Veja o que o padre Desurmont diz a respeito de como discutir com hereges ou cismáticos, comparem com o que é feito hoje (em todos os campos do espectro católico) e tirem suas conclusões:
"Nosso texto supõe que o sacerdote esteja diante de um herege ou de um cismático que o é por questões de consciência. Nesse caso, que ele examine antes de tudo se há ou não boa-fé. Nós a encontramos com maior freqûência do que se pensa: em pessoas ignorantes, nas almas retas, naqueles que têm vivido relativamente castos e inocentes, aí onde o catolicismo é pouco conhecido, nas seitas que mais se aproximam da religião católica, aí enfim onde o erro soube assumir grandes aparências de verdade.
Quando a boa-fé for certa ou provável, utilizar grandes precauções para não ofender, para não assinalar de maneira demasiado brusca os erros inconscientes, para não expor a consciência a uma resistência por meio de uma inversão de ideias excessivamente rápida e inesperada, enfim e sobretudo, para não tornar formalmente culpável uma situação que só o é materialmente.
Às vezes a prudência exige que deixemos subsistir essa boa-fé. Este é o caso quando há dúvidas acerca do sucesso dos esforços por tentar, e quando, de resto, o bem comum não exigir que cheguemos a todo o custo a uma conversão.
Se nenhuma razão desse tipo detiver o zelo, é com uma refinada prudência que se deve conduzir a pessoa à verdade. Só a dizemos pouco a pouco; jamais supomos que há erro culpável; procedemos antes propondo lentamente o verdadeiro que acusando o falso; estudamos as disposições de espírito e de coração com as quais as insinuações são acolhidas, e assim, pouco a pouco, com o auxílio de Deus, surge a luz.
Quando não há boa-fé, podemos atacar a fortaleza de maneira mais direta, mas aqui também é preciso usar a prudência e a habilidade. Em geral, é bom se dirigir antes ao coração e à consciência que ao espírito. A controvérsia e a discussão são certamente boas, mas, quando são demasiado isoladas, ordinariamente não chegam à alma propriamente dita. Produz-se na pessoa assim convencida de erro uma certa resistência que se enraíza no amor-próprio ofendido; e como, aliás, frequentemente o coração é pouco tocado, a conquista não se realiza. Quando, ao contrário, à demonstração da verdade acrescentarmos todas as gentilezas e os expedientes que tocam o sentimento ou que falam à consciência, haverá chance de conquistar para a Igreja um fiel a mais, sobretudo se antes tiver havido o cuidado de suplicar muito a Deus e de fazer que outros também suplicassem" (A Caridade Sacerdotal).
Fábio Florence
Facebook, 16 de março de 2024.
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