"Na origem do dinheiro temos uma 'relação de representação' da morte como um mundo invisível, antes e além da vida - uma representação que é o produto da função simbólica adequada à espécie humana e que prevê o nascimento como uma dívida original contraída por todos os homens, uma dívida devido aos poderes cósmicos dos quais a humanidade emergiu.
"O pagamento desta dívida, que pode, contudo, nunca ser resolvido na terra - porque o seu reembolso total está fora de alcance -, toma a forma de sacrifícios que, ao renovar o crédito dos vivos, permitem prolongar a vida e mesmo em certos casos a alcançar a eternidade juntando-se aos deuses. Mas esta crença inicial também está associada ao surgimento de poderes soberanos cuja legitimidade reside na sua capacidade de representar todo o cosmos original. E são esses poderes que inventaram o dinheiro como meio de liquidar dívidas - um meio cuja abstração permite resolver o paradoxo sacrificial pelo qual a morte se torna o meio permanente de proteger a vida."
-- Bruno Théret, "as dimensões sócio-culturais da moeda : implicações para a transição para o euro"
"O pagamento desta dívida, que pode, contudo, nunca ser resolvido na terra - porque o seu reembolso total está fora de alcance -, toma a forma de sacrifícios que, ao renovar o crédito dos vivos, permitem prolongar a vida e mesmo em certos casos a alcançar a eternidade juntando-se aos deuses. Mas esta crença inicial também está associada ao surgimento de poderes soberanos cuja legitimidade reside na sua capacidade de representar todo o cosmos original. E são esses poderes que inventaram o dinheiro como meio de liquidar dívidas - um meio cuja abstração permite resolver o paradoxo sacrificial pelo qual a morte se torna o meio permanente de proteger a vida."
-- Bruno Théret, "as dimensões sócio-culturais da moeda : implicações para a transição para o euro"
Roberto Santos
Facebook, 6 de março de 2018.
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