José Octavio Dettmann:
1) Pelo que pude observar, a base da guilda vem de Aristóteles, não do neoplatonismo. Com isso a guilda era um corpo intermediário, tal como é a Igreja.
2.1) É por meio dos corpos intermediários que buscamos pessoas com as quais possamos nos associar, desde que tenham um interesse em comum.
2.2) Ou seja, a guilda é tanto uma associação, quanto um sindicato, quanto uma escola profissionalizante, quanto uma empresa. Era uma coisa integrada numa só coisa, por força da realidade da coisas. Por isso que sua constituição não se dava por meio contrato escrito, pois a linha que separa uma coisa e outra é tênue - se ela for escrita, ela cria conflito de interesses a ponto de o Estado ter que dizer o direito sobre praticamente tudo, a ponto de querer arrogar-se um Deus. Enfim, a beleza dessa instituição estava na sua complexidade - e a escrita acabaria reduzindo essas coisas que vem da alma a uma máquina, o que acabaria criando conflito de interesses qualificados pela pretensão resistida, fazendo com que o Estado tenha de se pronunciar sistematicamente sobre as supostas lesões ou ameaças de lesão de tal maneira que tudo deva estar sujeito à apreciação do Estado, já nada deverá estar contra ele ou fora dele.
2,3) Se as funções de associação, sindicato, escola profissionalizante e empresa eram uma coisa só na natureza da guilda, então a especialização visa não só a uma espécie de alienação, dessa perda do Todo, como também visava libertar os indivíduos da dependência de outros indivíduos, como se isso fosse uma espécie de dominação. E isso gerou o caráter atomicista das nossas sociedades, a ponto de a liberdade para bem servir aos semelhantes fosse voltada tão-somente ao auto-interesse e para o nada, uma vez que isso perdeu o seu caráter santificador e salvífico. E isso tem caráter gnóstico, pois a gnose a vê o corpo como uma prisão da alma.
Roberto Santos: Preciso meditar melhor sobre isso, mas em princípio parece que é isso.
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