1.1) Vicente Ferreira da Silva defende a estreita e íntima conexão entre Mitologema e cultura. Não existe Cultura sem Mitologema.
1.2.1) No ocidente, convencionou-se que a filosofia "verdadeira" se opõe ao mito, desembocando no falso argumento de que mito é fábula, invencionice, ficção, literatura imaginária, delírio ou mentira. Um desfile de torpezas e desarranjos foi desferido contra os mitos e os mitologemas de cada cultura.
1.2.2) Essa desconstrução - fruto dos embates internos da filosofia com ela mesma, depois da religião com a filosofia, e de ambas com a ciência - foi crescendo e, junto com ela, todo o sentido de Cultura, de identidade nacional sofreu significativa erosão e desfiguramento, a ponto de contribuir para os discursos globalizantes, proposta esta que é a antítese de toda e qualquer idéia de cultura em particular, nivelando a tudo e a todos em prol de uma "nova ordem mundial", de uma "cidadania global".
2.1) No Brasil, a obra de Vicente Ferreira da Silva (amigo do filósofo português Agostinho da Silva, com o qual fundou o Grupo de São Paulo e partilhava da proposta entre Mitologema e Cultura) está na contramão das convenções históricas e isso merece acurados estudos. Qual a importância dela? Ela trouxe, para a atualidade, um discurso renovado e rigoroso centrado no Mitologema e na Cultura luso-brasileira, numa época em que as identidades nacionais sofrem uma brutal desconstrução, erosão e esvaziamento de sentido e valor. "Amar a pátria, a cultura pátria, a história pátria", nos dias de hoje é um crime quase inafiançável.
2.2.1) Urge alterar tal metodologia ideológica revolucionária, trazendo contrapontos levantados por determinados autores e obras que posicionam o Brasil em estreita e íntima conexão com Portugal até 1822, sem se fechar a nenhum tipo de interpretação.
2.2.2) A procura das "origens", cifrada no Mitologema absorvido pela Cultura - que ajudou a definir o caráter cristão do povo português (no qual o Brasil se incluía) -, é um passo fundamental para a refundação do Brasil. Neste sentido, a obra de Vicente, bem como a do filósofo português José Eduardo Franco configuram contribuições investigativas significativas e basilares, marcos de reorientação dos estudos historiográficos.
2.2.3) Sob outra perspectiva, mas em diálogo com os mitos, Alice Lázaro tem incursionado brilhantemente na revisão história de D. Maria I, D. João VI, D. Carlota Joaquina e outros personagens da nobreza portuguesa cuja reconstrução histórica aponta para o Mitologema que perpassa toda a história de Portugal desde o início de sua nacionalidade. Precisamos entender a chamada de atenção que nos fizeram:
Arlindo Veiga dos Santos: "O presente que nega o passado não terá futuro".
Roquette-Pinto: "É preciso conhecer o Brasil com os seus encantos e as suas tristezas, para amá-lo conscientemente"
Álvaro Ribeiro: “A históia mostra que a humanidade tem sido até agora incapaz de resolver os seus próprios problemas, mas esconde fatores sobrenaturais da evolucão humana, na medida em que vai desdenhando da tradição, da lenda e do mito para respeitar os métodos positivistas da historiografia”
Mário Ferreira dos Santos: "Com símbolos, expressamos o que não poderíamos fazer de outro modo, porque, com ele, transmitimos o intransmissível."
3) O Mitologema fundante e fecundante da história de Portugal e do Brasil é a visão de CRISTO em Ourique por D. Afonso Henriques. Este marco impulsionou toda a trajetória da Coroa Portuguesa assumindo para si a missão de expandir a FÉ e o IMPÉRIO do Espírito Santo.
Loryel Rocha (
https://www.facebook.com/loryel.rocha.1/posts/1463054493803026?pnref=story)
Facebook, 26 de janeiro de 2018.