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terça-feira, 3 de junho de 2025

O amor à verdade, o senso de missão vindo de Ourique e a pronúncia dos nomes poloneses: lições para o jornalismo e para a vida

Resumo

Este artigo discute como a decadência do jornalismo contemporâneo reflete uma crise mais profunda: a perda do amor à verdade. A dificuldade — ou a recusa — de jornalistas em aprender e pronunciar corretamente nomes de outras línguas não é um detalhe técnico, mas um sintoma de indolência intelectual e desprezo pela realidade. A partir da missão histórica do Reino de Portugal, estabelecida em Ourique, reflete-se sobre como o amor à verdade exige o amor ao conhecimento, à cultura e às línguas dos povos, quando isso se ordena ao serviço de Cristo. Assim, tomar a Polônia e o Brasil como um mesmo lar em Cristo é a expressão mais alta dessa missão, que não conhece fronteiras geográficas quando se trata de servir à verdade.

Introdução

Se é verdade que “a verdade vos libertará” (João 8,32), então tudo aquilo que se opõe à verdade conduz inevitavelmente à escravidão — da mente, da consciência e da própria civilização. O jornalismo, quando se afasta do amor à verdade, torna-se um instrumento não de esclarecimento, mas de obscurecimento.

O episódio recente, em que jornalistas brasileiros declararam não saber polonês para justificar sua incapacidade de pronunciar o nome de um eurodeputado polonês — central numa notícia de impacto internacional —, revela algo muito maior do que uma dificuldade técnica: revela uma recusa ativa ao amor pela verdade, pelo conhecimento e, portanto, pela própria realidade.

1. O Amor à Verdade e o Amor ao Conhecimento

Olavo de Carvalho, ao longo de sua obra, foi insistente em apontar que não se pode amar a verdade sem amar também o conhecimento. Em O Jardim das Aflições, ele sintetiza isso de forma precisa:

“O amor à verdade é, necessariamente, amor ao conhecimento. Quem não tem amor ao conhecimento não tem amor à verdade, porque a verdade não se oferece à ignorância, mas à inteligência atenta e aplicada.” (CARVALHO, 1995, p. 78).

Essa sentença não é apenas uma consideração abstrata. Ela tem consequências práticas. O jornalista que se recusa a aprender, que se satisfaz com a ignorância, que não busca entender a cultura ou sequer pronunciar o nome de um personagem central numa notícia, não ama a verdade. E se não ama a verdade, é incapaz de servi-la.

2. A Missão de Ourique como chave de interpretação

A história de Portugal oferece uma chave para entender essa relação entre amor à verdade e serviço. Quando D. Afonso Henriques, no campo de Ourique, teve a visão de Cristo, ele recebeu uma missão que transcende o tempo e o espaço:

“Eu sou o fundador do reino que tu vais estabelecer. [...] Não temais, porque eu serei o vosso amparo. De hoje em diante, em Meu Nome combaterás e Eu farei de ti e de teus descendentes instrumentos de Minha glória.” (OLIVEIRA MARTINS, 1891, p. 102).

Dessa missão nasce Portugal, não como mera entidade política, mas como um reino constituído “por Cristo, em Cristo e para Cristo”. Essa missão não se encerrou no século XII. Ela prossegue naqueles que, tomando a sério o chamado, compreendem que servir à verdade é servir a Cristo — e que não há limites geográficos para isso.

3. A Polônia como extensão da Missão

Por isso, quando um homem toma a Polônia como seu lar, na mesma medida em que toma o Brasil, ele não está apenas fazendo uma escolha afetiva ou cultural. Ele está respondendo à missão de Ourique, que é universal em sua essência. A língua polonesa, com toda sua complexidade fonética, não se apresenta como obstáculo, mas como uma oportunidade de honrar aquele amor à verdade que exige conhecer, respeitar e servir a realidade tal como ela é.

A recusa dos jornalistas em sequer tentar compreender o nome do eurodeputado polonês não é, portanto, um detalhe trivial. É um atestado de falência espiritual e profissional.

4. Jornalismo, Conhecimento e Missão

O verdadeiro jornalista, como o verdadeiro missionário, é alguém que atravessa fronteiras. É alguém para quem nenhuma língua é estranha, nenhum povo é distante, nenhuma realidade é irrelevante — desde que tudo isso esteja no caminho da verdade.

São Tomás de Aquino, na Suma Teológica, ensina que:

“O intelecto humano tem como objeto próprio a verdade, e seu fim é adequar-se à realidade.” (AQUINO, Suma Teológica, I, q. 16, a. 1).

Portanto, não se trata de um capricho técnico. Trata-se da própria definição do ato intelectual e, por extensão, do ato jornalístico quando este é exercido com honestidade.

Conclusão

O amor à verdade não é algo abstrato, nem uma etiqueta moral sem consequências práticas. Ele exige amor ao conhecimento, amor ao esforço e amor à realidade. E, quando se ama a verdade, não há nome polonês que não se aprenda, não há fronteira que não se atravesse, não há dificuldade que não se supere.

Essa é a missão que começou em Ourique e que continua viva em cada homem que, hoje, escolhe servir a Cristo através do culto à verdade, seja no jornalismo, na cultura, na ciência ou em qualquer outra esfera da vida.

Referências

AQUINO, Tomás de. Suma Teológica. Tradução dos Frades da Ordem dos Pregadores no Brasil. São Paulo: Loyola, 2001.

CARVALHO, Olavo de. O Jardim das Aflições: de Epicuro à Ressurreição de César, uma história do homem no século XX. 1. ed. Rio de Janeiro: Imago, 1995.

MARTINS, Oliveira. História de Portugal. 4. ed. Lisboa: Parceria A. M. Pereira, 1891.

BÍBLIA. Bíblia Sagrada. Tradução da CNBB. São Paulo: Paulus, 2001. Evangelho segundo João, 8:32.

Ukryta cenzura: krytyka regulacji mediów społecznościowych w Brazylii według Jaira Bolsonaro

Wstęp

Debata na temat regulacji mediów społecznościowych w Brazylii staje się jednym z najbardziej wrażliwych zagadnień współczesności, szczególnie w epoce napięć między wolnością a kontrolą. Ostatnie wypowiedzi byłego prezydenta Jaira Bolsonaro, krytyczne wobec projektu ustawy znanej jako PL das Fake News (PL 2630) oraz wobec orzeczeń sądowych mających na celu regulowanie treści w mediach cyfrowych, na nowo rozpalają dyskusję o charakterze filozoficznym, prawnym i cywilizacyjnym: czy można chronić demokrację, ograniczając wolność słowa?

1. Centralne znaczenie wolności słowa

Wolność słowa to nie tylko prawo jednostki, ale fundamentalny filar każdego demokratycznego ustroju. John Stuart Mill w klasycznym dziele „O wolności” (1859) stwierdza:

„Gdyby cała ludzkość miała jeden pogląd, a tylko jedna osoba myślała inaczej, ludzkość nie miałaby większego prawa uciszyć tej jednej osoby niż ta osoba, gdyby miała władzę, mogłaby uciszyć całą ludzkość.” (MILL, 2008, s. 33).

Mill argumentuje, że prawda może wyłonić się tylko z wolnej konfrontacji idei, a każda próba kontroli dyskursu jest nie tylko moralnie naganna, ale także katastrofalna epistemologicznie dla rozwoju społeczeństwa.

Amerykański konstytucjonalista Alexander Meiklejohn również podkreśla, że wolność słowa jest warunkiem suwerenności obywatelskiej:

„Nie jest najważniejsze, aby każdy indywidualnie zabierał głos, lecz aby suwerenność ludu pozostała poinformowana.” (MEIKLEJOHN, 1948, s. 26, tłumaczenie własne).

Dlatego każda regulacja, która jednostronnie definiuje, co jest prawdą, a co fałszem, nie tylko narusza prawa jednostki, ale podważa sam fundament ustroju demokratycznego.

2. Państwo jako monopolista prawdy

Krytyka Jaira Bolsonaro wpisuje się w klasyczne ostrzeżenia, które już Friedrich Hayek formułował w „Drodze do zniewolenia”:

„Jeśli wolność słowa i myśli zostanie zniszczona, nie pozostanie żadna bariera przeciwko tyranii.” (HAYEK, 2010, s. 163, tłumaczenie własne).

Pozwolenie państwu na określanie, jakie wypowiedzi są akceptowalne, oznacza przesunięcie społeczeństwa z pola prawdy obiektywnej — będącej owocem wolnej debaty — na pole prawdy oficjalnej, definiowanej przez chwilowe interesy rządzących.

Filozofka Hannah Arendt w „Korzeniach totalitaryzmu” zauważa:

„Kłamstwo polityczne staje się najbardziej skuteczne nie wtedy, gdy ukrywa prawdę, ale gdy niszczy samo pojęcie prawdy obiektywnej.” (ARENDT, 2012, s. 388).

To jest wewnętrzne ryzyko kontroli informacji przez państwo: zastąpienie pluralizmu debaty narzuceniem jednej wersji rzeczywistości. 

3. Wystarczalność brazylijskiego porządku prawnego

Brazylijski porządek prawny już dziś zapewnia narzędzia umożliwiające reagowanie na nadużycia w środowisku cyfrowym. Kodeks karny penalizuje przestępstwa przeciwko czci (zniesławienie, pomówienie, obelga) w artykułach od 138 do 145. Kodeks cywilny przewiduje również odpowiedzialność cywilną i zadośćuczynienie.

Brazylijski prawnik Luiz Guilherme Marinoni zauważa:

„Istnienie ochrony sądowej dla naprawienia szkód i zaprzestania działań bezprawnych w ramach prawa cywilnego i karnego czyni zbędnym tworzenie modeli prewencyjnej cenzury.” (MARINONI; ARENHART; MITIDIERO, 2015, s. 78).

Narracja o potrzebie tworzenia nowych mechanizmów w celu „ochrony” społeczeństwa przed dezinformacją nie znajduje zatem uzasadnienia prawnego. W rzeczywistości jest to próba tworzenia struktur kontroli społecznej i politycznej pod pretekstem moralizatorskim.

4. Wolność i kontrola: dylemat cywilizacyjny

Historia pokazuje, że erozja wolności nigdy nie zaczyna się nagle, lecz niemal zawsze pod pozornie rozsądnymi pretekstami: bezpieczeństwo, porządek, dobro publiczne. Filozofka Ayn Rand ostrzega:

„Nawet najmniejsze ustępstwo wobec zasady praw jednostki prowadzi nieuchronnie do ich całkowitego zniszczenia.” (RAND, 1967, s. 135, tłumaczenie własne).

Jeśli państwo ma prawo określać, które wypowiedzi są dopuszczalne, wówczas prawo do wolności słowa przestaje być prawem, a staje się przywilejem — odwoływalnym, zależnym od okoliczności i kaprysu rządzących.

5. Wnioski końcowe

Wypowiedzi Jaira Bolsonaro stanowią krytykę nie tylko polityczną, ale także cywilizacyjną: próba regulacji mediów społecznościowych nie ogranicza się do walki z dezinformacją, lecz oznacza głęboką transformację relacji między obywatelem a państwem.

Wolność słowa nie jest zagrożeniem dla demokracji — jest jej istotą. To właśnie próby „ochrony” demokracji poprzez jej ograniczanie stanowią realne zagrożenie. Historia uczy, że każdy reżim, który zaczyna decydować, kto może mówić i co może być powiedziane, nieuchronnie degeneruje się w tyranię.

Bibliografia (zgodnie z normą ABNT)

ARENDT, Hannah. Korzenie totalitaryzmu. Tłum. Roberto Raposo. São Paulo: Companhia das Letras, 2012.

HAYEK, Friedrich A. Droga do zniewolenia. Tłum. Pedro Elian. São Paulo: Instituto Ludwig von Mises Brasil, 2010.

MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz; MITIDIERO, Daniel. Nowy kurs postępowania cywilnego: ochrona praw w postępowaniu zwykłym. Wyd. 2. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2015.

MEIKLEJOHN, Alexander. Free Speech and Its Relation to Self-Government. New York: Harper & Brothers, 1948.

MILL, John Stuart. O wolności. Tłum. Pedro Madeira. São Paulo: Martin Claret, 2008.

RAND, Ayn. Kapitalizm: nieznany ideał. New York: Signet, 1967.

A censura Disfarçada: a crítica de Jair Bolsonaro à regulação das redes sociais no Brasil

Introdução

O debate sobre a regulação das redes sociais no Brasil emerge como uma das pautas mais sensíveis da contemporaneidade, especialmente em uma era marcada por tensões entre liberdade e controle. A recente manifestação do ex-presidente Jair Bolsonaro, crítica ao projeto de lei conhecido como PL das Fake News (PL 2630) e às decisões judiciais que visam regular conteúdos nas plataformas digitais, reacende uma discussão de ordem filosófica, jurídica e civilizacional: é possível preservar a democracia restringindo a liberdade de expressão?

1. A Centralidade da Liberdade de Expressão

A liberdade de expressão não é apenas um direito individual, mas um pilar fundamental de qualquer regime democrático. John Stuart Mill, no clássico “On Liberty” (1859), afirma:

"Se toda a humanidade menos uma pessoa fosse da mesma opinião, e apenas uma pessoa discordasse, a humanidade não teria mais direito de silenciar essa pessoa do que ela teria, se tivesse o poder, de silenciar a humanidade." (MILL, 2008, p. 33).

Mill defende que a verdade só pode emergir do livre confronto de ideias e que qualquer tentativa de controle do discurso é, além de moralmente condenável, epistemicamente desastrosa para o desenvolvimento da sociedade.

O constitucionalista norte-americano Alexander Meiklejohn também sintetiza a ideia da liberdade de expressão como condição da soberania popular:

“O que é essencial não é que cada indivíduo fale, mas que a soberania popular permaneça informada.” (MEIKLEJOHN, 1948, p. 26, tradução nossa).

Portanto, qualquer regulação que vise definir unilateralmente o que é verdadeiro ou falso, correto ou incorreto, não apenas fere direitos individuais, mas mina o próprio fundamento do regime democrático.

2. O Estado como monopólio da verdade

A crítica de Jair Bolsonaro se alinha a uma preocupação clássica que Friedrich Hayek já denunciava em “O Caminho da Servidão”:

“Se a liberdade de expressão e pensamento é extinta, então não restará qualquer barreira contra a tirania.” (HAYEK, 2010, p. 163, tradução nossa).

Permitir que o Estado determine os contornos do discurso aceitável significa deslocar a sociedade do campo da verdade objetiva — fruto do livre debate — para o campo da verdade oficial, definida pelos interesses circunstanciais de quem ocupa o poder.

Além disso, a filósofa Hannah Arendt, em “Origens do Totalitarismo”, observa que:

“A mentira política se torna mais eficaz não quando esconde a verdade, mas quando destrói a própria noção de verdade objetiva.” (ARENDT, 2012, p. 388).

Este é o risco intrínseco ao controle estatal da informação: substituir a pluralidade do debate pela imposição de uma versão única da realidade.

3. A Suficiência do Ordenamento Jurídico Brasileiro

O ordenamento jurídico brasileiro já oferece os instrumentos necessários para lidar com abusos no ambiente digital. O Código Penal tipifica os crimes contra a honra (calúnia, difamação e injúria) nos artigos 138 a 145, além de prever reparações civis no Código Civil.

O jurista brasileiro Luiz Guilherme Marinoni observa:

“A existência de tutela jurisdicional para reparação de danos e para a cessação de atos ilícitos no âmbito civil e penal torna dispensável a criação de modelos de censura prévia.” (MARINONI; ARENHART; MITIDIERO, 2015, p. 78).

Portanto, a narrativa de que é necessário criar novos mecanismos para “proteger” a sociedade de fake news não se sustenta do ponto de vista jurídico. Trata-se, na verdade, de uma tentativa de criar estruturas de controle social e político sob pretextos moralizantes.

4. Liberdade e Controle: um dilema civilizacional

A história mostra que a erosão das liberdades nunca começa de forma abrupta, mas quase sempre sob justificativas que soam razoáveis: segurança, ordem, bem-estar público. A filósofa Ayn Rand alerta:

“O menor comprometimento com o princípio dos direitos individuais leva, inevitavelmente, à destruição desses direitos.” (RAND, 1967, p. 135, tradução nossa).

Se o Estado tem o poder de definir quais discursos são aceitáveis, então o direito à livre expressão deixa de ser um direito e passa a ser uma concessão — revogável, circunstancial e dependente do humor dos governantes.

5. Considerações Finais

A fala de Jair Bolsonaro reflete uma crítica não apenas política, mas civilizacional: a tentativa de regular as redes sociais não se limita ao combate a fake news, mas representa uma transformação profunda na relação entre o cidadão e o Estado.

A liberdade de expressão não é um risco para a democracia; é sua própria essência. O risco reside exatamente em tentar protegê-la suprimindo-a. A história ensina que todo regime que começa a decidir quem pode falar e o que pode ser dito invariavelmente degenera em tirania.

Referências (ABNT)

ARENDT, Hannah. Origens do Totalitarismo. Tradução: Roberto Raposo. São Paulo: Companhia das Letras, 2012.

HAYEK, Friedrich A. O Caminho da Servidão. Tradução: Pedro Elian. São Paulo: Instituto Ludwig von Mises Brasil, 2010.

MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz; MITIDIERO, Daniel. Novo Curso de Processo Civil: Tutela dos Direitos Mediante Procedimento Comum. 2. ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2015.

MEIKLEJOHN, Alexander. Free Speech and Its Relation to Self-Government. New York: Harper & Brothers, 1948.

MILL, John Stuart. Sobre a Liberdade. Tradução: Pedro Madeira. São Paulo: Martin Claret, 2008.

RAND, Ayn. Capitalism: The Unknown Ideal. New York: Signet, 1967.

Koniec show w Domu Świętej Marty: przywrócenie godności papiestwu

Wstęp

Niedawna decyzja papieża Leona XIV o opuszczeniu rezydencji w Domu Świętej Marty i powrocie do Pałacu Apostolskiego stanowi punkt zwrotny we współczesnym krajobrazie kościelnym. Ten gest nie jest jedynie logistyczny ani symboliczny, lecz głęboko teologiczny i instytucjonalny, oznaczający przywrócenie godności urzędowi Piotrowemu, który przez wieki był rozmywany poprzez gesty fałszywej pokory i powierzchowne zbliżenia do kultury medialnej.

To wydarzenie ujawnia nie tylko kwestie ekonomiczne i administracyjne, ale także głęboki kryzys tożsamości, przez który papiestwo przechodziło w ostatnich dekadach. Nagłówek rzymskiego dziennika Il Tempo był dobitny: „Santa Marta jest zbyt droga”, odnosząc się nie tylko do kosztów finansowych, ale przede wszystkim do ceny symbolicznej, jaką zapłacono za utratę transcendencji papiestwa.

Symboliczne zniszczenie papiestwa za pontyfikatu Franciszka

Kiedy Jorge Mario Bergoglio, wybrany na papieża w 2013 roku, zdecydował się nie zajmować papieskich apartamentów w Pałacu Apostolskim, tłumacząc to pragnieniem „życia wśród ludzi”, wielu odczytało ten gest jako znak ewangelicznej pokory. Jednak z biegiem czasu okazało się, że była to operacja bardziej medialna niż duchowa.

Skromne mieszkanie o powierzchni 50 m² w Domu Świętej Marty zostało rozbudowane do zajęcia całego drugiego piętra, w tym profesjonalnej kuchni, prywatnej kaplicy, sal recepcyjnych oraz biur dla jego doradców. Koszt tej operacji, według Il Tempo, wyniósł około 200 tysięcy euro miesięcznie, co daje łącznie około 30 milionów euro przez 145 miesięcy jego pontyfikatu.

Sprzeczność stała się oczywista: podczas gdy mówiono o „Kościele ubogim dla ubogich”, w praktyce realizowano scentralizowane i kosztowne zarządzanie, oparte na populistycznym wizerunku, który, dystansując się od tradycyjnych symboli papiestwa, deformował samą teologię urzędu Piotrowego.

Znaczenie symboli w tradycji katolickiej

W tradycji katolickiej symbole nigdy nie są jedynie dekoracją ani protokołem; są widzialnymi rzeczywistościami niewidzialnych prawd. Jak naucza Romano Guardini: „Liturgia jest widzialną formą niewidzialnej rzeczywistości łaski” (Guardini, 1918).

Pałac Apostolski to nie jest zwykła rezydencja – to ucieleśnienie godności następcy świętego Piotra, który jako Wikariusz Chrystusa na ziemi zajmuje miejsce, które nie należy do niego, lecz do samego Chrystusa. Użycie stroju chórowego, rokiety, mozetty i Pierścienia Rybaka nie jest wyrazem próżności, lecz służbą na rzecz transcendencji urzędu.

Gdy wybiera się nadmierną poufałość — selfie, świeckie ubrania, odrzucenie tradycji — nie niszczy się przepychu, lecz niszczy się widzialny znak, że papiestwo nie jest rzeczywistością prywatną, lecz publiczną, teologiczną i transcendentalną.

Powrót Leona XIV: restauracja instytucjonalna

Od nocy swojego wyboru Leon XIV odmówił zamieszkania w Domu Świętej Marty. Zatrzymał się w dawnej kardynalskiej rezydencji w Pałacu Świętego Oficjum, a następnie potwierdził swoją decyzję o powrocie do Pałacu Apostolskiego, tak jak czynili to jego poprzednicy od Piusa IX do Benedykta XVI.

To więcej niż decyzja osobista — to przywrócenie instytucji, które obejmuje:

  • Codzienne noszenie Pierścienia Rybaka.

  • Powrót do stroju chórowego z rokietą i mozettą.

  • Przyjęcie tradycyjnego ucałowania ręki — nie jako wyraz uniżenia, lecz jako oznaka szacunku wobec urzędu, który reprezentuje samego Chrystusa.

  • Kategoryczne odrzucenie selfie i trywializacji, podkreślając, że urząd Piotrowy nie jest częścią kultury pop, lecz rzeczywistością mistyczną.

Ten gest nie może być zredukowany do barokowej nostalgii, jak chcieliby to przedstawiać płytcy krytycy. Jest to powrót do teologii papiestwa, która uznaje jego sakramentalny charakter, boskie pochodzenie i funkcję jako widzialnej zasady jedności Kościoła (Katechizm Kościoła Katolickiego, nr 882).

Uwagi końcowe

Odejście z Domu Świętej Marty i powrót do Pałacu Apostolskiego to nie tylko decyzja logistyczna czy architektoniczna, lecz publiczne i teologiczne oświadczenie o naturze papiestwa. Leon XIV przywraca papiestwu należne mu miejsce: nie jako rola medialna, nie jako urząd polityczno-administracyjny, lecz jako święta posługa, zakorzeniona w sukcesji apostolskiej i mandacie, który Chrystus przekazał Piotrowi.

W obliczu dekad, podczas których banalizacja sacrum skaziła życie Kościoła, ten powrót do symboli i tradycji nie jest regresją, lecz nagłą koniecznością, prawdziwym powrotem do wiecznej prawdy wiary katolickiej.

Bibliografia

  • Katechizm Kościoła Katolickiego. Wyd. II. Warszawa: Pallottinum, 2002.

  • GUARDINI, Romano. Duch liturgii. Wyd. II. Kraków: Znak, 1962.

  • RATZINGER, Joseph (Benedykt XVI). Duch liturgii: Wprowadzenie. Warszawa: Wydawnictwo M, 2001.

  • ROUGIER, Georges. Papież: Historia, Dogmat i Tajemnica. Warszawa: Wydawnictwo Fronda, 2005.

  • IL TEMPO. Santa Marta è troppo cara. Rzym, 2025. (Artykuł według transkrypcji)

  • WEIGEL, George. Następny Papież: Urząd Piotrowy i Kościół w misji. Warszawa: Wydawnictwo AA, 2021.

  • LEON XIII. Encyklika Satis Cognitum. 29 czerwca 1896 r. O jedności Kościoła.

  • ŚW. TOMASZ Z AKWINU. Suma Teologiczna. III, q. 83. O sakramentach i godności znaków.

O fim do show em Santa Marta: o retorno da dignidade ao Papado

Introdução

A recente decisão do Papa Leão XIV de abandonar a residência de Santa Marta e retornar ao Palácio Apostólico marca um ponto de inflexão no atual cenário eclesiástico. Este gesto não é meramente logístico ou simbólico, mas profundamente teológico e institucional, representando a restauração da dignidade do ofício petrino, que, por séculos, foi diluído por gestos de falsa humildade e aproximações superficiais com a cultura midiática.

O episódio revela não apenas questões econômicas e administrativas, mas também a profunda crise de identidade que o Papado atravessou nas últimas décadas. A manchete do jornal romano Il Tempo foi incisiva: “Santa Marta é muito cara”, referindo-se não só aos custos financeiros, mas, sobretudo, ao preço simbólico pago pela perda de transcendência do papado.

A Destruição Simbólica do Papado no Pontificado de Francisco

Quando Jorge Mario Bergoglio, eleito Papa em 2013, decidiu não ocupar os apartamentos pontifícios no Palácio Apostólico, alegando que preferia “viver entre as pessoas”, muitos interpretaram o gesto como sinal de humildade evangélica. Contudo, com o passar do tempo, revelou-se uma operação de natureza mais midiática do que espiritual.

O modesto apartamento de 50 metros quadrados em Santa Marta foi expandido até ocupar todo o segundo andar, incluindo uma cozinha profissional, uma capela privada, salas de recepção e escritórios para seus conselheiros. O custo dessa operação, segundo Il Tempo, chegou a aproximadamente 200.000 euros mensais, totalizando cerca de 30 milhões de euros durante os 145 meses de seu pontificado.

A contradição tornou-se patente: enquanto se falava em uma “Igreja pobre para os pobres”, na prática, operava-se uma gestão centralizada, dispendiosa e sustentada numa imagem populista que, ao se distanciar dos símbolos tradicionais do papado, também desfigurava a própria teologia do ofício petrino.

A Função dos Símbolos na Tradição Católica

Na tradição católica, os símbolos nunca são meramente decorativos ou protocolares: eles são realidades visíveis de verdades invisíveis. Como ensina Romano Guardini, “a liturgia é forma visível da realidade invisível da graça” (Guardini, 1918).

O Palácio Apostólico não é simplesmente uma mansão, mas a materialização da dignidade do sucessor de Pedro, que, como Vigário de Cristo na Terra, ocupa um lugar que não é seu, mas do próprio Cristo. O uso do hábito coral, do roquete, da mozeta e do Anel do Pescador não são expressões de vaidade, mas de serviço à transcendência do cargo.

Quando se opta pela informalidade excessiva — pelas selfies, pelas roupas laicas e pela recusa das tradições — não se destrói a pompa, mas sim o sinal visível de que o papado não é de natureza privada, e sim pública, teológica e transcendental.

O Retorno de Leão XIV: uma restauração institucional

Desde a noite de sua eleição, Leão XIV recusou-se a dormir em Santa Marta. Hospedou-se na antiga residência cardinalícia do Palácio do Santo Ofício, confirmando em seguida sua decisão de retornar ao Palácio Apostólico, tal como fizeram seus predecessores de Pio IX a Bento XVI.

Mais que uma decisão pessoal, trata-se de uma recuperação institucional, que implica:

  • O retorno do Papa ao uso diário do Anel do Pescador.

  • A retomada do hábito coral, com roquete e mozeta.

  • A aceitação da handbacia, o tradicional beijo de mão, não como expressão de servilismo, mas como reverência à função eclesiástica, que representa Cristo.

  • A recusa categórica de selfies e trivializações, reafirmando que o ofício petrino não é parte da cultura pop, mas uma realidade mística.

Este gesto não pode ser reduzido a uma nostalgia barroca, como os críticos superficiais poderiam sugerir. Trata-se de um retorno à teologia do papado, que reconhece sua natureza sacramental, sua origem divina e sua função de ser o princípio visível da unidade da Igreja (Catecismo da Igreja Católica, n. 882).

Considerações Finais

O abandono de Santa Marta e o retorno ao Palácio Apostólico não são apenas um fato logístico ou arquitetônico, mas uma declaração pública e teológica sobre a natureza do papado. Leão XIV recoloca o papado no lugar que lhe é devido: não um papel midiático, não um cargo político-administrativo, mas um ministério de natureza sagrada, com raízes na sucessão apostólica e no mandato conferido por Cristo a Pedro.

Diante de décadas em que a banalização do sagrado contaminou a vida da Igreja, este retorno aos símbolos e às tradições não é um retrocesso, mas uma necessidade urgente, um realinhamento com a verdade perene da fé católica. 

Bibliografia

  • Catecismo da Igreja Católica. 2ª edição. São Paulo: Loyola, 2000.

  • GUARDINI, Romano. O Espírito da Liturgia. 2ª ed. Petrópolis: Vozes, 1962.

  • RATZINGER, Joseph (Bento XVI). O Espírito da Liturgia: Uma Introdução. São Paulo: Loyola, 2001.

  • ROUGIER, Georges. O Papa: História, Dogma e Mistério. São Paulo: Quadrante, 2005.

  • IL TEMPO. Santa Marta è troppo cara. Roma, 2025. (Matéria consultada conforme transcrição)

  • WEIGEL, George. O Próximo Papa: O Escritório de Pedro e uma Igreja em Missão. São Paulo: Cultor de Livros, 2021.

  • LEÃO XIII. Encíclica Satis Cognitum. 29 de junho de 1896. Sobre a unidade da Igreja.

  • SÃO TOMÁS DE AQUINO. Suma Teológica. III, q. 83. Sobre os sacramentos e a dignidade dos sinais.

A Influência da USAID e da Política Externa dos EUA no Brasil: entre a soberania e a guerra híbrida

Introdução

A influência dos Estados Unidos sobre a política interna de diversos países, incluindo o Brasil, manifesta-se historicamente por meio de mecanismos de guerra híbrida, diplomacia agressiva, controle de informações e financiamento de organizações não governamentais através de agências como a United States Agency for International Development (USAID). Este artigo busca analisar como essa influência se operacionaliza no Brasil, especialmente no contexto recente das eleições e da condução da política externa.

O conteúdo aqui exposto é baseado em análises recentes, como as do ex-conselheiro do Departamento de Estado, Mike Benz, bem como nas falas do coronel Gerson e de outros comentaristas brasileiros, cruzando essas informações com autores referenciais da geopolítica contemporânea.

1. USAID e a Doutrina Neoconservadora: Exportação da Democracia ou Imperialismo Disfarçado?

A criação da USAID, em 1961, tinha como proposta oficial fornecer assistência humanitária, mas desde sua origem foi projetada como um instrumento de influência política e geoestratégica dos EUA no mundo. Segundo Nye (2004, p. 5), “o poder suave funciona quando outros querem o que você quer. Isso contrasta com o poder duro, que utiliza coerção e pagamento”. A USAID opera exatamente nesse limiar, financiando ONGs, movimentos sociais e programas que alinham os países aos interesses americanos.

Porém, como alerta Chalmers Johnson (2000, p. 23), “as ações de inteligência, interferências e tentativas de mudança de regime sob o pretexto de ajuda e desenvolvimento acabam por gerar efeitos colaterais, o chamado blowback, que muitas vezes retornam para assombrar o próprio império”.

Essa atuação se articula historicamente com a agenda dos neoconservadores, grupo que, segundo Brzezinski (1997, p. 24), defende que os Estados Unidos devem “manter sua primazia global por meio da intervenção militar, controle de recursos estratégicos e imposição de seus valores”.

O ex-presidente Donald Trump, ao contrário, criticou abertamente essa política. Em discurso na Arábia Saudita, declarou: “não estamos aqui para dar lições. Não estamos aqui para dizer aos outros como viver” (TRUMP apud PATRICK, 2017, p. 156). Essa fala evidencia a ruptura de Trump com a tradição neoconservadora, priorizando o interesse interno americano.

2. A Guerra Híbrida Aplicada ao Brasil: Entre Censura, Judicialização e Pressões Diplomáticas

A guerra híbrida consiste em uma combinação de meios militares, diplomáticos, econômicos, cibernéticos e informacionais para desestabilizar governos. Para Mike Benz (2023), o modelo adotado pelos EUA nos últimos anos foca no controle informacional e na censura digital, como armas principais.

Na transcrição analisada, o coronel Gerson destaca que a visita do diretor da CIA ao Brasil, durante o processo eleitoral, “foi, na prática, uma ameaça velada ao governo brasileiro” (GERSON apud ENTREVISTA, 2024). Trata-se de um episódio que ilustra claramente como os EUA, sob pretexto de “defesa da democracia”, interferem diretamente na soberania de outros países.

Essa prática não é nova. Como explica Zbigniew Brzezinski (1997, p. 48), estrategista da segurança nacional americana, “o controle da Eurásia é vital para a primazia americana, assim como o controle indireto da América Latina é essencial para garantir seu quintal estratégico”. A atuação da USAID e de outras agências se insere exatamente nessa lógica de manutenção do controle periférico.

3. O Desmonte Estratégico do Brasil: De FHC à Censura das Redes

O coronel observa ainda que desde o governo Fernando Henrique Cardoso houve um trabalho sistemático de redução do protagonismo militar brasileiro. O próprio Ministério da Defesa foi criado, segundo ele, “como uma imposição indireta dos EUA, visando limitar o poder autônomo das Forças Armadas brasileiras” (GERSON apud ENTREVISTA, 2024).

Esse enfraquecimento institucional coincidiu com a crescente dependência econômica do Brasil de setores controlados por capitais americanos e europeus, especialmente no agronegócio e na indústria de aviação. “Enquanto se acena diplomaticamente para a China e a Rússia, toda a estrutura produtiva de alto valor agregado brasileira está ligada ao Ocidente”, observa o coronel (GERSON apud ENTREVISTA, 2024).

De fato, segundo Woolf (2022, p. 7), “a interdependência econômica é uma das ferramentas não militares mais eficazes de projeção de poder do Departamento de Defesa dos Estados Unidos”.

4. Choque Entre a Realidade Geopolítica e o Idealismo Ideológico

O descompasso entre o discurso ideológico da política externa brasileira — buscando alinhamento com China, Rússia e outros regimes — e sua realidade econômica interna, profundamente integrada ao sistema ocidental, gera contradições profundas.

Segundo Patrick (2017, p. 21), “a soberania no mundo moderno não pode mais ser tratada como um conceito absoluto, mas como uma negociação constante entre interesses domésticos e pressões externas”. Isso explica por que movimentos de aproximação do Brasil com blocos como os BRICS não são suficientes para alterar, no curto prazo, sua dependência estrutural dos EUA e da Europa.

O coronel Gerson conclui: “não se trata de amizade entre países, mas de interesses e de quem domina os mecanismos de pressão e influência” (GERSON apud ENTREVISTA, 2024).

Conclusão

A análise da atuação da USAID e da política externa americana no Brasil permite compreender que a soberania nacional é hoje disputada em múltiplas frentes: econômica, informacional, tecnológica e militar. A guerra híbrida, longe de ser uma abstração teórica, manifesta-se concretamente na forma de censura, judicialização seletiva, controle sobre redes sociais e pressões diplomáticas disfarçadas de defesa da democracia.

O amadurecimento da diplomacia brasileira exige que o país reconheça suas vulnerabilidades estruturais, compreenda os jogos de poder global e estabeleça políticas de fortalecimento interno que reduzam sua dependência estratégica, tanto do Ocidente quanto de outros polos de poder.

Referências Bibliográficas – Formato ABNT

BENZ, Mike. Testemunhos e Relatórios sobre Censura e Interferência nas Eleições. Foundation for Freedom Online, 2023. Disponível em: https://foundationforfreedomonline.com. Acesso em: 02 jun. 2025.

BRZEZINSKI, Zbigniew. The Grand Chessboard: American Primacy and Its Geostrategic Imperatives. New York: Basic Books, 1997.

GOMES, Coronel Gerson. Entenda funcionamento da USAID e influência dos EUA no Brasil. Transcrição de áudio. 2024.

JOHNSON, Chalmers. Blowback: The Costs and Consequences of American Empire. New York: Henry Holt, 2000.

NYE, Joseph S. Jr. Soft Power: The Means to Success in World Politics. New York: PublicAffairs, 2004.

PATRICK, Stewart. The Sovereignty Wars: Reconciling America with the World. Washington D.C.: Brookings Institution Press, 2017.

TRUMP, Donald. Discurso na Cúpula Árabe-Americana-Islâmica. Riyadh, 2017. Apud: PATRICK, Stewart. The Sovereignty Wars: Reconciling America with the World. Washington D.C.: Brookings Institution Press, 2017.

USAID. History and Mission. Disponível em: https://www.usaid.gov. Acesso em: 02 jun. 2025.

WOOLF, Amy. U.S. Defense Primer: The Department of Defense. Congressional Research Service, 2022. Disponível em: https://crsreports.congress.gov/product/pdf/IF/IF10587. Acesso em: 02 jun. 2025.

Popularność Bolsonaro i wpływ na elektryzację brazylijskiej polityki: analiza w świetle teorii elit

Wstęp

Zjawisko Jair’a Bolsonaro, które doprowadziło do jego wyboru na urząd prezydenta Brazylii w 2018 roku, nie może być zrozumiane wyłącznie w ramach tradycyjnych paradygmatów brazylijskiej nauki politycznej. W rzeczywistości reprezentuje ono punkt zwrotny w krajowym systemie politycznym, gdzie po raz pierwszy kandydat zdobył władzę bez bezpośredniego poparcia tradycyjnych elit — politycznych, gospodarczych, medialnych i kulturalnych.

Proces ten nie jest zjawiskiem wyłącznie brazylijskim, lecz wpisuje się w szerszą dynamikę globalną, w której transformacja technologiczna, a zwłaszcza rozwój mediów społecznościowych, przełamała tradycyjne monopole komunikacji i kształtowania opinii publicznej. To zjawisko dało początek temu, co można nazwać elektryzacją polityki, czyli formą mobilizacji społecznej, która omija tradycyjne kanały instytucjonalne, działając w sposób bezpośredni, emocjonalny i wirusowy.

Aby właściwie zrozumieć ten proces, należy odwołać się do teorii elit rozwiniętej przez myślicieli takich jak Vilfredo Pareto, Gaetano Mosca, James Burnham i José Ortega y Gasset, a także do nowszych diagnoz przedstawionych przez Olavo de Carvalho, którego działalność była kluczowa dla uformowania konserwatywnego pola kulturowego w Brazylii.

Media społecznościowe i zerwanie z elitami

Wzrost popularności Bolsonaro nie byłby możliwy bez pośrednictwa mediów społecznościowych. Te nowe narzędzia technologiczne stały się mechanizmami deintermediacji, umożliwiając kandydatowi bezpośrednie przemawianie do ludu, bez konieczności poddawania się filtrom tradycyjnych mediów, partii politycznych, uniwersytetów czy innych instytucji elitarnych.

Jak zauważył Ortega y Gasset w Buncie mas, gdy masy uzyskują nieograniczony dostęp do środków wyrazu i wpływu, zaczynają kwestionować autorytet kwalifikowanych mniejszości, które tradycyjnie kierowały losem społeczeństw. Problem, według Ortegi, polega na tym, że masa, gdy buntuje się bez formacyjnej dyscypliny, ma tendencję do zachowań anarchicznych i destrukcyjnych.

Jednak przypadek Bolsonaro nie jest zwykłym buntem mas, lecz manifestacją próżni reprezentacyjnej, którą wcześniej opisywali Mosca i Pareto. Dla Moski każdą społeczeństwem de facto rządzi zorganizowana mniejszość — elita. Gdy ta elita staje się dysfunkcyjna, oderwana od wartości, interesów i potrzeb większości, pojawia się przestrzeń dla wyłonienia się alternatywnych przywódców.

Z kolei Pareto opisał to zjawisko jako cyrkulację elit: gdy elita dominująca traci swoje cnoty, zdolność do sprawowania władzy lub budowania konsensusu, jest nieuchronnie zastępowana przez nową elitę. Proces ten często odbywa się w sposób burzliwy i niekoniecznie gwarantuje pojawienie się lepszej elity, a jedynie zmianę ludzi sprawujących władzę.

W Brazylii media społecznościowe działały jako katalizator tego procesu. Ujawniły strukturalną słabość elit politycznych, kulturalnych i gospodarczych, które — głęboko zdyskredytowane — nie były w stanie powstrzymać wzrostu popularności kandydata pochodzącego spoza ich tradycyjnych kręgów. Jak trafnie zauważa James Burnham w Rewolucji menedżerów, nowoczesne elity zwykle składają się z technokratów, biurokratów i specjalistów. Jednak gdy grupy te stają się nadmiernie zamknięte i autoreferencyjne, odrywając się od rzeczywistości społecznej, pojawia się ryzyko ich obalenia przez radykalne ruchy kontestacyjne.

Improwizacja partyjna i bezpośredni głos ludu

Brazylijski system partyjny niemal jednogłośnie odrzucił Bolsonaro. Żadna z dużych, tradycyjnych partii nie chciała poprzeć jego kandydatury. Zmuszony był więc do stworzenia na szybko minimalnej struktury partyjnej, wystarczającej jedynie do formalizacji swojego startu w wyborach. Fakt ten sam w sobie jest wymowny: władza instytucjonalna, w formie partii politycznych, utraciła zdolność do kontrolowania dostępu do rządów.

Bolsonaro był zatem kandydatem wybranym bezpośrednio przez lud, z pominięciem klasycznych wektorów pośrednictwa politycznego. Nie oznacza to jednak, że jego wybór odbył się poza logiką elit — przeciwnie, oznaczał wyłonienie się nowej elity, której formowanie nastąpiło poza tradycyjnymi kręgami — elity medialnej, cyfrowej, złożonej z influencerów, niezależnych operatorów kulturowych, mikroprzedsiębiorców treści oraz ruchów zorganizowanych na platformach internetowych.

Taka konfiguracja potwierdza tezę Pareto o nieuchronności cyrkulacji elit, jak również uwierzytelnia krytykę Burnhama wobec nowoczesnej biurokracji, która — gdy traci swój dynamizm — zostaje nieuchronnie zepchnięta przez alternatywne formy mobilizacji.

Rola Olavo de Carvalho

W tym kontekście nie sposób pominąć roli, jaką odegrał Olavo de Carvalho, który przez dekady działał jako formator nowej konserwatywnej warstwy kulturowej w Brazylii. Jego pisma, wykłady i publiczne interwencje znacząco przyczyniły się do intelektualnego uformowania wielu aktorów, którzy później stanowili bazę wsparcia kulturowego, politycznego, a nawet technicznego dla rządów Bolsonaro.

Olavo głęboko rozumiał dynamikę wojny kulturowej oraz potrzebę atakowania intelektualnych fundamentów hegemonicznej elity, szczególnie tych zakorzenionych w marksizmie kulturowym, mediach korporacyjnych i publicznych uniwersytetach. Jego praca jest pod tym względem jednym z najbardziej znaczących współczesnych przykładów formowania alternatywnej elity, zgodnie z procesami cyrkulacji opisanymi przez Pareto i Moskę.

Zakończenie

Wybór Jair’a Bolsonaro na prezydenta Brazylii stanowił bezprecedensowe zjawisko w historii politycznej kraju: pojawienie się przywództwa prezydenckiego bez uprzedniego poparcia tradycyjnych elit. Wydarzenie to zostało zainicjowane przez technologiczną transformację mediów społecznościowych, które umożliwiły bezpośrednią formę komunikacji i mobilizacji społecznej.

Jednak w świetle teorii elit jasne jest, że to zjawisko nie zniosło rządów elit, lecz jedynie doprowadziło do ich wymiany. Stara elita, oderwana i upadająca, została zakwestionowana przez nową elitę, uformowaną na przecięciu ruchów kulturowych, operatorów cyfrowych i wyłaniających się liderów społecznych.

Jest to zjawisko, które ujawnia zarówno potencjał, jak i ryzyko związane z elektryfikacją demokracji: z jednej strony koryguje ono patologie ustalonych oligarchii, z drugiej — otwiera drogę do personalizmu, niestabilności i intensywnych konfliktów kulturowych.

Bibliografia

  • BURNHAM, James. Rewolucja menedżerów. Lizbona: Antígona, 1941.

  • MOSCA, Gaetano. Klasa polityczna: Studium socjologii rządów. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 1985.

  • ORTEGA Y GASSET, José. Bunt mas. São Paulo: Martins Fontes, 1993.

  • PARETO, Vilfredo. Wzrost i upadek elit. Lizbona: Presença, 1991.

  • CARVALHO, Olavo de. Kolektywny imbecyl. Rio de Janeiro: Record, 1996.

  • CARVALHO, Olavo de. Ogród udręk. Rio de Janeiro: Record, 1995.

  • CARVALHO, Olavo de. Nowa Era i rewolucja kulturalna. Campinas: Vide Editorial, 2012.