Pesquisar este blog

sexta-feira, 2 de dezembro de 2016

Como a doutrina da nacionalidade por jus solli foi forjada? O caso brasileiro

1) Quando se introduziu a falsa tradição de que o Brasil foi Colônia de Portugal, o que levou o Brasil à secessão com sua pátria-mãe, automaticamente o nosso sangue deixou de ser consagrado, por força daquilo que foi fundado em Ourique. Para contornar uma tradição natural que foi rompida, estabeleceu-se uma nova no lugar: os nascidos nesta terra são os cidadãos do Brasil, ainda que de pais estrangeiros.

2) Para você fomentar o senso de tomar este país como se fosse um lar nesta circunstância, divorciada daquilo que foi edificado em Ourique, o Estado deve investir em educação e saúde, pois desde Locke os intelectuais pensavam que o homem era uma folha de papel - e sobre ela qualquer utopia podia ser realizada. E na escola pública, as escolas passarão a toda a população tudo o que for de conveniência de Estado, pois a liberdade era algo concedido por força de lei, segundo Montesquieu, que muito influi no pensamento jurídico nacional - afinal, tudo está no Estado e nada pode estar fora dele ou contra ele, pois ele deve ser tomado como se fosse uma segunda religião (Pasquale Mancini, o teórico da teoria da nacionalidade, pensava assim, assim como o nosso Imperador: D. Pedro II). E neste ponto, a monarquia foi de fato uma transição para a República, tal como o professor Loryel Rocha bem apontou, o que confirma muitas coisas que o colega Genário Silva bem disse.

3.1) Neste ponto, o Estado passou a competir com a Igreja, a ponto de eliminar a fé verdadeira - eis o fundamento do Welfare State, Estado do Bem-Estar social. Nesse tipo de ordem, a nacionidade está vinculada à nacionalidade a ponto de ser quase um sinônimo, pois tudo está no Estado e nada pode estar fora ele ou contra ele, pois o Estado é um Deus, uma vez que o hedonismo, fundado na política do pão e circo, se tornou uma política de Estado. 

3.2) Em seu livro O Príncipe, Maquiavel dizia que o príncipe deve buscar meios de fazer com que os súditos dependam de sua autoridade. Quando chegarem ao nível dessa dependência, a autoridade do príncipe será respaldada no clientelismo político, na lealdade decorrente dessa dependência, tal como vemos no Bolsa Família. E isto é um caso onde a legitimidade está manipulada de tal maneira a solidificar a autoridade do governante que toma o país como se fosse religião - e revoltar-se contra ele seria sacrilégio. Não é à toa que Gramsci usou Maquiavel em seus escritos.

4.1) Se Mancini foi condenado pela Igreja Católica, a doutrina de Gramsci e de Maquiavel também foi condenada. 

4.2) Maquiavel foi precursor do pensamento de Mancini, pois a doutrina de nacionalidade foi usada como uma doutrina de Estado de modo a forjar a Itália reunificada.

4.3) Maquiavel também foi precursor de Gramsci. E sobre este fato muito já foi dito e não preciso acrescentar mais nada.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 2 de dezembro de 2016.

Comentários adicionais:

1) Antonio Gramsci endossa palavra por palavra as lições de Maquiavel sobre a conquista e manutenção do poder. Só acrescenta que o "Príncipe" não pode ser um indivíduo, tem de ser um partido inteiro. Não há nada de estranho, portanto, em que esse partido conquiste e mantenha o poder por meio do engodo, da fraude, do roubo, da traição e da chantagem. Apenas seguiu o manual à risca. E os partidos menores de esquerda que hoje buscam se alimentar do cadáver do PT vão fazer exatamente a mesma coisa que ele fez, até mesmo a pretexto de "corrigir os erros" do seu antecessor.

2) Confiar em esquerdista é deixar o próprio cu exposto em praça pública.

Olavo de Carvalho (Facebook, 05/12/2016)

Nenhum comentário:

Postar um comentário