1.1) Se o texto escrito serve para distribuir a experiência e a tradição entre os ausentes - no caso, o diálogo entre os mortos e os não-nascidos - e entre os que estão vivos, mas que estão distantes, então de maneira análoga ao texto escrito nós temos o princípio da associação, que deriva do direito de vizinhança e do principio da sociabilidade, através do diálogo que estão vivos e presente no mesmo lugar, em Cristo. Basta haver uma comunhão de interesses fundados no fato de se amar e rejeitar as mesmas coisas tendo por Cristo fundamento e por conta da santificação através do trabalho que se começa a haver a cultura da guilda.
2.1) Se eu como escritor tiver vizinhos que queiram percorrer o mesmo caminho de honras que meus pais seguiram como professores, então eu devo apresentar esses meus vizinhos aos meus pais de modo que aprendam com eles os segredos da profissão, a ponto de ouvir suas histórias, suas experiências de vida bem como suas técnicas de transmissão de conhecimento aos alunos.
2.2) E neste ponto, o vizinho passa a ser tomado como filho espiritual do meus pais na profissão, ampliando assim a noção de família, pois ter um irmão na profissão que fez o nome da minha família, mesmo que eu siga um caminho diferente daquele que foi percorrido pelos meus pais, é uma forma de manter vivo o legado deles, já que experiência na profissão é um bem intangível que deve ser transmitido a quem bem honrá-lo, ainda que não haja gente do próprio sangue disposta a seguir a mesma vocação, o mesmo chamado.
2.3) Quando isso é feito de maneira sistemática, o senso de tomar o país como um lar em Cristo se torna mais evidente, pois se torna uma necessidade descobrir os outros, uma vez que o costume de compartilhar os caminhos de honra entre os que nos são próximos é bom em si mesmo a ponto de ser observado por todos da comunidade, uma vez que da integração entre pessoas de fora da família que queiram seguir o mesmo caminho que meus pais seguiram surge a responsabilidade de servir a Cristo em terras distantes, a ponto de levar o nome da família a outros mares por nunca dantes navegados, já que a cada tempo, a cada geração surgem novos desafios e desses desafios surgem novas circunstâncias.
3.1) Da associação de várias famílias em torno de uma tradição de excelência, fundada na santificação através do trabalho, surge uma guilda.
3.2) Na guilda, os associados tomam-se uns aos outros como parte da família.
3.3) Se eu, que sigo um caminho diverso ao dos meus pais, crio um nome de excelência na minha profissão, então há uma relação quase familiar entre a guilda de professores e a guilda de escritores - e isso se estende a toda e qualquer profissão que eventualmente surja ao longo do tempo.
3.4) É por conta desse solidarismo familiar que se dispensa a necessidade de uma regulação estatal da profissão, uma vez que todos estão servindo a Cristo na própria terra ou em terras distantes, aumentando ainda mais o bom nome da guilda. E isso é uma forma extraordinária de multiplicação da nobreza, pois é o feliz casamento da aristocracia com a democracia.
José Octavio Dettmann
Rio de Janeiro, 9 de outubro de 2018 (data da postagem original).