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quarta-feira, 20 de maio de 2020

Separando ciência econômica da ideologia: economia não é crematística

1) Algumas pessoas me apontaram um seguinte dado: deveria haver uma racionalidade maior dos agentes econômicos na hora de estabelecer o preço de seus produtos. Na maioria das vezes, vemos o preço aumentar de maneira irracional, tal como vemos no preço da gasolina.

2.1) Esse comportamento irracional é movido pela concupiscência e pela ganância. Platão criticava muito a sociedade de sua época por conta disso. Essa gente buscava a riqueza com prazer a ponto de gerar um sério problema ético. 

2.2) Eis o problema da crematística. Por isso que falo muito da economia - enquanto ciência auxiliar da política, no tocante à construção do bem comum - e da crematística como coisas diferentes. É preciso separar ciência séria da pseudociência, da ideologia. O que vemos hoje não é economia, mas pseudociência econômica, a crematística. E tudo isso é movido pela ética protestante e pela cultura da riqueza tomada como sinal de salvação, a qual Marx chamou de capitalismo.

3) A concupiscência nada mais é do que paixão desordenada pelos luxos e pela cobiça. E isso leva ao pecado e à prática da usura. Ela fala mais do homem cheio de si até o desprezo de Deus, a ponto de a economia acabar caindo num aspecto subjetivo, arbitrário. Isso diz muito do homem enquanto animal que mente, enquanto pior dos animais, separado do Direito e da Justiça.

4.1) A benevolência apela para duas das nossas maiores faculdades: a inteligência - que é a capacidade de aprender a realidade das coisas, uma vez que elas apontam para a realeza de Cristo - e a vontade, que é a capacidade de dizer sim  à verdade, uma vez que conhecemos as pelas quais as coisas foram criadas, baseadas no amor divino.

4.2) Na economia de benevolência, nós procuramos os motivos pelos quais os que ganham a vida prestando serviços à população aumentam ou diminuem os seus preços, de modo a conquistar os seus consumidores. Precisamos vê-los como uma espécie de Cristo que trabalha para ter o pão de cada dia. Ele é um Cristo necessitado dos favores da clientela, tanto quanto um mendigo. Para ele, o freguês sempre tem razão, pois ele vê nele um Cristo-príncipe. E esse Cristo-príncipe pode estar em qualquer classe social, até mesmo entre os mais pobres. 

5.1) Trata-se de uma questão cultural. E isso certamente afeta a maneira como se faz ciência econômica. 

5.2) Se buscamos a verdade, então busquemos uma economia pautada na ética cristã (leia-se católica); se buscamos conservar o que é conveniente e dissociado da verdade, façamos da ciência econômica uma ideologia, a ponto de se nadar em dinheiro como se não houvesse amanhã, o que certamente não faz o menor sentido, já que o maior propósito da vida é a vida eterna.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 20 de maio de 2020.

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