1.1) Ao longo da história, postos comerciais eram organizados em cruzamentos de estradas por onde passavam as caravanas de comércio. Como diferentes caravanas acabavam se cruzando, muitos comerciantes que faziam parte dessas caravanas acabavam trocando mercadorias entre si.
1.2) As feiras de Champagne na Europa nasceram devido a esta circunstância: para facilitar a troca de produtos entre os bens de regiões produtoras próximas. Como cada região tinha sua própria moeda, nas feiras ocorria a uniformização das coisas, dos pesos e das medidas, fazendo com que um determinado produto atendesse a outras regiões também. E junto com a uniformização dos pesos e das medidas, havia ainda a circulação do crédito através dos títulos de crédito, fazendo com que as diferentes moedas fossem substituídas por uma moeda única, nacionalmente unificada, uma vez que a nação é a síntese de todo esse consórcio cooperativo de bens e regiões de modo a se produzir um bem comum de modo que este seja tomado como um lar em Cristo, por Cristo e para Cristo.
2.1) À medida que essas trocas se intensificavam, esses postos eram organizados para estocar as mercadorias e dar descanso às caravanas, de modo a prosseguirem viagem. Durante o descanso, os viajantes tomavam conhecimento das notícias locais e passavam adiante para outras regiões mais próximas.
2.2) A mesma coisa era feita com relação a idéias. Manuscritos de comerciantes eram trocados de modo a se obter um novo modo de produção a ser experimentado. Se esse modo de produção desse certo, a região adquiria uma certa vantagem comparativa em relação às demais e passava a ganhar ainda mais riqueza e a produzir uma maior variedade de recursos de modo a suprir a demanda de uma região ou de um certo grupo de regiões próximas. Por essa razão, o renascimento comercial levou ao renascimento da produção artesanal, o que levou ao desenvolvimento das cidades.
3) Conforme o tempo ia passando, essa complexidade econômica ia aumentando, a ponto de um governo organizado começar a recolher tributos a partir das alfândegas, enquanto desdobramento direto desses postos comerciais. Lá as mercadorias eram estocadas, havia o desembaraço aduaneiro, as caravanas recolhiam os produtos e seguiam viagem de modo a entregá-las a seu destino, uma vez que receberam uma missão comercial para isso. Se cumprissem a missão comercial, eles passariam a ter lucro e ainda construiriam a ponte que pavimentaria a aliança entre uma nação e outra (ou entre uma nação e uma cidade-Estado).
4) Esta é, portanto, a relação entre comércio, cultura e governo, enquanto trindade.
José Octavio Dettmann
Rio de Janeiro, 02 de maio de 2020.
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