1) Na língua tupi, o tempo está no substantivo. Uma árvore nova, a ibirarama, revela uma ordem promissora e virtuosa, amparada na verdade; a árvore velha, a ibirapuera, é como uma árvore oca: velha, superada, sem viço, pronta para ser abatida.
2.1) O cristianismo sempre será uma ibirarama, posto que que ela se funda no verdadeiro Deus e verdadeiro homem.
2.2) Essa ibirarama se funda nas ranas (feridas ou chagas) do senhor e devemos conhecer essa verdade o mais rano (cedo) possível.
3.1) Os que enxergam a ordem edificada nesse verdadeiro Deus e verdadeiro Homem como uma ordem velha e superada (ibirapuera) são como os judaizantes, já que buscam conservar o que é conveniente e dissociado da verdade.
3.2.1) O espírito moderno se funda todo na ação humana e no tempo que rege essa ação, onde o passar do tempo só revela as ruínas daquilo que já está velho e superado, criando florestas de árvores ocas por onde passam, esperando o seu desmate sistemático.
3.2.2) Esse espírito moderno está intimamente ligado ao futurismo. Esse futuro não mais a Deus pertence - com o império da técnica, o homem pode se tornar Deus e ser o senhor de seu próprio destino. Como o homem que enxerga a Cristo como uma árvore velha só conserva o que é conveniente e dissociado da verdade, essa bússola não aponta para norte algum e todo barco que navega nessa mar nada misericordioso terminará à deriva ou naufragando.
3.2.3) Eis no que dá uma ordem sem sentido - ela não será como uma arca de Noé, capaz de sobreviver ao dilúvio espiritual que virá quando tudo o que decorrer do modernismo começar a ser exterminado, ao negar Cristo sistematicamente.
4.1) O Cristianismo jamais será uma ibirapuera. Ele torna nova todas as coisas velhas. Se você botar um renovo de planta numa floresta de ibirapueras, toda a floresta se renovará.
4.2) Ela não será renovada por magia, mas por milagre, sobretudo fundado na missão de servir a Cristo em terras distantes, tal como se deu em Ourique. E esse império não perecerá, pois se funda naquilo que é capaz de renovar as coisas velhas, visto que é um império de cultura, não de domínio, onde tudo está no Estado e nada pode estar fora dele ou contra ele.
Rio de Janeiro, 18 de outubro de 2019.