No curso que eu farei sobre o "problema de Deus", entre outras coisas, eu demonstrarei o que se segue:
O "deus" dos modernos é um absoluto ou infinito virtual, é a "ideia" do homem, sua inteligência maximizada, sua vontade maximizada, seu coração/amor maximizado.
Como os modernos não apreendem o "ser" [criado ou participado] no/do mundo empírico, senão que veem o "transcendental" como as próprias estruturas subjetuais, a divindade é esta superestrutura na sua atualidade ideal em face da extensão na qual ela se contrai e da qual ela busca se desprender [em outras palavras, a divindade moderna é o Caos/Abismo da teogonia, e não o Princípio Primeiro da realidade]; o desvelamento dessa verdade [implícita em Descartes, explicitada de modo tosco em Spinoza, e de modo sofisticado em Hegel] por Feuerbach levarão:
a) Marx [concupiscência dos olhos] a divinizar e priorizar historicamente a infraestrutura, deslocando a liberdade do sujeito absoluto [a sociedade comunista, o "reino de deus na terra" (sic)] para o fim do processo histórico;
b) Nietzsche [soberba da vida] e Freud [concupiscência da carne] a priorizar as forças instintivas e inconscientes, descolando-se de vez de toda reminiscência ou verniz cristão para a divindade moderna imanente [que ainda se expressava em termos de ideal regulador dos fins práticos e naturais, para efeitos políticos e científicos].
Todos esses autores estão envoltos no problema do imanentismo moderno. Eles nem sequer desconfiam da diferença da perspectiva moderna para o socratismo, o platonismo, o aristotelismo e a filosofia cristã pré-nominalista.
A heresia modernista será um intento de conciliar o Cristianismo com o sistema moderno já inteiramente desdobrado: o agnosticismo da transcendência, a divinização do mundo e o sentimento religioso (gnóstico/panenteísta) na qual se resolve a contradição.
Joathas Bello
Facebook, 28 de setembro de 2021