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segunda-feira, 5 de dezembro de 2016

Comentários a respeito do que o professor Olavo disse, quanto às conseqüências de uma possível eleição de Donald Trump à presidência dos EUA (hoje fato concreto)

Há um ano atrás, o professor Olavo de Carvalho falou isto:

"Se O Donald Trump for eleito, ele e o Putin têm todas as condições para restaurar a bipolaridade que assegurou a paz desde 1945, É o melhor que pode acontecer no mundo". (Facebook, 05/12/2015)

Este argumento, o do mundo bipolar, foi contestado pelo colega Thomas Dreschh.

1) Ele disse que a bipolaridade não assegurou a paz. Na verdade, isso criou uma verdadeira paz armada, cujo equilíbrio foi precariamente garantido por dois agentes de ideologias antagônicas, como os EUA e a União Soviética. Nesse cenário, o mundo estava em risco de uma guerra quente - e houve momentos em que essa guerra foi realmente quente, como na Guerra da Coréia e na Guerra do Vietnã.

2) O que assegura o equilíbrio das forças é o mundo multipolar, aquele mesmo sistema de equilíbrio que foi criado por força da Guerra dos 30 anos, por força da Paz de Westphalen. Esse equilíbrio foi dinamitado na Primeira Guerra Mundial, principalmente com a queda das monarquias em repúblicas. A maior prova de que o mundo multipolar está mesmo renascendo é que as repúblicas estão caindo em descrédito e, aos poucos, as monarquias estão voltando. A Romênia e Bulgária estão à beira de restaurar suas monarquias. A Rússia está considerando seriamente restaurar o regime dos czares. Portugal e Brasil estão com seus movimentos monárquicos em franco crescimento.

3.1) No caso da Alemanha, o país está se libertando da dependência do petróleo - e esse processo se completará a partir de 2035, quando se passarão 60 anos da Revolução Verde, que surgiu na Alemanha nos anos 70, completando o ciclo de Kondratiov, que é o espaço de duas gerações. Some-se a isso o fato de que a Alemanha tem um superávit comercial de 250 bilhões de Euros, sobretudo por conta dos fortes investimentos que este país vem fazendo no estrangeiro, sobretudo na China. Contudo, segundo meu colega, este investimento na China não é a causa que leva ao descompasso da Rússia, com relação ao esquema russo-chinês. O que faz com que a Rússia perca influência se deve à sua própria incompetência e a seu gasto militar exagerado. Além disso, o país tem ficado cada vez mais dependente da exportação de hidrocarbonetos, se comparado à economia alemã, que é diversificada e complexa. Talvez a Rússia queira compensar esse descompasso provocando uma guerra, mas perderá esta guerra para as forças da OTAN, principalmente para o poderio do parque industrial alemão, que é invejável, se comparado ao Russo, que está sucateado e desatualizado, por conta dos muitos anos de comunismo. Além disso, a Alemanha não está interessada numa guerra - até porque um país forte não procura guerra, como diz o colega Allan dos Santos, mas se defende de uma, tal como o Brasil, em relação à Guerra do Paraguai, da qual saiu vencedor. A nação germânica está mais interessada em construir sua influência geopolítica por meio do softpower, coisa que se faz através da discrição, sem muito alarde jornalístico. E a marca desse softpower é mesmo a União Européia, que, apesar dos pesares, trouxe estabilidade política a um continente historicamente instável, por conta de tanta guerra.

3.2) Outro fator que favorece o aumento da influência alemã no cenário geopolítico europeu e mundial é que a dívida soberana do país está a 60% do PIB e caindo. A economia anda tão segura que os juros estão negativos, o que fomenta ainda mais investimento em atividade produtiva, já que a atividade especulativa, fundada na poupança, está dando prejuízo.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 5 de dezembro de 2016.

Comentários adicionais (contraponto) 1:

1) A bipolaridade da Guerra Fria foi totalmente artificial. Depois que a SGM terminou, a economia soviética tava tão mal que os EUA poderiam destruir a URSS mediante a simples recusa de ajuda econômica, o que geraria uma rebelião social incontrolável. Além disso, a URSS proibia os partidos de direita, enquanto os EUA permitiam a existência de partidos de esquerda, portanto a guerra fria foi assimétrica, pois o lado soviético não permitia a atuação da direita enquanto o lado americano permitia a atuação da esquerda, sendo minado por seus inimigos internos.

2) A Europa só foi multipolar durante a Idade Média, e ainda assim com uma certa hegemonia da França, que acabou sendo contestada pela Inglaterra no final do período medieval. Com as navegações, a Espanha virou a potência hegemônica, posição que foi suplantada pela França depois da Guerra dos Trinta Anos. Com o passar das décadas, a hegemonia francesa foi cada vez mais contestada pela Inglaterra até resultar nas Guerras Napoleônicas. Depois do Congresso de Viena, passou a vigorar uma bipolaridade entre Inglaterra e França, a ponto de ambas dividirem a África em partes iguais, apesar de haver uma certa superioridade econômica da Inglaterra. Foi essa bipolaridade entre Inglaterra e França que manteve a paz na Europa no século XIX, até que a Alemanha decidiu contestar essa bipolaridade e estourou a Primeira Guerra Mundial.

3) Mas a União Européia também restringe a soberania da Alemanha assim como também restringia a soberania da Inglaterra. A função da Alemanha é ser o império transitório que deverá dar a luz ao império definitivo da União Européia, e depois dissolver-se nele, desaparecendo como entidade identificável. Portanto, não faz sentido enxergar a União Européia como extensão do poder alemão.

(Robert Luís)

Comentários adicionais (contraponto 2):

Acredito que o comentário do professor Olavo foi mal entendido. Ele não disse que a bipolaridade era o melhor dos mundos, mas que para a situação atual era o melhor cenário que poderíamos ter diante de um possível conflito armado entre Russia e Otan. Há fortes evidências que Obama queria provocar uma guerra entre as duas potências para atender os globalistas Islâmicos ou até os globalistas ocidentais. (Jerry Anderson)

Notas sobre cultura e nacionidade

1) Cultura é a manifestação do espírito, própria de quem toma um lugar como se fosse seu lar, tendo por Cristo fundamento. Ela converte a necessidade de falar coisas sensatas e que vão ao coração - que são universais - em liberdade, coisa que decorre daquilo que é o caminho, a verdade e a vida, que é Cristo.

2) Quanto mais uma circunstância local tem necessidade de expressar coisas que são autênticas - que falam ao coração, posto que decorrem da conformidade com o Todo que vem de Deus - mais autêntica é esta cultura. O que é a identidade cultural senão uma tradição de registros e impressões autênticas ao longo do tempo, das gerações?

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 05 de dezembro de 2016.

Miséria espiritual e cultural é pior do que miséria econômica

1) Historicamente, as pessoas fogem da miséria econômica. É normal este tipo de fluxo de fuga de países totalitários para países livres.

2) Até agora, eu não conheço uma só pessoa que tenha trocado um país culturalmente vazio, ainda que rico (como o Brasil), por um país economicamente mais pobre mas que é espiritualmente rico, como a Polônia ou a Hungria. 

3) Não existe pobreza maior do que a pobreza de espírito. Com tanta gente tomando o país como se fosse religião, em que tudo está no Estado e nada pode estar contra ele ou fora dele, tomar o Brasil como se fosse um lar em Cristo fica difícil, pois você fica imerso em algo tão vazio que isso vai te matar afogado, tamanha a pressão que esse vazio te exerce, de modo a aderir ao espírito de manada, próprio dos apátridas. Se a pessoa não tiver uma sólida formação fundada na conformidade com o Todo que vem de Deus, a tendência natural é o suicídio, pois nada tem sentido por aqui - num país morto, as pessoas tendem a morrer mais facilmente, pois não há modelos disponíveis de virtude disponíveis - modelos manifestos de virtude, quero dizer.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 05 de dezembro de 2016.

domingo, 4 de dezembro de 2016

Por que bloquear uma pessoa como eu é um sinal de covardia intelectual?

1) Quando falo o que falo, eu falo com base em estudos, em coisas que observei ao longo de uma vida, seja em observação direta, seja em observação indireta, por meio de livros ou testemunhos de contatos meus de facebook. Se falo o que penso, com base naquilo que venho estudando e observando, então escrever sobre isso é mostrar a presença de Deus, que me guia em minha vida e em meus estudos. Se uma das delícias é ter personalidade, então eu a tenho porque digo sim a Deus, de modo a fazer o que deve ser feito: falar a verdade e semear boa consciência através de observações honestas e sensatas.

2.1) Se você discorda do que venho observando, então por que você não vem aqui e me aponta as razões da sua discordância? Para se ter boas razões para discordar de mim, você precisaria estudar o que escrevi, pois discordar de antemão, sem estudar o que estudei, é falta de caridade com a verdade, pois você está conservando o que é conveniente e dissociado da verdade. 

2.2) Como isso é estar à esquerda do Pai em seu grau mais básico, você está agindo que nem os revolucionários: me bloqueando, já que você odeia a verdade. 

2.3) Por conta dessa sua postura covarde, você não passa de um esquerdista, ainda que seja diga nominalmente de direita. Em termos de facebook, você é um poser, um farsante, um fingido. Desde que aprendi pela experiência entre ser conservador e ser conservantista, nunca mais me deixei ser ludibriado por vocês. 

2.4) Nada calará a verdade - vocês prestarão contas junto ao pai, por conta dessa covardia intelectual, própria de agir em conservantismo. Isso é obstinação no pecado - como é pecado contra o Espírito Santo, Deus não perdoará essa infame covardia, pois esse espectro de país foi todo construído assim, desde que se separou de Portugal.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 04 de dezembro de 2016.

sábado, 3 de dezembro de 2016

Notas introdutórias à idéia de internacionidade (ou nacionidade compartilhada e distribuída sistematicamente, ao se tomar dois ou mais países como se fossem um mesmo lar em Cristo, ao longo de uma vida)

1) Se quisermos pensar em tomar o nosso país como se fosse um lar, então é preciso conhecer outros países, outras culturas. Não basta só o passeio - você precisa viver nesses países um tempo, de modo a ter experiências que só a vivência pode proporcionar. 

2) Essas vivências fundadas no fato de tomar dois ou mais países como se fossem um mesmo lar precisam ser compartilhadas com todos aqueles que amam e rejeitam as mesmas coisas tendo por Cristo fundamento. 

3) Esse nacionismo compartilhado e distribuído sistematicamente se chama internacionidade - e o eu-internacional não é um apátrida, mas um eu-nacional aprimorado por viver em vários lugares diferentes ou por ter ancestrais das mais variadas origens por conta deste tipo de vivência. 

4) Embora as circunstâncias sejam diferentes, o que faz com que a interação cultural varie por conta do clima e dos fatos da vida humana, uma só é a verdade: devemos tomar nosso país como se fosse um lar em Cristo - e se temos esta herança por força de sermos cidadãos do mundo, por sermos evangelizadores, então devemos dar graças a Deus por isso.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 3 de dezembro de 2016.

O internacionalismo é um paganismo disfarçado

1) O panteão é o lugar onde todos os deuses se reúnem. É como um grande mercado, onde todos pregam a sua verdade e não dialogam com todos os outros deuses. No final, eles se revelam falsos e tudo o que pensamos, por viver a vida em conformidade com o todo que vem desses deuses, é voltado para o nada.

2.1) Em tempos de Estado tomado como se fosse religião, em que o eu-nacional vive a vida em conformidade com o Todo que vem da sabedoria humana dissociada da divina, os Estados pregam sua verdade, seus interesses nacionais voltados para o nada. 

2.2) Como sem o Deus verdadeiro nada subsiste, então esse panteão dos tempos modernos, que é a Organização das Nações Unidas, nos levará a termos um entendimento distorcido das coisas, a ponto de nos levar ao abismo. 

2.3) Eis o perigo de se pensar as coisas a partir desses falsos deuses, de cima para baixo, sem subsidiariedade: a tal metanacionalidade, própria do humanismo, não passa de apatria sistemática, dado que todas as identidades estarão dissolvidas na cultura global, fundada no consumismo e no relativismo moral, cultural, ético, religioso.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 3 de dezembro de 2016.

sexta-feira, 2 de dezembro de 2016

Como a doutrina da nacionalidade por jus solli foi forjada? O caso brasileiro

1) Quando se introduziu a falsa tradição de que o Brasil foi Colônia de Portugal, o que levou o Brasil à secessão com sua pátria-mãe, automaticamente o nosso sangue deixou de ser consagrado, por força daquilo que foi fundado em Ourique. Para contornar uma tradição natural que foi rompida, estabeleceu-se uma nova no lugar: os nascidos nesta terra são os cidadãos do Brasil, ainda que de pais estrangeiros.

2) Para você fomentar o senso de tomar este país como se fosse um lar nesta circunstância, divorciada daquilo que foi edificado em Ourique, o Estado deve investir em educação e saúde, pois desde Locke os intelectuais pensavam que o homem era uma folha de papel - e sobre ela qualquer utopia podia ser realizada. E na escola pública, as escolas passarão a toda a população tudo o que for de conveniência de Estado, pois a liberdade era algo concedido por força de lei, segundo Montesquieu, que muito influi no pensamento jurídico nacional - afinal, tudo está no Estado e nada pode estar fora dele ou contra ele, pois ele deve ser tomado como se fosse uma segunda religião (Pasquale Mancini, o teórico da teoria da nacionalidade, pensava assim, assim como o nosso Imperador: D. Pedro II). E neste ponto, a monarquia foi de fato uma transição para a República, tal como o professor Loryel Rocha bem apontou, o que confirma muitas coisas que o colega Genário Silva bem disse.

3.1) Neste ponto, o Estado passou a competir com a Igreja, a ponto de eliminar a fé verdadeira - eis o fundamento do Welfare State, Estado do Bem-Estar social. Nesse tipo de ordem, a nacionidade está vinculada à nacionalidade a ponto de ser quase um sinônimo, pois tudo está no Estado e nada pode estar fora ele ou contra ele, pois o Estado é um Deus, uma vez que o hedonismo, fundado na política do pão e circo, se tornou uma política de Estado. 

3.2) Em seu livro O Príncipe, Maquiavel dizia que o príncipe deve buscar meios de fazer com que os súditos dependam de sua autoridade. Quando chegarem ao nível dessa dependência, a autoridade do príncipe será respaldada no clientelismo político, na lealdade decorrente dessa dependência, tal como vemos no Bolsa Família. E isto é um caso onde a legitimidade está manipulada de tal maneira a solidificar a autoridade do governante que toma o país como se fosse religião - e revoltar-se contra ele seria sacrilégio. Não é à toa que Gramsci usou Maquiavel em seus escritos.

4.1) Se Mancini foi condenado pela Igreja Católica, a doutrina de Gramsci e de Maquiavel também foi condenada. 

4.2) Maquiavel foi precursor do pensamento de Mancini, pois a doutrina de nacionalidade foi usada como uma doutrina de Estado de modo a forjar a Itália reunificada.

4.3) Maquiavel também foi precursor de Gramsci. E sobre este fato muito já foi dito e não preciso acrescentar mais nada.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 2 de dezembro de 2016.

Comentários adicionais:

1) Antonio Gramsci endossa palavra por palavra as lições de Maquiavel sobre a conquista e manutenção do poder. Só acrescenta que o "Príncipe" não pode ser um indivíduo, tem de ser um partido inteiro. Não há nada de estranho, portanto, em que esse partido conquiste e mantenha o poder por meio do engodo, da fraude, do roubo, da traição e da chantagem. Apenas seguiu o manual à risca. E os partidos menores de esquerda que hoje buscam se alimentar do cadáver do PT vão fazer exatamente a mesma coisa que ele fez, até mesmo a pretexto de "corrigir os erros" do seu antecessor.

2) Confiar em esquerdista é deixar o próprio cu exposto em praça pública.

Olavo de Carvalho (Facebook, 05/12/2016)