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terça-feira, 6 de março de 2018

Notas sobre a relação entre automação industrial e usura

1) Se os produtos industriais decorrem do que vem da terra, então podemos dizer que a primeira indústria por excelência é a mineração, pois você retira metal do minério de modo a se tornar um metal trabalhado.

2) É das ferramentas vindas do metal que vêm todo o artesanato. Como o artesanato é criatividade sem imaginação, então ela cria produtos infungíveis, pois cada peça tende a ser única, fundada no fato de que o artesão em suas circunstância teceu a si mesmo.

3.1) A troca de bens infungíveis só pode ser regulada por metais, pela moeda - e as moedas, antes cunhadas a martelo, eram diferentes umas das outras, tornando a transação única, facilmente registrável. Por isso, a função da moeda é dar fungibilidade a bens infungíveis, de modo que o produto acabado de um artesão habilidoso tenha tanto valor quanto o produto que sai da terra e que se reproduz (como os animais e as plantas). Por isso, quando uma indústria avançava, as outras avançavam junto, integrando as pessoas de todas as classes, criando uma espécie de concórdia entre elas.

3.2) Como a produção de bens infungíveis pede mão-de-obra especializada e qualificada, então ela é regulada pelos metais mais nobres que há, como a prata e ouro - ou mesmo o eléctron, a liga decorrente desses dois metais.

3.3.1) Quando a indústria passou para a fase da automação, em que todos os produtos passaram ser idênticos uns aos outros, era natural pensar que dinheiro chamava dinheiro - e se o dinheiro chama dinheiro, então isso é dizer que o metal se reproduz. Ora, se a fabricação de moedas é divorciada da riqueza produzida pela agricultura e pelo artesanato, então isso gera inflacionismo, uma vez que é liberdade voltada para o nada. 
 
3.3.3) Eis no que dá pensar que o metal se reproduz - além de gerar inflação, ela gera usura. Da usura vem a cobrança improdutiva e os abusos do direito de crédito, uma vez que a usura é a mãe da extorsão. Por conta da cultura de extorsão, há toda uma sorte de conflitos de interesses qualificados pela pretensão resistida - e isso leva a uma maior intervenção do Estado, a ponto de tudo estar no Estado e nada estar fora dele ou contra ele.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 6 de março de 2018.

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