Pesquisar este blog

domingo, 31 de maio de 2020

Da era da doação à venda de produtos - considerações sobre isso

1) Fernando Melo, do Comunicação & Política, dizia que devíamos passar da era da doação e passarmos para a era da venda de produtos.

2) A era da venda de produtos é interessante quando se lida com uma economia de impessoais. Quando você lida com todo tipo de pessoa, você não contribui em nada para a melhoria da alma de alguém, muito menos da sociedade política - você vende um produto qualquer, usa a técnica da publicidade de modo a inculcar poderes mágicos num determinado produto, atribui que ele tem propriedades milagrosas e o gado cai dentro, gerando uma verdadeira desinformação. É por essa razão que esses produtos não eram considerados bens, segundo Aristóteles, mas coisas - e deviam estar fora do comércio, já que não têm valor, não têm utilidade e estão fora da justiça, uma vez que isso tudo está conforme os valores de Pluto, do deus chamado dinheiro - por isso mesmo, crematística.

3.1) Se você quiser fazer um serviço sério, primeiro estabeleça uma relação de confiança entre você e seus ouvintes, a ponto de depender deles através da economia da doação. 

3.2.1) Como toda informação tem uma origem, sempre que puder digitalize os livros que tornaram possível o seu desenvolvimento intelectual, traduza-os ou ensine a eles a língua para poderem ler os textos que você vende - assim, eles se tornam cada vez mais dependentes de você, fortalecendo ainda mais os vínculos entre você e seus ouvintes, a ponto de surgir uma amizade fundada no verdadeiro saber. Se os livros estiverem livres de direito autoral, faça uma nova cópia preservando os aspectos antigos do livro adquirido. 

3.2.2) Não trate isso como se fosse banana na feira e não busque a si mesmo quando quiser se expandir - deixe que Deus conduza as coisas. O máximo que você pode fazer é oferecer meios às pessoas para poderem crescer. A independência intelectual delas depende do seu esforço e do seu trabalho organizado - é melhor ter uma clientela fixa e que te conhece do que um cliente novo e que fica regurgitando opiniões erradas, fundadas no que é conveniente e dissociado da verdade. Antes de esse neófito ser seu cliente, ele precisa ser centrado, tal como fazemos nos iniciados na filosofia. Este é o pré-requisito antes da relação comercial.

3.2.3) Por isso que não podemos trabalhar a partir da ética protestante e com base nos princípios da impessoalidade. Devemos fazer o oposto, devemos servir ordem a toda criatura, uma vez que Deus ama aos homens, aos pobres de espírito. Deus agraciou o filósofo como um Cristo-príncipe, uma pessoa rica no saber de tal maneira a melhorar a vida dos mais pobres, através da transmissão de conhecimento - e essa prestação gera um mercado fundado no encontro do Cristo-príncipe com os Cristos necessitados. Ele não pode ser massificado.  

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 31 de maio de 2020.

Nenhum comentário:

Postar um comentário