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sexta-feira, 4 de outubro de 2019

Olavo X Loryel - síntese do debate após escutar atentamente os dois lados

1) Dizia o professor Loryel Rocha: política não é guerra.

2) Dizia o professor Olavo: política não é ambiente acadêmico. A guerra se dá contra pessoas, não contra idéias, visto que pessoas ocupam cargos e tomam decisões de poder, de interesse de Estado. Em termos de mentalidade revolucionária, é preciso ter amplo poder para mudar as coisas, o que implica ocupar cargos a qualquer custo, o que faz corrupção método perfeito para a tomada disso que é tão desejado.

3) Clausewitz dizia: guerra é continuação da política por meios violentos. E Marx dizia: não se faz revolução sem derramamento de sangue (este é o sentido germânico do termo). Se a revolução foi violenta, a contra-revolução o será, uma vez que você vai precisar desalojar a terra santa dos filisteus, o que leva a uma guerra santa, a uma cruzada.

4.1) Certo está o professor Olavo, quando fala que é preciso uma militância bolsonarista.

4.2) Quando se lida com um grupo que faz do crime, da corrupção e da violência a essência da atividade política, você vai precisar de gente que dê a vida por ele, uma vez que é da tendência do brasileiro votar em pessoas, não em partidos.

4.3.1) Isso se torna particularmente grave quando o messianismo político se tornou a base da política nacional, visto que as últimas eleições presidenciais foram todas marcadas por uma mistura de messianismo com salvacionismo, com forte toque laicizante e imanentista.

4.3.2) É como se tivéssemos de viver a Batalha de Ourique uma vez a cada 4 anos, sem ter o menor conhecimento das nossas origens, com base na História de Portugal. Estamos num ponto bem radical dessa repetição - ou o Brasil sobrevive ou sucumbe de vez à sanha revolucionária.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 4 de outubro de 2019.

Do círculo profissional ao círculo pessoal - dos limites fundados na sensatez e na prudência, quando se trata de chamar alguém para um projeto em comum

1) Até onde sei, não constitui ser uma boa idéia você, estando no Brasil, aceitar convite de alguém, que está fora do Brasil, de modo a viajarem juntos para fora de ambos os países, se você ainda não se encontrou pessoalmente com esta pessoa antes.

2) Como posso confiar numa pessoa com quem não tive a oportunidade de conhecê-la pessoalmente? Seria muita ousadia fazer tal tipo de convite, ainda mais se você vive num país inseguro como o Brasil ou numa cidade muito insegura como o Rio de Janeiro, uma vez que isso constitui ou uma armadilha ou a pessoa não tem a menor noção do que é o Brasil, a ponto de estar caminhando na nuvem, que nem um nefelibata.

3) Esta me parece ser a regra não escrita nos relacionamentos virtuais. Não combine um projeto com outra pessoa, o de viajar juntos, sem antes ter havido um encontro pessoal primeiro. É preciso muita intimidade para isso.

4) Com relação a outras coisas, como financiar a atividade organizada de um escritor que atua online, não há empecilho, se a pessoa é séria e honesta naquilo que está fazendo - você pode ter uma impressão autêntica conversando com ela, seja por escrito, seja por meio de uma ligação. Se houver um encontro pessoal, haverá ganho sobre a incerteza. Mas, do jeito como o Rio e muitas cidades do Brasil se encontram, esta reunião não ocorrerá tão cedo, visto que as circunstâncias não são favoráveis.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 4 de outubro de 2019.

Como cultivar uma boa atitude de rede social - relatos da minha experiência

1) Não mais tomarei a iniciativa de adicionar alguém, sem antes haver uma boa conversa. Acredito que a pessoa que recebe meu pedido acaba ficando com o ego inflado, uma vez que, para ela, estou fazendo número - e esse não é o meu propósito, uma vez que realmente desejo conhecer a pessoa, aceitá-la tal como ela é, ainda que esteja em terras distantes.

2) Vou tornar oficial hoje o que já faço há muitos anos: quando recebo uma solicitação de amizade, eu vou investigar o perfil de quem quer ter relações comigo. Se tiver que adicionar a pessoa para saber mais sobre ela, eu vou adicioná-la provisoriamente. Se a pessoa for católica e monarquista, ela será bem-vinda; se não atender a nenhum dos dois requisitos, será excluída, embora isso não torne inviável a conversa inbox.

3.1) Quando vou lidar com alguém que não esteja conectado à minha rede, eu converso com ela inbox.

3.2.1) Se a pessoa me silenciar ou me bloquear, já percebo que ela tem um sério problema de má consciência, pois ela precisará seriamente passar mais tempo no confessionário do que realmente pensa, uma vez que a Igreja é o hospital mais adequado a esse tipo de pecador (a) contumaz.

3.2.2) O ideal seria que eu rezasse pela conversão dessa gente, mas ainda estou muito longe de tomar tal atitude, pois não progredi na fé o suficiente a ponto de não odiar o pecador quando este peca gravemente contra mim.

4.1) É preciso haver uma cultura de rede social. E isso se dá partir de uma consciência reta, voltada para a verdade, e de atitudes respeitosas para com o próximo.

4.2.1) Isso não é muito diferente do que ocorre no mundo real - a diferença é que suas ações online só podem ser vistas a partir do ponto de vista do ouvinte onisciente, ouvinte este que você não pode enganar.

4.2.2) Se sou injusto com alguém, bato a porta do confessionário e me confesso. Quando já estiver suficientemente emendado, libero a pessoa do bloqueio e peço perdão a ela.

5.1) Costumo manter um diário relativo a pessoas com quem dialogo e adiciono.

5.2) Nesse diário, eu aponto a razão pela qual eu deletei ou bloqueei determinada pessoa, além da prova cabal que me levou a tomar esta atitude tão drástica. Como a verdade se desdobra ao longo do tempo, com o tempo vou revendo minhas atitudes e me preparando para fazer uma boa confissão, caso tenha sido injusto com alguém.

5.3.1) Não tenho o condão de influir no comportamento dos outros - o que posso fazer é narrar minha experiência no tocante a se fomentar uma cultura de rede social, a ponto de combater o arbítrio daquela minha pior parte do meu ser que fica rica no amor de si até o desprezo de Deus e que me faz ser injusto com meu semelhante.

5.3.2) Há uma guerra cultural lá fora - há uma batalha permanente pelos corações e mentes das pessoas, de modo que sejam mais amigas de Deus ou do Faraó do Egito Antigo, que escravizou os hebreus.

5.3.3) Fomentar uma cultura de rede que inspire a lealdade das pessoas, a ponto de contribuírem financeiramente com o seu trabalho economicamente organizado e voltado para a salvação dos que ouvem a voz de Deus através de você, que está revestido de Cristo, constitui um dos maiores desafios desde que o Papa Bento XVI nos mandou evangelizar na rede.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 4 de outubro de 2019.

domingo, 29 de setembro de 2019

Notas sobre economia compartilhada no âmbito familiar - o caso dos domésticos

1) No âmbito do direito do trabalho, uma mesma família - composta de diferentes núcleos que moram próximos uns dos outros - pode tomar de maneira compartilhada o trabalho do mesmo diarista, uma vez que é conveniente e prático tomar os serviços de alguém de confiança que esteja perto de alguém que está mais próximo.

2) Nos termos da atual legislação trabalhista, se o diarista só pode trabalhar dois dias seguidos para um mesmo núcleo, então ele terá pleno emprego se ele trabalhar uma semana de seis dias em três núcleos de uma mesma família. Conforme os vínculos vão se estreitando, ele pode trabalhar três ou mais dias para um mesmo núcleo; como o serviço dele é compartilhado com os demais núcleos, então os encargos trabalhistas devidos a esse mesmo trabalhador doméstico são rachados, a ponto de viabilizar os custos.

3) O maior problema é que a tomada compartilhada do serviço de um mesmo doméstico gera uma obrigação solidária; se a família não honrar com os compromissos assumidos, o empregado pode entrar com ação contra que o núcleo tem melhor condição de pagar o que deve. E uma vez paga a dívida, isso gera ação de regresso contra os demais núcleos da mesma família - e esse conflito de interesses pode levar à abolição da família. Eis aí uma relação trabalhista conexa aos assuntos fundados no direito de família.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 29 de setembro de 2019.

terça-feira, 24 de setembro de 2019

Notas sobre a diferença entre ser gênio e ser santo

1.1) Um gênio é humano, demasiadamente humano. Não obstante o fato de apreender a realidade de muitas coisas, ele erra mais do que o normal, que é regido pelo senso comum.

1.2) Ele é a versão mais extremada do animal que erra de Aristóteles - e quanto mais afastada for da conformidade com o Todo que vem de Deus, mais se torna um animal que mente, a ponto de o pecado entrar de vez na sociedade por meio daquela pessoa, através de seus escritos.

2.1) O Santo é humano - ele está no mundo, mas ele é parte do Reino de Deus, que não é deste mundo. Ele age como um diplomata desse reino, a ponto de criar as pontes que ligam a Terra ao Céu. E para isso, ele pode desempenhar uma ou múltiplas tarefas muito bem, a ponto de ser um polímata.

2.2.1) O que mede o santo não é o seu Q.I, mas a consciência de ver Cristo aqui mesmo e em todo lugar, mais do que a média das pessoas consideradas boas ou justas.

2.2.2) Ele é o rosto humano de Deus em uma circunstância específica - e por meio dele podemos ver Jesus agindo dentro de nosso tempo ou circunstância, o que faz com que o espírito do Evangelho tenha vivência no maior número de pessoas possível, ao invés de ficar agrilhoado na tinta dos que crêem na sola scriptura. Ele personifica a atualização constante da tradição cristã e apostólica - por isso, é fundamental lermos as biografias dos santos antes de qualquer biografia; este é o exercício imaginativo fundamental para se ver a conformidade com o Todo que vem de Deus em cada circunstância particular, o que é essencial para se tomar um país como um lar em Cristo, por Cristo e para Cristo.

3.1) Eis algumas considerações que podem ser feitas com relação à diferença entre ser gênio e ser santo.

3.2) Definitivamente, ser santo é muito mais importante do que ser gênio - e é isso que Deus nos pede. Isso pode ser alcançado por uma pessoa comum, cuja capacidade para apreender as coisas deste mundo sejam bem limitadas. A maior prova disso é que houve muitos santos que eram incapazes de ler e de escrever.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 24 de setembro de 2019.

Por que não sou um gênio

1) Quando você vê que um determinado autor tem páginas e páginas de livros publicados no seu currículo, mais outros 10 no prelo e uns cinco ou seis ainda sendo escritos, você percebe realmente a distância que separa uma pessoa muito bem informada, acima da média nacional, e um gênio - e a distância é abissal.

2.1) Eu me enquadro na primeira categoria - sou bem informado, mas, perto de escritores como o Tenório D'Albuquerque, eu sou um servo inútil. Digo isso num bom sentido, pois Deus gosta dos pequenos e os eleva.

2.2) Quem escreve da forma como escreveram Ruy Barbosa ou Pontes de Miranda certamente é rico no amor de si até o desprezo de Deus. Não é à toa que Ruy, Pontes e Tenório eram todos maçons - o dom deles pavimentou o caminho para a liberdade voltada para o nada, o que desaguou no comunismo. Não é à toa que estão todos no caldeirão do diabo. Eles abusaram do talento, a ponto de enterrá-lo na vaidade.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 24 de setembro de 2019.

segunda-feira, 23 de setembro de 2019

Da importância de estudar a Teoria das Cortes Portuguesas, o verdadeiro direito constitucional que realmente importa


1) Na época em que cursei Direito Constitucional na UFF, quando fui aluno do professor José Ribas Vieira, eu vi os pensamentos constitucionais americano, francês, alemão e italiano (principalmente a tentativa de conciliar capital e trabalho, que norteou o pensamento constitucional daquele país nos anos 40). Ele havia recomendado que soubéssemos o americano e o alemão de trás para diante.

2.1) Dos quatro pensamentos que estudei, nenhum deles serve.
2.2) Durante muito tempo levei a sério uma afirmação do José Afonso da Silva a respeito de que o direito constitucional está pautado numa conexão de sentido - o que implica descobrir a pátria verdadeira, tal como Kujawski apontou em seu livro A Pátria Descoberta. E isso só consegui encontrar quando comecei a estudar História de Portugal em toda a sua gênese, que se dá a partir da Batalha de Ourique.

3.1) Eu digo ao meus ouvintes: estudem a História de Portugal e a Teoria das Cortes Portuguesas. Ali está o autêntico pensamento constitucional que norteia nossa razão de ser.

3.2) Se houver um pensamento originalista, tal como há na América, ele deve estar todo respaldado no milagre de Ourique, assim como em todas as resoluções tomadas pelas Cortes ao longo da História de Portugal, Brasil e Algarves. Qualquer pensamento originalista pensado fora dessa razão de ser será vão, infrutífero.

4.1) Temos uma constituição histórica, moldada para servir a Cristo em terras distantes. Não precisamos de cartas liberais rígidas, retalhadas a cada emenda e reescritas uma vez a cada 25 anos, conforme o sabor das forças que conservam o que é conveniente e dissociado da verdade.

4.2) Se vocês estudarem a sério a História de Portugal, vocês se libertarão dessa prisão fundada na mentirosa alegação de que o Brasil foi colônia de Portugal.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 23 de setembro de 2019.