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sexta-feira, 22 de maio de 2020

Da guerra permanente dos protestantes à paz perpétua iluminista - notas sobre isso

1) É fato verdadeiro que o liberalismo decorreu de uma ordem protestante, principalmente de uma ordem calvinista, puritana.

2) A maior prova disso é não se pode falar em paz em perpétua sem antes falar da concepção de guerra permanente dos puritanos, visto que eles não acreditavam em fraternidade universal. Para eles, Jesus, por conta de vir ao mundo trazer a espada, era capitão de um exército, de uma milícia de anjos e arcanjos. Isso remonta ao Deus do Antigo Testamento, que era um Deus da guerra. Por conta dessa concepção, Deus amava a figura dos soldados.

3.1) Por conta da natureza corrompida do homem, essa guerra tinha natureza permanente e duraria até o fim dos tempos - e essa guerra não podia ficar nas mãos de um rei, enquanto homem - eis a gênese do republicanismo moderno que deu origem aos EUA. 

3.2.1) Eles ignoravam completamente a concepção aristotélica do homem como um animal que erra. Todo homem tem dentro de si o desejo de conhecer a verdade - e ao conhecer a verdade, o homem tende a se emendar e a se arrepender, a ponto de criar obras que atestem a sua conversão, criando um legado para as gerações futuras que servem como prova de seu testemunho. Por conta disso, por conta de rejeitarem as boas obras, os puritanos se tornaram os inimigos da antiga ordem fundada no verdadeiro Deus e verdadeiro Homem, a ponto de serem os primeiros agentes da Nova Ordem da História, os primeiros revolucionários. 

3.2.2) O professor Olavo de Carvalho já falou que até mesmo uma má filosofia ou uma má teologia serve de pontapé inicial para projetos ainda mais nefastos - a maior prova disso é que os iluministas se valeram da concepção de guerra permanente dos puritanos e criaram a paz perpétua. E para isso precisavam acabar com todas as guerras, nem que seja desarmando toda a população ou entregando a tomada de decisão da vida das pessoas a especialistas, ignorando a natureza do homem como animal que erra e que do erro vem o aperfeiçoamento das coisas. 

3.2.3) Os iluministas até mesmo deturparam a doutrina medieval de guerra justa, alegando que a religião não é motivo suficiente para se proteger o ser humano da tirania, como se todas elas fossem más por si mesmas, a ponto de edificar liberdade com fins vazios. Para essa gente, a vida, a liberdade e a propriedade seriam os únicos elementos suficientes para se justificar uma guerra defensiva contra a ação do Estado. Eles nunca levaram em conta a verdade - e isso só confirma a tese esta ordem liberal só beneficia o homem enquanto animal que mente.

4.1) Eu estava assistindo a um vídeo do Loryel Rocha em que ele estava comentando um artigo escrito na Revista Época em que o referido autor, cujo nome não lembro agora, estava afirmando que o bolsonarismo é uma milícia religiosa nos mesmos moldes dos puritanos. De conservadores, eles não tinham nada - eles eram, nas palavras do autor, revolucionários.

4.2) Parece-me que Loryel e o referido autor lido por ele estão muito fora da realidade. Não vejo nenhum elemento revolucionário nos que seguem o Bolsonaro - eles o fazem de maneira genuína, movidos pelo sincero amor à pátria.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 22 de maio de 2020.

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