Dettmann: Estabeleça um diálogo imaginário entre Tim Marshall, autor do livro The Age of Walls, e Diarmaid Ferriter, autor do livro The Border.
Local: Uma conferência internacional sobre fronteiras e geopolítica, em um painel de discussão moderado.
O debate sobre fronteiras no século XXI
Moderador: Hoje temos o prazer de receber dois especialistas no tema das fronteiras: Tim Marshall, autor de The Age of Walls, e Diarmaid Ferriter, autor de The Border. Senhores, comecemos com uma questão central: por que as fronteiras continuam tão relevantes em um mundo supostamente globalizado?
Tim Marshall: Bem, a ideia de que as fronteiras estavam se tornando irrelevantes era um mito sustentado pelo otimismo pós-Guerra Fria. No meu livro, argumento que estamos vivendo uma era de construção de muros, tanto físicos quanto políticos. O nacionalismo e a insegurança econômica impulsionam os países a reforçarem suas fronteiras, seja para controlar a imigração, seja para afirmar soberania.
Diarmaid Ferriter: Concordo que as fronteiras não desapareceram, mas precisamos distinguir entre fronteiras que surgem de conflitos geopolíticos amplos e aquelas que são impostas artificialmente. No caso da Irlanda, que é o foco do meu livro, a fronteira entre a República da Irlanda e a Irlanda do Norte foi um legado colonial que dividiu comunidades. Mesmo após o Acordo da Sexta-Feira Santa, essa linha imaginária continuou carregando um peso simbólico enorme.
Tim Marshall: A Irlanda do Norte é um ótimo exemplo de como as fronteiras são mais do que barreiras físicas. Elas representam identidades, histórias e ressentimentos. Mas, ao mesmo tempo, precisamos reconhecer que muitos países estão, de fato, reforçando suas divisões físicas. A muralha na fronteira dos EUA com o México, os cercos entre Bangladesh e Mianmar, ou mesmo os muros erguidos dentro de cidades, como em Belfast, mostram que as fronteiras seguem sendo ferramentas políticas poderosas.
Diarmaid Ferriter: Sim, mas veja, a questão irlandesa desafia essa visão de que fronteiras resolvem problemas. A imposição de uma linha divisória entre o Norte e o Sul não trouxe estabilidade. Pelo contrário, gerou décadas de violência. E com o Brexit, voltamos a discutir essa questão, porque uma fronteira rígida entre a Irlanda e a Irlanda do Norte poderia reacender tensões.
Tim Marshall: E é justamente aí que vemos o paradoxo da globalização: ao mesmo tempo em que os mercados e as informações fluem livremente, muitos Estados buscam se proteger reforçando barreiras físicas. No entanto, como você bem destacou, há lugares onde as fronteiras são inviáveis.
Moderador: Então, podemos dizer que algumas fronteiras são mais artificiais do que outras?
Diarmaid Ferriter: Exato. Algumas fronteiras foram desenhadas sem levar em conta a realidade local, muitas vezes por potências coloniais. E depois, as pessoas que vivem nessas regiões precisam lidar com as consequências dessas divisões arbitrárias.
Tim Marshall: Mas isso não significa que todas as fronteiras sejam artificiais ou desnecessárias. O problema não é a existência das fronteiras em si, mas como elas são administradas. Há fronteiras que funcionam bem, facilitando comércio e cooperação, e há aquelas que exacerbam conflitos.
Moderador: Considerando o mundo atual, vocês acreditam que a tendência é a criação de mais fronteiras ou o enfraquecimento delas?
Tim Marshall: Acho que veremos mais barreiras sendo erguidas. A ascensão do nacionalismo, as crises migratórias e as disputas territoriais estão levando os países a se protegerem.
Diarmaid Ferriter: Eu sou mais cético quanto a isso. O que a história nos mostra é que barreiras físicas podem ser desfeitas com o tempo. O Muro de Berlim caiu, a fronteira irlandesa ficou invisível por anos. Mas o que realmente importa não é a barreira em si, e sim as dinâmicas sociais e políticas por trás dela.
Tim Marshall: Concordamos nisso. No final das contas, as fronteiras são tão fortes quanto a vontade política de mantê-las.
Moderador: Uma excelente reflexão para encerrarmos. Muito obrigado pela conversa, senhores.
Chat GPT: Esse diálogo mostra as abordagens distintas de cada autor sobre fronteiras: Tim Marshall vê o reforço das barreiras como uma tendência geopolítica global, enquanto Diarmaid Ferriter enfatiza os impactos históricos e sociais dessas divisões, especialmente na Irlanda.
Dettmann: Continue!
O Futuro das Fronteiras: Colaboração ou Conflito?
Moderador: Antes de finalizarmos, gostaria de explorar uma questão essencial: como podemos equilibrar a necessidade de segurança nacional com a mobilidade global? Afinal, o século XXI trouxe desafios como terrorismo, crises migratórias e pandemias. Como vocês enxergam esse dilema?
Tim Marshall: A segurança sempre será prioridade para os Estados, e é por isso que as fronteiras não desaparecerão. A mobilidade global aumentou, mas, ao mesmo tempo, o medo de fluxos descontrolados de pessoas também cresceu. Vimos isso no aumento do populismo na Europa e nos Estados Unidos. Os governos têm a difícil tarefa de equilibrar a segurança com a economia, já que muitos países dependem da imigração para manter suas populações economicamente ativas.
Diarmaid Ferriter: Concordo, mas também acho que essa obsessão com segurança pode ser contraproducente. No caso irlandês, o medo de uma nova fronteira rígida pós-Brexit mostrou que as populações afetadas diretamente por essas divisões frequentemente não desejam essas barreiras. O comércio, as relações interpessoais e até mesmo a paz podem ser prejudicados quando muros e controles excessivos são impostos.
Tim Marshall: Verdade, mas há regiões onde as fronteiras fortes ainda são necessárias. Pensemos no Oriente Médio: a crise síria, os conflitos em Israel e na Palestina, a instabilidade no Afeganistão… Governos e populações locais veem barreiras físicas como meios de sobrevivência. A fronteira turca, por exemplo, é uma das mais vigiadas do mundo devido ao fluxo de refugiados.
Diarmaid Ferriter: Mas não podemos ignorar que muitas dessas crises foram agravadas por políticas externas das grandes potências. Fronteiras foram traçadas sem considerar identidades locais, e hoje pagamos o preço disso. Acredito que o caminho está na diplomacia e em acordos internacionais bem estruturados. O modelo da União Europeia, apesar de suas falhas, ainda é um exemplo de como fronteiras podem se tornar menos rígidas sem comprometer a segurança.
Tim Marshall: A União Europeia é um caso único, mas mesmo lá vemos tensões. O espaço Schengen enfrenta desafios internos por causa da imigração irregular. E o Brexit mostrou que nem todos os países estavam confortáveis com essa ideia de fronteiras abertas.
Moderador: Então, poderíamos dizer que o futuro das fronteiras depende mais da política do que da geografia?
Diarmaid Ferriter: Sim. As fronteiras são, antes de tudo, construções políticas e históricas. A geografia impõe limitações, mas a forma como as fronteiras são administradas reflete a vontade dos governantes e da população.
Tim Marshall: Concordo, mas acrescentaria que, mesmo sendo uma questão política, a geografia ainda importa. Os Himalaias impediram a unificação da Índia e da China, os oceanos separaram continentes e moldaram civilizações. As fronteiras podem mudar, mas a geografia sempre impõe desafios que não podem ser ignorados.
Moderador: Para encerrar, cada um de vocês pode resumir sua visão sobre o futuro das fronteiras em uma frase?
Tim Marshall: As fronteiras continuarão existindo e, em muitos casos, se fortalecerão, porque refletem os medos e as ambições dos Estados e das populações.
Diarmaid Ferriter: As fronteiras não são permanentes; elas mudam conforme as sociedades evoluem e, se administradas corretamente, podem até se tornar irrelevantes.
Moderador: Excelente! Muito obrigado pela conversa instigante. Espero que possamos continuar esse debate em outra oportunidade.
Chat: GPT:
Esse final reforça o contraste entre os dois autores: Tim Marshall adota uma visão mais pragmática e geopolítica, enquanto Diarmaid Ferriter foca no contexto histórico e social das fronteiras.