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domingo, 25 de dezembro de 2016

Notas sobre o neocolonialismo

1) Quando uma civilização se lança aos mares em busca de si mesma, ela acaba fundando colônias de modo a promover a glória de si mesma, na pretensa esperança de salvar outros povos do atraso, ao impor seu modelo civilizado a outros povos. Não é à toa que países que agem assim no ultramar tendem a ser péssimos colonizadores. Um exemplo disso é a França. A Holanda, que pretendia fundar um império comercial, é outro mau exemplo, assim como a Inglaterra vitoriana, que adotou um modelo inspirado no holandês, de modo a criar mercados para as suas indústrias, criando um novo tipo de mercantilismo.

2) O neocolonialismo, feito no século XIX e XX, é uma marca dessa vaidade. As colônias se tornam exportadoras de matérias-primas e acabam sendo mercados exclusivos de modo a consumir os produtos industrializados da metrópole. Trata-se de um dos fundamentos da economia protecionista.

3) O fundamento desse protecionismo está em Maquiavel - o príncipe deve criar meios de modo a que seus súditos dependam de sua autoridade. Essa dependência acaba pervertendo a legitimidade: em vez de as pessoas apoiarem o príncipe por conta de suas virtudes inerentes, por ser um excelente vassalo de Cristo, tendem a apoiar o príncipe porque ele é um manipulador populista, um pai dos pobres atrasados - o que prepara o caminho para o que vemos nesta República populista, coisa que é fora da conformidade com o Todo que vem de Deus. E por conta dessas políticas clientelistas, o Estado é tomado como se fosse religião, a ponto de ficar fora da conformidade com o Todo que vem de Deus.

4) Maquiavel, em seu livro, também recomendava que o príncipe tivesse colônias no além-mar. Portanto, Maquiavel é o pai do neocolonialismo, coisa que só passou a ter um fundamento mais nefasto com a entrada da ética protestante, que levou a uma ordem econômica fundada no amor ao dinheiro, enquanto salvação espiritual: o capitalismo.

5) Comparado com Portugal e Espanha, ir ao mar em busca de si mesmo e promover a liberdade dos mares de modo a semear má consciência em todos os povos do mundo inteiro é edificar liberdade para o nada.

José Octavio Dettmann

Rio de Janeiro, 25 de dezembro de 2016.

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