1) O ímpeto de controlar ou dominar a realidade, em si mesmo, não é 'a' gnose. Esse ímpeto é o efeito que é deflagrado por uma determinada cosmovisão, essa sim gnóstica e a causa dele.
2) Se há uma doutrina que é 'carne de vaca' em todas as grandes tradições é a doutrina da trindade. Essa doutrina, excetuando o dogma cristão, é, tal como nos ensinou Schwaller de Lubicz, uma concepção FÍSICA da realidade. É por essas tradições que, ao falarem de trindade, estavam falando da NATUREZA divina e fazendo COSMOLOGIA, da qual emana uma Cosmovisão, como todos sabem.
3) Dessa doutrina, surge a concepção de que a realidade emerge de um nada primordial. Esse 'nada', porém, não é um não-ser. Ele é um 'No-Thing', um nada de eventos físicos determinados. Ele seria um oceano de informações funcionais, puras funcionalidades das quais o mundo físico seria a expressão.
4) Pois bem, esse oceano de informações funcionais é potencialmente infinito. Daí a cosmovisão predominante no mundo antigo de que o que prevalece na realidade é a abundância infinita, não a escassez. Essa cosmovisão é essencialmente não-sacrificial.
5.1) Mas há certos períodos históricos em que essa cosmovisão foi adulterada.
5.2) A idéia de que o mundo implicado era um oceano de informações funcionais foi trocada pela idéia econômico-financeira de que a realidade explicada tem um débito para com a realidade implicada. Como a realidade explicada é finita, esse débito jamais poderia ser pago porque a realidade implicada, ao contrário, é potencialmente infinita.
5.3) Essa cosmovisão é essencialmente sacrificial, pois a morte é vista como um meio de o mundo explicado pagar, pelo menos, os juros para o mundo implicado, pois o 'principal' é impossível de pagar.
5.4) Essa cosmovisão é justamente aquela que Cristo quis abolir de uma vez por todas. O cristianismo não só reafirma a noção primordial da abundância do mundo implicado como ainda revela o que as outras tradições não conheceram: para além da trindade natural do mundo implicado, há a Trindade revelada das Pessoas Divinas. Ou seja, há a abundância que emerge da Natureza Divina, e a abundância que emerge das Pessoas Divinas.
Roberto Santos
Facebook, 6 de março de 2018
Facebook, 6 de março de 2018
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