se unem em razão de interesses em comum que são próprios de uma determinada profissão, eles costumam ter uma rede de inteligência própria, sem mencionar que eles costumam vender os produtos de maneira discreta e sigilosa, feita tão-somente aos membros associados da guilda de modo a ajudá-los em tempos de crise, tal como um segredo comercial. 

2.2) Não se trata de conspiração contra o público - na verdade, aquilo é uma lembrança de que a verdadeira fé um dia foi perseguida - uma lembrança do tempo das catacumbas, um mecanismo de defesa feito de tal modo que a política conservantista não prejudique a verdade, o verdadeiro fundamento da liberdade.

3.1) Eis a prova cabal da importância das guildas para o protecionismo econômico, enquanto cultura. 

3.2.1) Quando os políticos conservam o que há de conveniente e dissociado da verdade, a ponto de inviabilizar a liberdade econômica de um povo, as catacumbas costumam ser o local onde a liberdade de mercado costuma ser praticada. 

3.2.2) Ela é o ponto de partida para a organização da resistência. De um protecionismo educador, a verdadeira liberdade vem à tona - e as guildas costumam ser os corpos intermediários diante de uma situação de crise. Este é o tempo de dispersão, de fazer negociação entre as guildas locais de modo a obter os favores de outros reinos de modo a conseguir combater o estado de opressão reinante.

4.1) Se a guilda tiver influência política junto à cidade, região ou reino que lhe serve de abrigo, as alfândegas tendem a atuar como uma espécie de casa de intermédio - eis aí a prova cabal da relação entre comércio e governo. 

4.2.1) A grande vantagem de se ter uma alfândega cooperando com as guildas locais é que grandes quantidades de produto podem ser vendidas, convertendo o desperdício, decorrente de superprodução ou boicote comercial, em lucro. Essas grandes quantidades de produto - que ficam nos armazéns e que não podem ser deslocadas por meio de navios, por ser impratícável - são representadas por meio de títulos de crédito, os títulos de commodities. 

4.2.2) Esses títulos costumam ser tomados como bens de primeira necessidade, uma vez que convertem algo pesado e difícil de carregar em algo leve e fácil de carregar. Esses títulos são abençoados, uma vez que a autoridade que os emitiu ama e rejeita as mesmas coisas tendo por Cristo fundamento, uma vez que está assegurando o valor desse bem em caso de um eventual sinistro.

4.2.3) Esses títulos são vendidos na Europa, através das guildas locais. O comprador do título passa a ser titular desses bens que se encontram num armazém no Novo Mundo. Se ele quiser ser influente na cidade onde está esse armazém, ele começa a investir na indústria da cidade de tal maneira a processar essas matérias-primas em produtos industrializados, ponto de obter grande lucros. 

4.2.4) Ao investir dinheiro numa fábrica na cidade onde fica esse armazém, ele acaba aperfeiçoando a economia local - tudo isso fundado em arranjos políticos que se dão nas catacumbas da guilda. E esse investidor se torna uma espécie de benfeitor da cidade, a ponto de ser agraciado com títulos de nobreza, a ponto de ter direito de votar e ser votado na cidade, a ponto de tomá-la como um lar em Cristo, por conta de ter servido a Cristo em terras distantes, ao investir em atividade econômicas organizadas que favoreçam o desenvolvimento econômico dessa cidade, favorecendo assim a integração dele e de sua família com a comunidade local que acolhe essa nova família.

5.1) Por meio dessas guildas, os mercadores recebem informações privilegiadas a partir de informantes que ficam a acompanhar os mercados na pátria-mãe, assim como nos demais mercados internacionais, bem como a situação política das cidades.

5.2) Com base nisso, os comerciantes dessas casas de intermédio despachavam os produtos usando seus próprios navios privados, sem a necessidade de haver uma marinha mercante para fazer todo esse trabalho, deixando o governo da cidade, aliado da guilda, livre para focar no povoamento e defesa da região. 

5.3) A partir desses contatos comerciais e de alianças dinásticas, que podem se refletir no âmbito político, os interesses dos povos do além-mar são representados junto às cortes. E por meio desses acordos políticos, o comércio com a Europa continua, mesmo que haja uma revolução em curso.

6.1) Essas casas de intermédio incentivavam a interiorização do povoamento, de modo a descobrir mercadorias ainda mais interessantes para o comércio - em geral, essas casas de intermédio ficam na cidade mais central da região, a ponto de assumir a função de escoadouro, deixando as outras cidades livres para exercerem a função de produzir matérias-primas, enquanto outras ficam livres para se dedicarem à indústria. 

6.2) Essa interiorização do povoamento faz com que a força expedicionária dos exércitos conservantistas acabe tendo uma certa resistência ao retomar as cidades rebeldes de volta, se houver uma luta pela liberdade, pela não-sujeição a esse odioso estado de opressão, uma vez que o império de Cristo - fundado para se servir a Ele em terras distantes, um império de cultura fundado na verdade como fundamento da liberdade - foi pervertido em império de domínio dos animais que mentem que governam a pátria-mãe. Como essas tropas não conhecem o terreno, terminam sempre vítimas de emboscada.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 18 de agosto de 2020.

Nenhum comentário:

Postar um comentário