1) Se o homem é o animal que conserva o que é conveniente, a ponto de ver nisso um espelho do seu amor de si até o desprezo de Deus, então o homem é o animal que mente em nome da verdade, pois vive em conformidade com o Todo que vem do erro, que leva a um nada. Se ele mente em nome da verdade, então ele conserva o que é conveniente dissociado da verdade, fazendo do homem o pior dos animais, segundo Aristóteles.
2.1) O homem que emula e vive a vida praticando conservantismos não é uma pessoa. Como um bom homo oeconomicus, eles se reduziu a suas funções e atributos. Ele é o que faz ou o que fabrica, já que a riqueza se tornou uma salvação.
2.2) Se o homem é o que faz ou que fabrica, então o amor de si até o desprezo de Deus sempre vai buscar libertar-se do corpo social que vive a vida em conformidade com o Todo que vem de Deus, já que viver nesse corpo social constitui uma verdadeira prisão. E a solidariedade social, fundada no fato de se amar e rejeitar as mesmas coisas tendo por Cristo fundamento, termina sendo substituída pela noção do homem atomizado, já que tudo o que era sólido se desmanchou no ar.
3) Eis ai porque o conservantismo é marcadamente gnóstico.
José Octavio Dettmann
Rio de Janeiro, 24 de março de 2018.
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