1.1) Patrão é aquele que patrocina uma atividade econômica organizada. Ele não precisa ser necessariamente o dono da empresa - basta que ele compre um produto feito das mãos habilidosas de um artesão ou de um escritor que ele já está patrocinando a atividade.
1.2) Dentro deste conceito, meu patrão são os meus leitores, pois patrocinam a minha atividade de escritor, coisa que faço sozinho, já que não tenho colaboradores trabalhando comigo, no momento. E procuro fazer meu trabalho da melhor forma possível, de modo a edificar mais e mais consciências pelo bem do Brasil.
2.1) Se eu, que sirvo ao público de maneira organizada, vier a ter colaboradores comigo, eu não serei chefe deles, pois nunca tratei ninguém como um inferior. O que faço é orientá-los de modo a que façam aquilo que precisa ser feito de modo a que eu possa fazer bem meu trabalho.
2.2) Dentro dessa lógica, meus colaboradores são meus assistentes. Se eles quiserem ter inciativas independentes, eles podem montar seu próprio escritório e recrutar seus próprios assistentes - não incomodo que usem as dependências de meu escritório de modo a tocarem seus projetos, se acharem conveniente.
2.3) Como meus assistentes, posso dar a eles a chance de começarem trabalhando comigo e aprendendo a fazer as coisas da forma como faço. Se eles forem capazes de exercer uma atividade própria, como um desdobramento da minha, isso acaba criando um departamento novo. E no final, esses meus assistentes se tornam meus sócios - e se tiverem gratidão, por conta de acolhê-los na infância profissional, eles fazem de mim uma espécie de líder da empresa ou uma espécie de rei dentro da atividade organizada, pois tomo meus colaboradores como parte da minha família. E o escritório que comando se torna um centro de pesquisas, um think-tank, uma escola onde há vários pesquisadores trabalhando juntos com uma visão de mundo parecida, tendo por mim um pai espiritual em comum, posto que formei a todos eles, por via do estágio nos meus empreendimentos intelectuais, enquanto assistentes.
3) Pelo menos, do ponto de vista comunitarista é assim que nasce uma universidade: ela nasce a partir da guilda dos escritores, pois os escritores são os professores de uma nação inteira, que deve ser tomada como se fosse um lar, tendo por Cristo fundamento. E uma universidade forma professores, que vão atuar nas escolas. Penso que é por essa via que haverá o renascimento da universidade - é a partir do trabalho independente de um pensador organizado que nasce toda uma organização, do mesmo modo que uma nação inteira nasce a partir de um só indivíduo virtuoso.
José Octavio Dettmann
Rio de Janeiro, 10 de dezembro de 2016.
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