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terça-feira, 6 de março de 2018

Notas sobre a relação entre metalismo, protecionismo e usura

1.1) Uma das razões pelas quais Quesnay defendia que a agricultura era fonte de riquezas estava no fato de que animais e plantas se reproduzem. 
 
1.2) Se as plantas e os animais se reproduzem, então ocorre capitalização - e dentro desta lógica, remunerar com juros é justo porque esse enriquecimento teve causa, pois outra pessoa confiou sua riqueza aos meus cuidados; ela investiu naquilo que tenho de melhor, na minha administração honesta. Por isso, ela pode me cobrar por algo que teve caráter produtivo.

2) Como o metal, o produto acabado do mineral, não se reproduz, então cobrar juros por força do metal em si mesmo tende a ser improdutivo - eis a usura.

3) Houve uma época na História em que ter a maior quantidade possível de ouro e prata no país indicava prosperidade - e a cultura de país tomado como se fosse religião começou a partir da riqueza tomada como um sinal de salvação. De certo modo, o metalismo leva não só a um protecionismo como também a uma cultura de usura. Esse tipo de cultura é reforçada num cenário onde as pessoas são divididas entre eleitas e condenadas de tal maneira maneira que somos incapazes de ver nos nossos compatriotas um irmão em Cristo, uma vez que a riqueza tornou-se uma forma de salvação predestinada, a ponto de edificar liberdade com fins vazios e a relativizar tudo o que há de mais sagrado, fundado na conformidade com o Todo que vem de Deus. No final, o que a ética calvinista faz é fabricar apátridas.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 6 de março de 2018.

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