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terça-feira, 6 de março de 2018

Notas sobre a questão do paradigma da escassez na economia

Roberto Santos Há alguma coerência no conservador que defende o paradigma da escassez na economia  e ao mesmo tempo condena o aborto? É óbvio que os que vivem defendendo o paradigma da escassez jamais entederão a condenação do aborto.

Comentários:

1) Deus veio para dar a vida - vida em abundância. E como o Roberto Santos bem apontou, a riqueza deriva a partir do momento em que as plantas e os animais se reproduzem, já que a vida é um dom de Deus e tende a ser abundante.

2) Se a riqueza é abundante, e não escassa, os bens se tornam fungíveis e tendem a ser trocados, a ponto de ser possível trocar 20 galinhas por um cavalo e uma égua, já que criar cavalos é mais trabalhoso do que criar galinhas. Ou seja, trocar bens reais por bens reais é perfeitamente possível, considerando esta realidade de coisas, que é transcendente.

3.1) Se o metal não se reproduz e a quantidade tende a ser fixa ao longo do tempo, então não faz sentido advogar escassez num cenário de vida em abundância, onde a vida é fundada naquilo que é conforme o Todo que vem de Deus, pois no paraíso não é preciso dinheiro para se ter uma vida feliz.

3.2) Seria preciso criar uma cultura de caos para impor uma nova ordem - uma visão apocalíptica em que o homem é lobo do próprio homem, em que Deus, sendo mau, dividiu o mundo entre eleitos e condenados, predestinando aos eleitos a riqueza, que passa a ser vista como um sinal de salvação. E isso é necessariamente gnóstico - dentro desta ordem apocalíptica nós dois tipos de homem: o homo oeconomicus e o homo faber, fabricador de bens infungíveis, que fazem da moeda o meio de troca que viabiliza a fungibilidade de bens antes infungíveis. E aí surge a questão do paradigma da escassez na economia, já que o homem se tornou a medida de todas as coisas - e a melhor maneira de medi-lo seria quantificando as horas trabalhadas.

4.1) Com isso, a economia perde a sua real finalidade que é preparar o país para ser tomado como se fosse um lar em Cristo, a ponto de nos preparar para a pátria definitiva, que se dá no Céu.

4.2) Se a economia se reduz à plutologia, ao estudo da riqueza em si mesma, então a riqueza como sinal de salvação se torna um dado da realidade dos que conservam isso conveniente e dissociado da verdade - e neste ponto a técnica plutológica se torna uma pseudociência, uma ideologia, pois relativa a verdade em pessoa, que é Cristo Jesus, a ponto de edificar liberdade com fins vazios.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 6 de março de 2018.

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