1) Brasilianismo é a História do Brasil enquanto projeto de civilização independente daquele que foi edificado em Ourique.
2.1) As origens deste estudo começam no quinhentismo, sob o falso argumento de que o Brasil foi colônia de Portugal.
2.2) Como foi bem dito por Loryel Rocha, D. Pedro I e José Bonifácio de Andrada e Silva forjaram a independência do Brasil por meio de falsificações documentais, inventando o argumento de que o Brasil era colônia (e se formos ver os documentos constantes na Biblioteca Nacional ou mesmo os documentos existentes no Conselho Ultramarino - ou mesmo os que se encontram na Torre do Tombo -, não há nenhum chamando o território que compõe a antiga Terra de Santa Cruz de "colônia", mas de Estado do Brasil, que foi um Vice-Reino e depois se tornou parte do Reino Unido, por vontade de Sua Majestade, El-Rei D. João VI).
3) Se formos analisar o conceito do colega Haroldo Monteiro, o brasileiro nato é, na verdade, brasiliano nato, tomando por fato esse projeto de civilização divorciado daquele que foi edificado em Ourique, uma vez que se baseia no conceito libertário de que o homem é uma folha de papel e sobre ela qualquer utopia pode ser passada a ele, já que educação se tornou um direito e esse direito é passado de geração em geração até o processo de abolição da família - enquanto célula-mãe para se tomar o Brasil como um lar em Cristo e não religião totalitária de Estado - se tornar uma realidade concreta.
4.1) Se o brasiliano nato sofre problemas sérios de cognição - fato que é passado de maneira hereditária, tal qual a burrice -, isso se deve ao projeto de civilização que tentaram fazer por aqui, que acabou sendo voltado para o nada, para a degenerescência. Sem o Crucificado de Ourique, a monarquia não se subsiste por si mesma, pois ela acaba se tornando um governo de transição para a República (a denominação Império já é uma denúncia disso).
4.2) Isto explica o argumento do professor Olavo de Carvalho de que a restauração da monarquia no Brasil pede necessariamente o apoio de uma parte do estabelecimento burocrático que nos domina, até porque ele é fruto desse brasilanismo.
4.3) A restauração da monarquia vai implicar necessariamente não só a restauração do regime, mas também de toda a nossa origem fundacional sobre a qual o país foi fundado, em Ourique. Este empreendimento necessariamente terá de repensar as bases culturais sobre a qual o homem do Brasil é pensado e visto - e até agora, poucos monarquistas estão indo além da História do Brasil, enquanto brasilianismo.
4.4) Se o Brasil deixar de se pensado enquanto brasilianismo e passar a pensado enquanto parte da civilização edificada em Ourique, o homem nascido nesta terra deixa de ser basiliano (nome pomposo para apátrida) e passa a ser brasileiro nato, que é também português nascido no continente americano, que faz do seu trabalho original, o de extrair pau-brasil, sua razão de ser, sua vocação. E desse trabalho, que constitui a guilda original, outros trabalhos dignos decorrerão por derivação, surgindo uma nação comunitarista, o que fortalece o senso de nacionidade nesta terra.
José Octavio Dettmann
Rio de Janeiro, 07 de dezembro de 2016.
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Haroldo Monteiro: Você apontou bem as fontes históricas e filosóficas próprias de um brasileiro nato. Eu faço essa distinção, pois há um conjunto de brasileiros, mesmo minoria, que tem uma concepção antropológica de homem totalmente diversa, sustentada em uma perspectiva mais ampla segundo a que emana da raiz mesma da nossa civilização e que abrange os Reino de portugual - sub o ponto de vista da hierofania de Ouriques, ponto paradigmático da ordem da nação portuguesa em lato sentido - e que abrange o Brasil e outros países.
José Octavio Dettmann:
1) Isso sem falar que há gente aqui que não é só luso-brasileira, mas também carrega dentro de si a bagagem que veio da imigração de italianos, alemães e outros e que complementam isto. Se pararmos pra pensar, há pelo menos três visões antropológicas: a da maioria, que é apatria; a de uma minoria singular, que é somente luso-brasileira; e a de uma outra minoria que toma este mundo português casado ao de suas terras de origem, criando um processo de internacionidade (nacionidade compartilhada).
2) Essa internacionidade e pensada sempre vis a vis (mundo português e mundo italiano, mundo português e mundo alemão e mundo japonês e mundo português - isso se dá dentro de cada indivíduo. Com o passar das gerações esses processos vão amalgamando e se consolidando). Se a realidade política do primeiro reinado for reconstituída, o partido brasileiro abrangerá a ala alemã, a ala dos portugueses nativos da América, os italianos e outros tantos - e terão tanta força como o antigo partido português. E uns colaborarão com os criando um parlamentarismo e não um governo de facção, que prepara o caminho para uma República.
Haroldo Monteiro: Parece que a ordem portuguesa é semelhante ordem cristã no sentido da sua vocação à busca de outros povos para o Cristo. Portugal, no que pode muito bem ser deduzido do seu mito, já nasce sob o signo da "internacionalidade" do ide aos confins do mundo e fazei discípulos meus meus, que Jesus disse aos seus apóstolos. O "velho" que aparece tanto no sonho e em realidade é o símbolo desse peregrinar que a história de portugual encarna tão bem!` Essa "internacionalidade" advém de um impulso humano de busca. A Bíblia afirma essa busca, no homem que tem que se casar e deixar a sua terra e parentela, no caso de Abraão. Um homem que tem que sair do seu lugar para ir ao encontro do seu reino em Davi. Um homem que tem que sair da sua ignorância para encontrar a sabedoria. Ou seja, a realidade do antropos humano em face de uma tensão divina, deseja ascender ir além e isso realmente, desde um ponto de vista social, parece criar um internacionalidade de intenções comuns, fonte mesmo do cultivo, da cultura de um povo - e isso demanda o elemento estrangeiro.
José Octavio Dettmann: e este elemento está na História de Ruth.
Haroldo Monteiro: Não só nela, mas, se observarmos bem, é o movimento mesmo da bíblia, na busca do povo prometido e da promessa da revelação que busca dar uma boa nova.
José Octavio Dettmann: Seria o casamento tanto dos jus solli (Terra Prometida) quanto de jus sanguinis (a do povo consagrado por Deus para servir a Cristo em terras distantes). E isso leva a um tipo de distributivismo. Se parar pra pensar, viabiliza, em termos práticos, aquilo que foi dito por Dante Alighieri sobre Monarquia Universal.
Haroldo Monteiro: Essa síntese, de uma terra prometida que é, ao meu ver, um dos fatores da base sociológica portuguesa. Ela é herdeira e ao mesmo tempo consagrada ao anúncio do Cristo crucificado de Ourique. Portugal, quanto mais eu estudo, mais eu vejo uma missão, que é a fonte do seu existir.
José Octavio Dettmann: É a cristologia que não está na Bíblia. E ser protestante nesta circunstância é revelar ignorância sobre algo em que está inserto que é muito mais profundo do que pensa ou imaginação - e isso é um tipo de apatria.
Jose Octavio Dettmann: Acho que fiz bem em ter falado isso, Haroldo. Agora compreendo o que você queria fazer. Por isso que é preciso tomar cuidado com o termo "brasileiro", pois ele é muito mais profundo do que costumam dizer por aí.
Haroldo Monteiro: Os conceitos se referem a unidades históricas que precisam ser individuadas por uma definição e nominação. Eu não uso conceitos acidentais, mas conceitos depurados que ao longo do que escrevo, busco expressá-lo a sua patência para quem me acompanha. É na verdade um processo analítico que precisa separar, para poder sintetizar em uma visão as partes. Assim, a tensão de superfície que alguns conceitos meus estabelece não passa de aparência, pois se entendidos em sua substancialidade efetiva, verificamos que a aparente "displicência" é só aparente mesmo como sempre veríamos, quando conversamos.
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Haroldo Monteiro: Você apontou bem as fontes históricas e filosóficas próprias de um brasileiro nato. Eu faço essa distinção, pois há um conjunto de brasileiros, mesmo minoria, que tem uma concepção antropológica de homem totalmente diversa, sustentada em uma perspectiva mais ampla segundo a que emana da raiz mesma da nossa civilização e que abrange os Reino de portugual - sub o ponto de vista da hierofania de Ouriques, ponto paradigmático da ordem da nação portuguesa em lato sentido - e que abrange o Brasil e outros países.
José Octavio Dettmann:
1) Isso sem falar que há gente aqui que não é só luso-brasileira, mas também carrega dentro de si a bagagem que veio da imigração de italianos, alemães e outros e que complementam isto. Se pararmos pra pensar, há pelo menos três visões antropológicas: a da maioria, que é apatria; a de uma minoria singular, que é somente luso-brasileira; e a de uma outra minoria que toma este mundo português casado ao de suas terras de origem, criando um processo de internacionidade (nacionidade compartilhada).
2) Essa internacionidade e pensada sempre vis a vis (mundo português e mundo italiano, mundo português e mundo alemão e mundo japonês e mundo português - isso se dá dentro de cada indivíduo. Com o passar das gerações esses processos vão amalgamando e se consolidando). Se a realidade política do primeiro reinado for reconstituída, o partido brasileiro abrangerá a ala alemã, a ala dos portugueses nativos da América, os italianos e outros tantos - e terão tanta força como o antigo partido português. E uns colaborarão com os criando um parlamentarismo e não um governo de facção, que prepara o caminho para uma República.
Haroldo Monteiro: Parece que a ordem portuguesa é semelhante ordem cristã no sentido da sua vocação à busca de outros povos para o Cristo. Portugal, no que pode muito bem ser deduzido do seu mito, já nasce sob o signo da "internacionalidade" do ide aos confins do mundo e fazei discípulos meus meus, que Jesus disse aos seus apóstolos. O "velho" que aparece tanto no sonho e em realidade é o símbolo desse peregrinar que a história de portugual encarna tão bem!` Essa "internacionalidade" advém de um impulso humano de busca. A Bíblia afirma essa busca, no homem que tem que se casar e deixar a sua terra e parentela, no caso de Abraão. Um homem que tem que sair do seu lugar para ir ao encontro do seu reino em Davi. Um homem que tem que sair da sua ignorância para encontrar a sabedoria. Ou seja, a realidade do antropos humano em face de uma tensão divina, deseja ascender ir além e isso realmente, desde um ponto de vista social, parece criar um internacionalidade de intenções comuns, fonte mesmo do cultivo, da cultura de um povo - e isso demanda o elemento estrangeiro.
José Octavio Dettmann: e este elemento está na História de Ruth.
Haroldo Monteiro: Não só nela, mas, se observarmos bem, é o movimento mesmo da bíblia, na busca do povo prometido e da promessa da revelação que busca dar uma boa nova.
José Octavio Dettmann: Seria o casamento tanto dos jus solli (Terra Prometida) quanto de jus sanguinis (a do povo consagrado por Deus para servir a Cristo em terras distantes). E isso leva a um tipo de distributivismo. Se parar pra pensar, viabiliza, em termos práticos, aquilo que foi dito por Dante Alighieri sobre Monarquia Universal.
Haroldo Monteiro: Essa síntese, de uma terra prometida que é, ao meu ver, um dos fatores da base sociológica portuguesa. Ela é herdeira e ao mesmo tempo consagrada ao anúncio do Cristo crucificado de Ourique. Portugal, quanto mais eu estudo, mais eu vejo uma missão, que é a fonte do seu existir.
José Octavio Dettmann: É a cristologia que não está na Bíblia. E ser protestante nesta circunstância é revelar ignorância sobre algo em que está inserto que é muito mais profundo do que pensa ou imaginação - e isso é um tipo de apatria.
Jose Octavio Dettmann: Acho que fiz bem em ter falado isso, Haroldo. Agora compreendo o que você queria fazer. Por isso que é preciso tomar cuidado com o termo "brasileiro", pois ele é muito mais profundo do que costumam dizer por aí.
Haroldo Monteiro: Os conceitos se referem a unidades históricas que precisam ser individuadas por uma definição e nominação. Eu não uso conceitos acidentais, mas conceitos depurados que ao longo do que escrevo, busco expressá-lo a sua patência para quem me acompanha. É na verdade um processo analítico que precisa separar, para poder sintetizar em uma visão as partes. Assim, a tensão de superfície que alguns conceitos meus estabelece não passa de aparência, pois se entendidos em sua substancialidade efetiva, verificamos que a aparente "displicência" é só aparente mesmo como sempre veríamos, quando conversamos.